Mesmo que a gente, às vezes, ache que todo siri ou caranguejo são iguais, há uma boa variedade de espécies desses crustáceos por aí, espalhados em boa parte do mundo, especialmente, nas Américas. Dentre tantos tipos que podemos citar, tem o chamado siri chita, tema do texto que segue, onde vamos abordar as suas características principais, bem como esmiuçar alguns de seus comportamentos.
Características Principais do Siri Chita
Atualmente, são conhecidos pouco mais de 5 mil espécies de caranguejos e siris, dentre as quais está o siri chita, de nome científico Arenaeus cribrarius. Esse crustáceo é muito bem adaptado para viver nas areias das praias, e, justamente por isso, ele não é muito encontrado em estuários. São siris que vivem ao longo de praias arenosas, em águas rasas, com até uns 70 cm de profundidade.
Fisicamente, possui algumas pequenas manchas brancas, formando uma espécie de retículo em sua carapaça. Esta, por sua vez, varia bastante de coloração, indo do castanho avermelhado claro ao castanho oliva. Já as garras são curtas e estreitas. Possuem também 4 pares de patas curtas e largas, com pontas amarelas. O quinto par de patas é achatado, em forma de remo. São siris que podem pesar até 45 g.
Já em termos de habitat natural, essa espécie é encontrada na costa do Atlântico Ocidental, mais precisamente entre Massachusetts e Carolina do Norte, passando pela Flórida, Golfo do México, Antilhas, Colômbia, Venezuela, Brasil (entre os estado do Ceará e Rio Grande do Sul) e Uruguai.
Desenvolvimento e Reprodução do Siri Chita
Os siris chitas possuem, no total, 4 etapas de desenvolvimento ao longo da vida. Na primeira das etapas, o crustáceo consiste, basicamente, de uma cabeça e uma espinha dorsal, mais um longo abdômen. Já na segunda etapa, esses siris se assemelham mais a uma pequena lagosta. É durante esse estágio que a cabeça se alonga de maneira bem leve, e a espinha dorsal encurta. O abdômen continua longo, mas agora com a formação de pequenas patas.
Após mais um menos uns 13 dias, ocorre o terceiro estágio, quando se tornam siris jovens, onde a carapaça fica mais proeminente, tendo duas espinhas laterais, que se projetam das bordas externas. É quando nasce o quinto par de patas. Sobrevivendo, os siris jovens se tornarão adultos depois de algum tempo.
Em termos reprodutivos, quando esses animais estão no período de acasalamento, o macho se exibe para atrair as fêmeas. Essa exibição se intensifica a partir do momento em que um macho é visto pela fêmea. Com os parceiros escolhidos, o macho agarra a fêmea com suas garras por um período entre 25 e 35 dias, até que ela faça sua muda na carapaça. Quando isso acontece, ocorre o acasalamento. Mesmo após a cópula, o macho ainda a carrega por cerca de 30 dias até que a sua carapaça endureça novamente. Lembrando ainda que ambos os sexos são polígamos, ou seja, possuem vários parceiros ao longo da vida.
Logo após a cópula acontecer, as fêmeas nadam com os ovos fertilizados, carregando-os embaixo de seu abdômen, e segurando-os com o quinto par de patas modificados dessa espécie. Elas protegem os ovos, fazendo com que fiquem devidamente oxigenados. Depois que eles eclodem, e as larvas saem, elas ficam por conta própria, pois não há mais cuidado dos pais após essa etapa.
A reprodução dos siris chita se dá, geralmente, no verão ou no inverno, principalmente em períodos onde a oscilação de temperatura das águas é bem reduzida. As fêmeas colocam em torno de 135 mil a 682 mil ovos. A maturidade sexual desses animais de dá com cerca de 80 dias de idade, quando a sua carapaça atinge determinado tamanho, que pode variar entre 60 e 64 mm de largura.
Já em termos de longevidade, ainda não há informações suficientes que deem conta de quanto tempo vive, em média, um siri chita.
Comportamento do Siri Chita
Esse tipo de crustáceo é noturno e solitário, e somente se junta a outros membros de sua espécie no momento da reprodução. Caso se sintam ameaçados, eles tendem a ficar numa espécie de “posição de ataque”, com suas garras apontadas para o ar. Inclusive, eles constantemente migram entre águas mais rasas e mais profundas à medida que se alimentam ou simplesmente fogem de predadores.
Falando em alimentação, assim como acontece com outros crustáceos, eles se alimentam de detritos no fundo das águas, mas, eventualmente, podem comer peixes, moluscos e até mesmo outros crustáceos. Na verdade, essa espécie de siri é bastante “oportunista”, e quando precisa se alimentar, não mede esforços, tanto é que já foram registradas imagens dele perseguindo filhotes de tartarugas marinhas. Para abocanhar as suas vítimas, ele se enterra na areia, e quando algum animal desprevenido passa perto deles, ocorre o ataque.
Em termos de comunicação, esses crustáceos “falam” entre si através de diversas pistas, sejam elas visuais, químicas ou até mesmo táteis. Além de servirem como forma de comunicação, esses sentidos têm outra função: perceber o ambiente ao seu redor, especialmente, quando se trata de caçar e se defender de predadores.
Predadores Naturais e Importância no Ecossistema
Atualmente, além dos seres humanos, só se conhecem dois predadores naturais dos siris chitas, que são duas espécies de tartarugas marinhas. A camuflagem de sua carapaça ajuda o crustáceo a se esconder de possíveis perigos. Outra ferramenta bem útil contra os predadores são dois espinhos bem grandes e afiados, que ficam nas laterais de sua carapaça. Isso sem contar que a borda desta é bem serrilhada, o que acaba servindo como arma.
Os siris chitas já adultos têm, portanto, mais condições de se defenderem de predadores do que aqueles mais jovens, que ainda não estão com os seus mecanismos de defesa totalmente formados, além, é claro, do padrão de camuflagem de seu corpo.
Em termos ambientais, o siri chita serve como uma espécie de necrófago, reciclando os nutrientes dos organismos mortos, o que acaba “voltando” para a cadeia alimentar. Também serve como um mesopredador, mantendo a biodiversidade de invertebrados dentro de uma determinada região. Isso sem contar que servem de presas a predadores maiores em vários estágios de desenvolvimento. E, apesar de serem amplamente coletados no Brasil como forma de alimento, não se encontram ameaçados de extinção.