Você já ouviu falar da tartaruga da Amazônia ?
Pois bem, a espécie não é uma tartaruga propriamente dita, e sim um cágado. Também pode ser conhecida pelos nomes de araú e jurará-açú. É encontrada em rios de água doce, mais especificamente o rio Amazonas e seus afluentes; bem como rios presentes nas Guianas, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador e Venezuela.
Infelizmente, a tartaruga da Amazônia é uma grande vítima da predação humana e da comercialização no mercado negro. Tanto a sua carne, quanto os seus ovos, são muito apreciados na culinária amazônica. Estes produtos também são utilizados na fabricação de remédios e cosméticos. Dessa forma, a intensa caça de ovos e fêmeas adultas quase resultou na extinção da espécie, entre os séculos XVIII e XIX. Todavia, atualmente há um número favorável de indivíduos, graças às unidades de conservação.
Neste artigo, você conhecerá um pouco mais sobre a espécie.
Então venha conosco e boa leitura.
Tartaruga da Amazônia: Classificação Taxonômica
A classificação científica para a tartaruga da Amazônia obedece à seguinte estruturação:
Reino: Animalia;
Filo: Chordata;
Classe: Reptilia;
Ordem: Testudinata;
Família: Podocnemididae;
Gênero: Podocnemis;
Espécie: Podocnemis expansa.
Ordem Testudinata
Nesta ordem, estão presentes todos os animais que possuem casco, dentre eles as várias espécies de tartarugas, cágados e jabutis. Ao todo, são 14 famílias e aproximadamente 356 espécies.
Família Podocnemididae / Gênero Podocnemis
Dentro da ordem Testudinata, há algumas famílias de cágados (dentre elas a Chelonidae e a Podocnemididae).
A família Podocnemididae psosui distribuição geográfica em Madagascar e na América do Sul. A maioria dos seus gêneros está extinta. Existem apenas três gêneros viventes na atualidade, dentre eles o Podocnemis.
No gênero Podocnemis, é possível encontrar 6 espécies de água doce e mais 3 espécies extintas. As espécies de água doce são a ‘tartaruga’ da Amazônia, o tracajá (nome científico Podocnemis unifilis), o Pitiú (nome científico Podocnemis sextuberculata), a ‘tartaruga’-plana (nome científico Podocnemis vogli), a Arapuça (nome científico Podocnemis lewyana), e a Irapuca (nome científico Podocnemis erythrocephala).
Tartaruga da Amazônia: Características, Nome Científico e Fotos
A tartaruga da Amazônia ( nome científico Podocnemis expansa) é considerada o maior quelônio da América do Sul. Pode atingir o comprimento de até 90 centímetros; bem como o peso de até 75 quilos.
A cabeça é pequena e achatada. Seu casco é de formato oval apresentando a coloração preto acinzentado no dorso; bem como amarelo com manchas escuras, na porção ventral.
Na face desses cágados, é possível notar certas linhas, as quais são um padrão específico para cada indivíduo (a exemplo das impressões digitais) e não se repetem. Estas linhas inclusive são utilizadas para identificação de indivíduos em pesquisas científicas.
Há certo dimorfismo sexual, uma vez que os machos são menores do que as fêmeas. Os machos também podem ser conhecidos pelo nome de “capitaris”.
Tartaruga da Amazônia: Hábitos, Comportamento e Alimentação
É comum que nos períodos de enchente, a espécie adentre as florestas inundadas para buscar alimento. Sendo que, durante a vazante, retornam às calhas dos rios- de modo, a procurar por praias arenosas nas quais poderão nidificar.
É um animal diurno e de dieta onívora. Dentro do seu cardápio, estão inclusos elementos vegetais, tais como raízes, frutos, sementes e folhas; e certos animais, como os crustáceos, moluscos e pequenos peixes.
Curiosamente, estes cágados são capazes de emitirem sons tanto dentro quanto fora d’água. Apesar de parecerem bem silenciosos, certo estudo identificou um total de 2122 sons. Este grande quantitativo de sons envolve desde sinais emitidos pelo filhote, quando ainda está dentro do ovo, até comunicação entre adultos. Há um padrão de som específico entre os adultos, por exemplo, que significa alerta para reunir os filhotes, e realizar uma migração em massa.
Tartaruga da Amazônia: Padrão Reprodutivo
A tartaruga da Amazônia se reproduz de Setembro a Dezembro. A desova ocorre apenas uma vez ao ano (curiosamente, com maior frequência à noite).
Durante a desova, as fêmeas ficam bastante vulneráveis ao ataque de predadores, dessa forma, o horário noturno é justificável.
Cada desova conta com uma média de 100 ovos (sendo que esse quantitativo depende do tamanho da fêmea), depositados em um buraco na areia com aproximadamente 50 centímetros.
Os filhotes de tartaruga da Amazônia nascem de 45 a 60 dias após a desova. Assim como ocorre com outras espécies, a temperatura do ninho determina o sexo desses filhotes. As fêmeas nascem nas temperaturas mais altas, enquanto que os machos nascem nas temperaturas mais baixas.
Os filhotes recém-nascidos possuem apenas 5 centímetros de comprimento.. Após o nascimento, partem em disparada em direção à água. No entanto, muitos desses filhotes são atacados por aves durante esse processo. Dessa forma, apenas 5% dos filhotes chegam à fase adulta, uma vez que os obstáculo não restringem-se apenas ao trajeto em direção à água, mas também aos predadores presentes nos rios (tais como jacarés, peixes grandes e piranhas).
Aqueles poucos filhotes que atingem a fase adulta não são tão vulneráveis à ação de predadores, visto que já apresentam um casco resistente o suficiente para protegê-los.
Conhecendo Outras Espécies do Gênero Podocnemis: O Tracajá
O cágado tracajá (nome científico Podocnemis unifilis) possui tanto a pele, quanto a carapaça em cor negra. No entanto, também é possível notar manchas de cor amarela na cabeça. É uma espécie bastante frequente nas bacias hidrográficas da Amazônia brasileira, bem como de países latinos (tais como o Peru, Colômbia, Bolívia, Equador e Guianas).
Esta espécie se reproduz anualmente. Cada desova conta com um quantitativo de 15 a 30 ovos.
Um tracajá adulto pode pesar até 8 quilos, e medir até 45 centímetros.
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Depois de conhecer um pouco mais sobre a tartaruga da Amazônia, suas características e grupamento taxonômico; que tal continuar por aqui conosco para visitar também outros artigos do site.
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Até as próximas leituras.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, R. O Eco. A verdade sobre a tartaruga-da-Amazônia. Disponível em: < https://www.oeco.org.br/blogs/fauna-e-flora/28027-a-verdade-sobre-a-tartaruga-da-amazonia/>;
Tartarugas AVPH. Tracajá. Disponível em: < http://www.tartarugas.avph.com.br/tracaja.php>;
Wikipédia. Podocnemis unifilis. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Podocnemis_unifilis>;
Wikipédia. Tartaruga-da-Amazônia. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Tartaruga-da-amaz%C3%B4nia>;