Se o continente africano abriga as suas imensas e tão famosas savanas, o Brasil tem o não menos importante bioma do Cerrado, com a suas inúmeras espécies de sapos, mamíferos, aves, répteis, insetos, entre outras variedades endêmicas da região.
Não por outro motivo ele é conhecido coma “A savana brasileira”, incrustada na região central do Brasil, com seus quase 1,6 milhão de km2, que abrangem os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal, além de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí e Paraná.
A vegetação do Cerrado é a típica de regiões essencialmente arbustivas, repleta de gramíneas e árvores afastadas, florestas de várzea, campos rupestres campos limpos, matas ciliares, florestas de galeria, entre outras vegetações.
Estas abrigam quase 150 espécies de mamíferos, entre os quais, os famosos lobos-guarás, o tamanduá-bandeira, o cervo-do-pantanal, a esperta ariranha, o tatu-bola, a onça-pintada, entre outras.
Algumas delas são símbolos da cultura e do folclore dessa região, como o assustador e lendário sapo-boi ou sapo-cururu – presente no imaginário popular de qualquer criança nascida em qualquer desses rincões que fazem parte do Brasil.
Com relação a essa última espécie (os sapos do Cerrado), estima-se que existam cerca de 160 espécies de anfíbios nesse bioma brasileiro.
São inúmeras variedades de rãs, sapos e pererecas (35 delas endêmicas) que, de acordo com as atuais investigações da ciência, possuem propriedades medicinais e farmacológicas surpreendentes.
Esse é o caso, por exemplo, das espécies do gênero Phyllomedusa. Análises científicas descobriram que elas possuem uma vigorosa substância antibactericida, antimicrobiana e cicatrizante em sua pele (as phyllomedusinas), que, entre outras qualidades, possuem a de, supostamente, combater, com extrema eficácia, o temido Mal de Chagas.
Mas o objetivo desse artigo é fazer uma lista com algumas das principais espécies de sapos existentes nesse imenso Cerrado Brasileiro. Muitas dessas espécies consideradas endêmicas e verdadeiros símbolo desse que é o segundo maior bioma do Brasil.
1.Perereca-Verde (Phyllomedusa hypochondrialis )
A Perereca-verde é um dos símbolos do Cerrado. Apesar de também poder ser encontrada em matas ciliares e florestas de várzea de países como Paraguai, Suriname, Colômbia, Venezuela, Argentina e Bolívia, foi aqui no Brasil que ela encontrou excelentes condições de vida.
É onde ela pode percorrer vegetações arbustivas, brejos profundos, pântanos, florestas de várzea, matas ciliares, campos abertos, entre outras vegetações com características ideais para a sua sobrevivência.
A noite é o ambiente favorito para as Phyllomedusas hypochondrialis! É quando elas – que mal ultrapassam os 6cm de comprimento – saltam de folhagem em folhagem, em busca de insetos minúsculos que não conseguem opor a menos resistência a uma língua comprida e pegajosa, que funciona como um eficientíssimo instrumento de caça à sua disposição.
2.Sapo-Cururu (Rhinella schneideri)
O sapo-cururu talvez seja a espécie mais famosa da família Bufonidae – ou pelo menos é a que tem um lugar guardado no imaginário popular, especialmente das crianças e adolescentes.
Ele também é conhecido como “sapo-boi”, graças a uma estrutura física incomparável, que pode atingir até mais de 15cm de comprimento e 1kg de peso.
Florestas abertas, matas ciliares, florestas de várzea e áreas inundadas, são apenas alguns dos ambientes onde essas espécies sentem-se verdadeiramente em casa.
O maior anuro da América do Sul possui uma cor entre o castanho e o amarronzado, com manchas escuras em seu dorso.
Ele também possui inconfundíveis glândulas venenosas (as parotoides) na parte posterior da sua garganta, além de não apresentar um dimorfismo sexual relevante e possuir hábitos alimentares que consistem, basicamente, de pequenos invertebrados, como aranhas, besouros, louva-a-deus, gafanhotos, entre outros insetos de pequeno porte.
3.Bokermannohyla Ravida
A beleza não é bem um dos principais predicados dessa espécie de sapos típicos do Cerrado! Eles são uns serezinhos minúsculos, meio estranhos, com não mais do que 5cm de comprimento, com uma coloração entre o castanho e o castanho-escuro, manchas amarronzadas em seu dorso, e que são considerados seres vivos endêmicos do Cerrado.
A Bokermannohyla ravida é um verdadeiro enigma nesse bioma. Os seus hábitos alimentares e reprodutivos são quase que totalmente desconhecidos. Mas, ao que tudo indica, ela habita exclusivamente o estado de Minas Gerais.
Lá ela distribui-se pelas vegetações arbustivas, florestas abertas (com árvores esparsas), mata ciliares, brejos, pântanos, entre outras vegetações inundadas.
4.Phyllomedusa Centralis
Essa é outras espécie de sapos endêmica do Cerrado. O seu lar de origem são os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por onde espalham-se em um raio de até 11.403km2, geralmente em florestas de várzea, matas ciliares, campos abertos, vegetações arbustivas, pântanos, brejos, entre outras vegetações com essas características.
Não existem dados conclusivos sobre as condições de sobrevivência da Phyllomedusa centralis, mas o que se sabe é que o avanço do progresso – especialmente da agropecuária –, que impõe um duro castigo à região, tem feito com que ela seja avaliada como “Preocupante” e “Quase Vulnerável”, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
5.Dendropsophus Cerradensis
Com a sua inconfundível coloração entre o caramelo e o amarelo-ouro, a cerradensis percorre as folhagens das matas ciliares, campos abertos, áreas inundadas, florestas de várzea, vegetações arbustivas, entre outros ecossistemas do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
Também não existem estudos conclusivos a respeito dos processos reprodutivos e hábitos alimentares da cerradensis, só o que se sabe é que o avanço do segmento agropastoril, a introdução de novas espécies (não-endêmicas), o desmatamento e diminuição das suas presas favoritas, estão entre os motivos que a fazem figurar na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como “Em risco de extinção”.
O curioso sobre essa espécie, é que ela é considerada rara, até mesmo no Cerrado; e por isso é avaliada como “Dados Insuficientes”.
No entanto, a sua extinção – como ocorre com as demais espécies de rãs, pererecas e sapos do Cerrado – configura-se como um grande trauma para um bioma onde elas representam uma excelente e eficiente ferramenta contra pragas.
E, para completar, os anfíbios, especialmente o sapos, rãs e pererecas, ainda são considerados animais insubstituíveis em alguns biomas, pelo fato de que suas peles e órgãos possuem substâncias farmacológicas não encontradas em nenhuma outra espécie da natureza.
O que torna a sua extinção um transtorno ainda maior, e com consequências incalculáveis para o setor farmacêutico.
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