As tartarugas são animais presentes em praticamente todo o mundo, possuindo inúmeras espécies, numa diversificação incrível. Uma dessas espécies é a kemp, uma das tartarugas marinhas de menores dimensões, e que falaremos mais dela no texto a seguir.
Nome Científico E Distribuição Geográfica Da Tartaruga Kemp
Também conhecida como tartaruga-marinha-de-ridley-do-atlântico, e tendo por nome científico Lepidochelys kempii, essa é uma das espécies mais raras de tartarugas marinhas que temos na natureza. E, não é à toa que ela se encontra em perigo iminente de extinção.
Trata-se de uma das duas espécies existentes do gênero Lepidochelys. A outra é a Lepidochelys olivacea, ou simplesmente tartaruga oliva. Inclusive, o nome “kemp” tem origem em Richard Moore Kemp, morador de Ket West, Flórida, que é quem, oficialmente, enviou o primeiro espécime desse animal para a Universidade de Harvard.
A kemp habita especialmente as águas do Oceano Atlântico, sendo mais encontrada no Golfo do México e na Flórida, que são os lugares pra onde migram para colocarem os seus ovos. Porém, mesmo preferindo climas mais quentes, esse animal já foi visto em águas mais frias, como na costa de New Jersey, por exemplo.
Por sinal, é uma das espécies onde a distribuição geográfica é a amais restrita possível, com aos adultos ficando no Golfo do México, enquanto que os mais jovens podem seguir também para as áreas costeiras tropicais e temperadas do Atlântico Norte Ocidental. De maneira bem ocasional, algumas jovens tartarugas kemp podem ser levadas pela correnteza até as águas da Terra Nova, no Canadá.
Características Físicas Do Animal
Ao contrário de outras tartarugas marinhas bem maiores, a kemp possui dimensões pequenas, ficando entre 58 e 70 cm na fase adulta, chegando a pesar, no máximo, 45 kg. Possui, obviamente, um corpo totalmente adaptado à vida marinha, tendo os membros posteriores parecidos com barbatanas de peixes.
Além disso, possuem um bico no lugar da boca que serve, essencialmente, para a caça subaquática. Por sinal, outra característica física dessa tartaruga é que a sua carapaça possui um formato oval, cuja coloração é verde acinzentada.
Com relação à alimentação, ela come essencialmente caranguejos que capturas nas águas mais profundas de onde vivem. Porém, ela também pode, ocasionalmente, comer moluscos, outros crustáceos, peixes, alforrecas, algas, ou mesmo ouriços do mar.
Como Se Dá a Reprodução Dessa Espécie De Tartaruga?
A época mais propícia de reprodução dessas tartarugas é entre abril e agosto, com o acasalamento não acontecendo na costa de seus habitats. Após umas 2 semanas mais ou menos é que ocorre a desova em si.
Como é de costume das tartarugas marinhas, as fêmeas que se encontram grávidas regrassam todo ano para uma única praia, a de Rancho Nuevo, localizada no estado mexicano de Tamaulipas. É ali que essa espécie coloca os seus ovos, e não à toa, é por causa disso que essa é uma das espécies de tartarugas com território mais retrito que se tem conhecimento.
Também é costume as fêmeas chegarem em grandes grupos de centenas ou até mesmo de milhares de indivíduos. Esses grupos são chamados de arribadas. Chegam sempre de noite, cavam buracos na areia das dunas, e finalmente colocam e enterram os seus ovos. A cada época, as fêmeas fazem de 2 a 3 ninhos, num intervalo de pelo menos 10 dias entre cada arribada.
A incubação pode chegar a 70 dias, sendo que o gênero dos filhotes é determinado pela temperatura ambiente. Temperaturas inferiores a 29,5°C, por exemplo, resultam geralmente em crias do sexo masculino. Os filhotes acabam nascendo com uma coloração escura, e tendo que sobreviver a uma difícil viagem rumo ao mar. No caminho, muitos são atacados por diversos predadores, como caranguejos, aves marinhas, e por aí vai.
As tartarugas mais juvenis costumam viver mais em camas formadas de algas durante os seus primeiros anos de vida. Quando atingem a maturidade, começam a se aventurar mais em mares abertos. Quanto mais os anos passam, mas essas tartarugas vão perdendo a sua coloração escura, adotando uma cor mais amarelada-esverdeada, ou mesmo um branco-esverdeado. Somente com 12 anos de idade, esses animais atingem a maturidade sexual.
Proteção À Tartaruga Kemp
Bom ressaltar ainda que a caça indiscriminada de seus ovos ocorrida no século passado levaram a tartaruga kemp à beira da extinção. Claro, outros fatores contribuíram pra isso, como, por exemplo, a perda de seus habitats naturais, a poluição (especialmente em decorrência de vazamentos de petróleo) me à caça predatória. Atualmente, porém, a espécie é protegida por lei, tanto nos EUA, quanto no México.
Interessante que por volta de 1947 um vídeo amador mostrava uma desova em massa dessa espécie em Rancho Nuevo, mostrando cerca de 40 mil espécimes dessas tartarugas no local em um único dia. No entanto, alguns anos depois, a espécie já constava na lista do Endangered Species Conservation Act. Em 1985, por exemplo, registros mostram apenas algumas poucas centenas de fêmeas desovando naquele mesmo local.
Foi devido ao declínio muito rápido dessa espécie de tartaruga que especialistas se reuniram ainda em 1985 em Galveston, no Texas, para traçar estratégias de como salvar esse animal da extinção. Este pode ser considerado o Primeiro Simpósio Internacional sobre a Biologia, Conservação e Manejo da tartaruga kemp, e com ele, muitas medidas começaram a ser tomadas para a preservação da espécie na época.
Os esforços deram resultado, e cerca de 10 anos depois, o número de ninhos em Rancho Nuevo aumentou cerca de 16%, atingindo em determinada estação um pico de 8 mil fêmeas desovando no local, algo que não se via há bastante tempo. O problema é que no ano de 2010 a plataforma de petróleo da BP Deepwater Horizon explodiu, o que fez com que fossem liberados praticamente 5 milhões de barris de óleo no Golfo do México.
Esse desastre afetou fatalmente várias espécies de tartarugas marinhas que habitam naquela região, ou que eventualmente aparecem lá para a desova, entre elas, as tartarugas kemp, o que fez com que o número de ninhos delas diminuísse 35% somente no ano do acidente. E, depois dele, cientistas têm tentado restaurar o equilíbrio populacional dessas tartarugas, no qual pequenos avanços foram feitos, mas ainda insuficientes perante a targédia ambiental ocorrida naquele ano.