Serpente Marinha Brasil
Foi veiculado há não muito tempo atrás o susto que sofreram banhistas em uma praia de Vilha Velha no Espírito Santo quando foram surpreendidos por uma grande cobra surfando na arrebentação das ondas. Claro que ninguém ficou dentro d’água enquanto aquela visita assustadora não saísse de lá. Já pensou na sua reação ao se deparar com uma cobra no mar? Será possível mesmo encontrarmos cobras nos mares do Brasil?
Conhecendo as Cobras Marinhas
Cobras ou serpentes dos mar vem de uma família chamada hydrophiidae e realmente passam a maior parte de suas vidas no mar. Praticamente todas dessa espécie não se locomovem em terra, com raríssimas exceções. Suas caudas se parecem com os remos de barco e seu corpo é meio estreito igual os de enguia. Mas não são peixes. Não respiram no fundo do mar. Semelhante as baleias, essas cobras são vertebrados aquáticos mas que precisam vir a superfície para respirar.
Atualmente estão catalogados mais de 60 espécies de mais de 15 gêneros diferentes e estão entre as cobras mais venenosas do mundo, ou melhor, com os venenos mais poderosos e mortais de todas as espécies de cobras. Não são muito grandes. A média de tamanho fica em torno de um metro e meio de comprimento mas há cobras da espécie que podem chegar a três metros.
Obviamente, as cobras marinhas precisaram de alterações evolutivas em sua formação para que pudessem se adaptar a sobrevivência no mar. Por isso, pesquisadores notaram que existem diversas diferenças em sua constituição em relação as espécies terrestres. Na língua, nos olhos, na composição das escamas, no nariz, na cauda, etc. Ainda não há muitos estudos concretos e cabais sobre porque ou como a cobra marítima sobrevive e caça no mar, mas já é evidente que o comportamento deste predador é completamente diferente ao predador terrestres, com importantes adaptações a vida aquática.
Observações Sobre Habitat e Comportamento
Como já mencionado no início do artigo, as cobras marinhas vivem confinadas as regiões costeiras dos oceanos índico e do oceano pacífico ocidental, com algumas encontradas também na Oceania. Podem ser vistas por toda a costa leste da África, de Somália até Durban, passando por Moçambique e Madagascar. Atravessando o Oceano Índico, serão encontradas em regiões do Camboja, Filipinas, Malásia, Papua Nova Guiné. Nova Zelândia e Austrália. E atravessando o Oceano Pacífico podem ser vistas também no Peru, Equador, El Salvador, Ilhas Galápagos até o Golfo da Califórnia.

Serpente Marinha A Beira de Uma Praia
As serpentes marinhas não coexistem no Oceano Atlântico, portanto não serão encontradas em nenhuma área costeira do Brasil. Isso é assim possivelmente devido as correntes frias nesse oceano que a impedem de cruzar. Acredita-se também que a falta de salinidade no canal do Panamá seja um empecilho para a cobra atravessar. Apesar das adaptações morfológicas da espécie, as cobras marinhas sobrevivem melhor pelas beiradas, em águas rasas, procurando ficar perto de ilhas ou embocaduras com água saloba. Só há registros de duas espécies que se adaptam a água doce que são encontradas nas Filipinas e nas Ilhas Salomão.
Em geral, não são serpentes que atacam. São mais defensivas, usando pouco seu veneno mesmo pra caçar. Mas isso varia muito entre as espécies e existem algumas bem agressivas. O movimento em terra é ineficiente e inadequado para elas. Surpreendidas em terra se tornam descontroladas e desajeitadas, também perigosas. Mas é comum ver pescadores manuseando essas cobras com tranquilidade para desvencilhá-las de suas redes, por exemplo. Ainda assim, não recomendamos o risco pois, dependendo da espécie, seu veneno é capaz de matar um homem sim dependendo de onde for picado.
Há indícios de atividades diurnas e noturnas das cobras marinhas. É comum vê-las na superfície pra respirar geralmente logo pela manhã ou então a noitinha. já foram documentados mergulhos e atividade por longas horas das cobras marinhas em mais de 80 metros de profundidade. Existem curiosidades ainda a respeito das cobras marinhas que não são esclarecidas como, por exemplo, viagens migratórias em grupos que chegavam a centenas delas juntas ou situações pontuais de dezenas cobras juntas nadando como em sincronia.
Outras Considerações
As serpentes marinhas tem uma dieta alimentar que consiste em pequenos peixes e octópodes filhotes. Escondem-se furtivamente em buracos ou frestas pelos recifes e abocanham sua presa por inteiro. Algumas especieis podem usar suas picadas com veneno para imobilizar a vítima. Com exceção de apenas um gênero da espécie, todas as outras cobras marinhas são ovovíparas, quer dizer, seus filhotes já nascem vivos na água, alguns já tão grandes que nem parece que acabaram de nascer.
O veneno dessa espécie é forte e, se aplicado em um ser humano pode até parecer leve. De início talvez nem cause inchaço ou vermelhidão. Talvez nem sinta a mordida e só perceberá que foi tocado. As presas podem ficar presas na ferida. Mas com o decorrer das horas podem surgir dores de cabeça, sudorese, vômito, boca seca, etc. Em sequência poderão vir dores por todo o corpo, rigidez e perda de sensibilidade muscular. A paralisia pode atingir músculos internos e se forem tecidos importantes como os envolvidos na deglutição ou respiração será fatal.
Serpente Marinha Brasil
Fique tranquilo! Há menos que aconteça alguma evolução na espécie ou alteração na composição dos oceanos, não existem serpentes do mar em nenhuma costa brasileira. Apesar de viverem muito bem em águas quentes, o acesso dessas espécies a águas brasileiras se deve ao bloqueio de temperatura entre os oceanos índico e pacífico em relação ao atlântico. Existem casos recentes de cobras marítimas no canal do Panamá, mas foram pontuais e as espécies ou foram capturadas ou não sobreviveram as condições inadequadas.
Mas e aquele caso no Espírito Santo que assustou todo mundo. Tratava-se de uma jiboia! A situação inusitada ocorrera a alguns anos e realmente causou uma certa comoção na época. Todos saíram da água imediatamente e um local mais audacioso foi quem tirou a cobra do mar usando um pedaço de madeira. É bem provável que a cobra teria agradecido imensamente ao local se ela soubesse falar. Ficou completamente exausta na areia e a polícia ambiental foi chamada para removê-la.

Homem com Jiboia Dentro da Água
Mas como isso foi acontecer? Um biólogo do Instituto Butantã explicou que existem cobras que se alimentam de peixes em estuários e desembocaduras semelhantes. Se uma cobra dessa der o azar de pegar uma correnteza mais forte, pode não conseguir voltar para a margem e acabar parando no mar.