As raposas são animais muito interessantes de serem observados. Cada espécie (são quase 40 espalhadas pelo mundo) tem hábitos bem peculiares.
Um bom exemplo a ser estudado mais de perto é a raposa das estepes, que possui características similares tanto de outras raposas, como também apresenta algumas diferenças substanciais.
Quer saber mais a respeito dela? Vem com a gente.
Evolução da Espécie
A raposa da estepe é uma espécie que se desenvolveu junto com outras espécies do tipo, como a raposa vermelha e a raposa do ártico. Acredita-se que o ancestral imediato dela seja um animal da espécie Vulpes praecorsac, que viveu no Pleistoceno, período de cerca de 2,5 milhões a 11 mil anos atrás.
Fósseis desse ancestral da raposa das estepes datam justamente do meio do Pleistoceno, e mostram que a sua área de expansão territorial ia da Suíça a Crimeia, na Ucrânia, uma área considerável.
Principais Características
De nome científico Vulpes corsac, a raposa das estepes é de pequeno porte em comparação a outras espécies. Possui outros nomes populares, como raposa da areia, apesar dessa terminologia também se aplicar à raposa dos himalaias. Além de ser encontrada (claro) nas estepes, ela também pode ser vista em regiões semi-áridas e desertos da Ásia Central, desde a Mongólia até o nordeste da China, passando por Kazaquistão, Turqueministão e Irã.
O comprimento dessa raposa gira em torno de 45 a 65 cm, com uma cauda que pode chegar a 35 cm. Espécimes adultos pode pesar cerca de 3,2 kg. Já, a sua pelugem tem uma coloração cinzenta ou até mesmo um pouco amarelada, que cobre a maior parte do corpo. Já os pelos que se encontram nas regiões do ventre, da boca, do queixo e da garganta são bem mais pálidos, quase brancos.
Quando é a época do inverno, esse pelo das raposas das estepes fica bem mais espesso e sedoso na textura. Nesse período, a cor também muda, ficando ainda mais cinzento, e tendo como detalhe uma linha escura percorrendo as suas costas.
Interessante notar que essa espécie de raposa possui alguns métodos diferenciados de comunicação. No decorrer de suas caças ou mesmo para afugentar rivais, costumam latir, como os cachorros domésticos. No entanto, elas também se utilizam de vocalizações agudas quando querem cumprimentar ou avisar outras raposas de algo.
Isso sem contar que a raposa das estepes possui alguns sentidos muito bem desenvolvidos, como uma visão muito boa, além de uma audição e de um olfato muito apurados. Em relação ao olfato, inclusive, essa raposa possui várias glândulas de cheiro que ficam localizadas em diversas partes do seu corpo (alguns, até insólitos), como na região anal, acima da base da cauda, nas patas e nas bochechas.
Comportamentos Gerais
Tentando manter distância dos centros urbanos, as raposas das estepes são caçadoras noturnas, além de terem hábitos nômades. A sua alimentação consiste, basicamente, de insetos e pequenos roedores. Por vezes, também caçam algumas lebres.
Em épocas de escassez, no entanto, também podem se alimentar de carcaças e restos de comida das pessoas, além de algumas frutas. Como predadores naturais, a raposa das estepes tem lobos, águias, gaviões e bufos-reais. Uma curiosidade é que por ser uma espécie adaptada a climas quentes, as raposas das estepes não precisam de muita água, tirando a maior parte da umidade dos alimentos que consome.
Como esses animais não possuem territórios marcados, eles podem andam em matilhas de vez em quando. Já, quando o inverno é bem rigoroso, ela se esconde em suas tocas, ou simplesmente migra para o sul, numa caminhada que pode compreender cerca de 600 km. Há relatos, inclusive, de raposas seguindo manadas locais de antílopes.
Com relação às suas tocas, elas são preparadas, em geral, por outros animais, como, por exemplo, toupeiras e marmotas, e é quando essa raposa toma conta do lugar. Existem até tocas feitas por elas, mas que são muito superficiais, e é por isso que preferem providenciar tocas abandonas de outros animais. Em geral, esses lugares possuem várias entradas, sendo partilhadas por matilhas através de túneis.
Reprodução da Raposa das Estepes
O acasalamento dessa espécie possui um período específico do ano, assim como acontece com outras raposas. No caso desta aqui, o o tempo fértil dela começa em janeiro e termina em março. Os machos, então, disputam entre si para saber quem fica com quem, e após se formarem os casais, é estabelecido um laço monogâmico, outra característica bem comum a todas as raposas.
A mamãe loba, quando está grávida, prepara o lugar para dar a luz, sendo um espaço que também pode ser compartilhado por outras fêmeas na mesma situação. Após o nascimento dos seus filhotes, uma fêmea pode mudar de câmara na toca várias vezes. Nascem, em geral, de 2 a 6 crias, após um período de gestação que pode chegar a 52 dias. No entanto, já foram relatados casos de ninhadas de até 10 crias.
Esses filhotes nascem cegos, pesando aproximadamente 60 g, tendo pelo castanho. Depois de mais ou menos 2 semanas é que eles abrem os olhos, começando a comer carne após 4 semanas. Já a maturidade sexual desses animais é atingida com cerca de 10 meses de vida, e no segundo ano, começam a se reproduzir. Em ambiente selvagem, elas podem viver até 9 anos.
Ameaças à Sobrevivência da Espécie
Sem dúvida, a maior ameaça que essa espécie de raposa enfrenta é a caça predatória, que é feita devido à qualidade de seu pelo, e, por conta disso, em certas regiões, o número de espécimes caiu de maneira exponencial. Atualmente, devido a proibições, a população dessas raposas se mostrou estável, apesar de serem animais muito vulneráveis a qualquer mudança em seu ambiente.
Ou seja, além da própria caça em si, essa espécie de raposa pode sofrer com desmatamentos e mudanças climáticas em geral. Mais um motivo para preservarmos a natureza. Afinal, a raposa é um predador importante para a cadeia alimentar. Sem ela, a população de muitas pragas iria se alastrar pelas cidades.
Esperar, portanto, que consigamos preservar o meio ambiente para que esse belíssimo animal continue a fazer parte da natureza, e a encantar os amantes de uma fauna rica e muito bonita.