A circulação – ou o sistema circulatório dos quilópodes – é o típico dos artrópodes. Estes caracterizam-se por possuírem corpos segmentados por anéis, de onde sai um conjunto de apêndices articulados, que fazem as vezes de antenas e de patas.
Alias, sobre esses apêndices, sabemos que eles, além possibilitarem as suas locomoções, ainda servem como meio de orientação espacial e de defesa para esse tipo de espécie.
Os quilópodes são animais “invertebrados”, revestidos por uma espécie de carapaça (ou exoesqueleto) composta por uma material rígido e resistente o suficiente para conter toda a sua estrutura, abrigar os seus órgãos internos, garantir-lhes uma adequada impermeabilidade, entre outras necessidades típicas dos artrópodes.
Esse revestimento é composto por um polissacarídeo denominado “quitina”. Por ser um polímero sintetizado naturalmente no interior desses animais, ele lhes confere resistência e densidade suficientes para que possam executar todos os seus movimentos.
A circulação dos quilópodes depende do funcionamento perfeito de toda essa sua estrutura exoesquelética, que também é composta por um abdômen e um cefalotórax, onde funcionam um coração tubular – o seu principal órgão circulatório.
Nos artrópodes, o sistema circulatório é do tipo “aberto”, ou seja, o sangue transita com pouca pressão dentro dos hemoceles, que são espécies de cavidades com características adequadas para receberem um tipo de sangue diferenciado denominado “hemolinfa”.
Diferentemente do que ocorre com boa parte dos artrópodes, nos quilópodes a respiração não trabalha em conjunto com o sistema circulatório (com os gases resultantes da respiração transitando por esse sistema). Ela se dá por meio do funcionamento de traqueias – assim como ocorre, guardadas as devidas diferenças, com os humanos.
O Sistema Circulatório dos Quilópodes
Os quilópodes pertencem à família Scolopendridae, oriunda da ordem Scolopendromorpha, que por sua vez destaca-se dos Chilopodas.
É uma imensa comunidade, famosa por ser um verdadeiro sinônimo de repugnância e aversão – a despeito das suas importantes contribuições para o desenvolvimento de espécies vegetais, graças à sua capacidade de produzir um excelente húmus com características extremamente nutritivas.
Os quilópodes juntam-se a mais de 3.000 outras espécies com características bastante parecidas, como um corpo achatado e composto por anéis; entre 3 e 30cm de comprimento; exoesqueleto formado por quitina (e outros elementos); inúmeros pares de patas articuladas; entre outras características que lhes conferem ainda mais repugnância.
Eles são animais afeitos aos ambientes escuros, úmidos e sombrios de troncos apodrecidos, restos de vegetais, base de pedras, entre outras ambientes que eles podem encontrar em praticamente todos os continentes, com exceção da Antártida, que, por motivos óbvios, não lhes oferece as condições que são encontradas nos ambientes tropicais, temperados e subtropicais.
Investigações científicas concluíram que os quilópodes são os artrópodes com mais tempo de vida sobre a terra, e que ainda possuem ancestrais que já foram considerados grandes predadores, portadores de uma relativamente poderosa toxina capaz de paralisar até mesmo algumas espécies de sapos e de lagartos bem maiores que eles.
Principais Características dos Quilópodes
Apesar de serem espécies relativamente frágeis, os quilópodes são considerados hábeis carnívoros, cuja alimentação pode variar entre larvas, vermes, besouros, restos vegetais, entre outras variedades que podem fazer parte do seu cardápio na falta das suas principais presas.
Entre os principais representantes dessa classe, estão as centopeias; membros de uma comunidade com mais de 580 espécies, que possuem as características de um corpo comprido e roliço, formado por cabeça e tronco, com inúmeros segmentos ou anéis, além de um par de patas em cada um deles.
Curiosamente, os quilópodes são animais velozes, que ainda possuem duas antenas que funcionam como espécies de sensores, os quais eles utilizam como forma de identificar um inimigo, para logo após enrolarem-se de forma bastante curiosa.
Aliás, é justamente por esse par de antenas (quase como um prolongamento das suas patas) que eles injetam uma toxina que, apesar de praticamente inofensiva para os humanos, pode causar uma dor considerável – sem contar o seu poder de paralisar uma presa e torná-la um alvo fácil.
Eles (os quilópodes) reproduzem-se de forma sexuada. Durante o processo, a fêmea põe os seus ovos em meio a folhagens, terra ou restos vegetais, até que eclodam, para dar origem a milhares de outras espécies.
Como Ocorre a Circulação Nessa Classe de Quilópodes?
A circulação ou o sistema circulatório dos quilópodes ocorre da forma como é comum entre os artrópodes – com exceção dos moluscos, insetos e demais cefalópodes.
Nesse sistema (designado como “circulatório lacunar”), a hemolinfa penetra nas cavidades chamadas de “hemoceles” – sem necessariamente circular dentro dos órgãos internos do animal.
É um tipo de sistema “aberto”, onde um vaso dorsal e um coração em forma de tubo se conectam; enquanto, por sua vez, conectam-se a válvulas interiores e aos ostíolos; compondo, assim, um sistema simples, mas que não deixa de apresentar algum nível de complexidade.
O processo de circulação nesses quilópodes ocorre por meio do bombeamento de hemolinfa do coração para a aorta dorsal, e desta para os hemoceles. Ao final desse percurso inicial, ela (a hemolinfa) deverá ocupar adequadamente todas as células que compõem a estrutura do animal.
O ciclo recomeça por meio do envio da hemolinfa presente nos hemoceles de volta para o coração, e deste novamente para a aorta dorsal, e assim sucessivamente, garantindo, assim, a vida dos quilópodes e todos os seus processos metabólicos.
Portanto, podemos resumir a circulação dos quilópodes como um “sistema aberto”, composto, basicamente, por coração, aorta dorsal, hemoceles (cavidades internas) e hemolinfa – essa última, o “sangue” dos quilópodes, por meio do qual todos os nutrientes necessários circulam pelo organismo desse animal.
Um detalhe interessante sobre esse sistema circulatório dos quilópodes, é que o seu coração possui o formato de um túbulo, com força suficiente para bombear, de forma lenta e progressiva, a hemolinfa em quantidades necessárias para o preenchimento das cavidades internas (os hemoceles).
Essa hemolinfa, por sua vez, não possui as moléculas que conferem a tradicional cor vermelha do sangue, o que faz com que ela torne-se esbranquiçada ou esverdeada, e ainda mais repugnante.
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