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Queimadura de Piolho de Cobra

A Lei da Selva

Desde de que a vida surgiu no planeta Terra, há 3,5 bilhões de anos, verifica-se a continua luta dos seres vivos para existirem ao longo do espaço-tempo, a assim chamada sobrevivência.

Pensemos: se, conforme as principais teorias da origem da vida (Teoria de Oparin-Haldane) ela surgiu a partir de reações químicas, transformando bioquimicamente a matéria inorgânica em matéria orgânica, e a partir de algum momento (que ainda não se sabe quando e como) tai matérias orgânicas passaram a se multiplicar, dando origem ao DNA e os seus genes egoístas.

(A replicação é uma característica inerente de qualquer ser vivo, e por isso mesmo o tema fica muito complexo quando tentamos entender essa mecânica não apenas nos vírus orgânicos, mas também em outras entidades, como os vírus de computador).

Voltando ao cenário da Terra primitiva e alguns milhões de anos após a origem da vida, o mar era o local desses seres primordiais, e cada vez mais eles se multiplicavam, para isso utilizando fontes de energia.

Um consumo energético cada vez maior, assim garantindo a sobrevivência nesse ambiente hostil, ou seja: garantindo a sua multiplicação, deixando representantes de gerações futuras.

Caso pudéssemos voltar a essa época, nestes diferentes caldos primordiais, e dispuséssemos de instrumentos que alcançassem a dimensão visual destes micro-organismos, provavelmente veríamos o que praticamente ocorre em uma dimensão macroscópica, seja em uma savana, uma tundra, uma pradaria, ou o exemplo clássico de uma floresta tropical (devido a elevada diversidade da última): a lei da selva.

Nesse caldo primordial estariam diferentes seres vivos (naturalmente, com uma estrutura química não tão complexa como são os seus descendentes evolutivos), e estes seres estariam tentando absorver as moléculas de outros, para assim obter fonte de energia.

O que ocorre nos exemplos de biomas é a mesma coisa: animais buscando fontes de alimentos em outros animais (vertebrados e invertebrados), ou ainda em produtores que realizam a fotossíntese, como as plantas (os indícios científicos indicam que o processo de fotossíntese envolvendo possíveis ancestrais das cianobactérias ocorreu há 2,5 bilhões de anos, um bilhão de anos depois da origem da vida, então no nosso exemplo do caldo primordial ainda não existiriam os seres fotossintetizadores).

Se a vida é sobrevivência, e ela já iniciou em um ambiente hostil (onde ou você devora ou é devorado), podemos entender as muitas estratégias que a diversidade dos seres vivos trouxe com eles, seja para defesa seja para o ataque (conforme a arte da guerra).

 

Estratégias de Sobrevivência

Com os primeiros traços de vida se desenvolvendo, seguindo toda a jornada evolutiva de mudanças (já que um dos postulados de Charles Darwin em “As Origem da Espécies” é que as espécies não são fixas, e sim mudam através do tempo devido as próprias característica do DNA, macromolécula que logicamente o nosso naturalista britânico ainda não tinha conhecimento da existência), podemos imaginar que aqueles seres que viviam nos caldos primordiais formaram as primeiras comunidades biológicas, estas mais complexas quanto a sua estrutura bioquímica e respectiva fisiologia.

Charles Darwin em “As Origem da Espécies”
Charles Darwin em “As Origem da Espécies”

Apesar de estarem mais complexo quimicamente, podendo nesse “meio tempo” ter surgido os fotossintetizadores, o ambiente mantinha sua ecologia: uns se alimentando do outro, obtendo assim fontes de energia para gerar descendentes que continuaram a perpetuar a herança genética.

Se a ecologia não mudou com o passar do tempo (pelo contrária, ela é um dos principais componentes dentro do grande mecanismo da seleção natural), as estratégias de sobrevivência passaram a ficar mais complexa, assim como a estrutura orgânica dos seres vivos.

Os organismos que passaram a ser selecionados pela lei natural precisavam de “armas” para se manterem vivos, ao mesmo tempo que essas armas também podiam ser usadas para obter fontes alimentares para a própria sobrevivência.

Se temos duas colônias de bactérias que vivem na superfície aquática, uma que não produz proteínas tóxicas e uma outra que produz toxinas potentes, qual das duas terá a maior probabilidade de ser absorvida pelos protozoários presentes no zooplâncton?

O raciocínio vale para um invertebrado na selva, ou um vertebrado no cerrado: considere as características biológicas do animal (o veneno de uma lacraia; a velocidade de uma gazela), agora imagine algumas delas não existente, esse animal teria o mesmo grau de adaptabilidade para sobreviver neste ambiente?

Os Artrópodes e Suas Estratégia

Falar do filo dos Artrópodes quando se trata de evolução sempre é muito satisfatório, pois o grupo taxonômico apresenta um enorme número de representantes, a maior diversidade dentre todos os outros grupos biológicos (dos macro-organismos), por assim ter importantes característica que permitiram sua conquista do ambiente.

Se antes deles os seres vivos mais complexos organicamente eram vermes e anelídeos rastejantes, com o surgimento dos seres articulados, com patas, asas, mandíbulas, presas e antenas, representou uma excelente oportunidade para colonizar os então nichos ecológicos disponíveis no momento.

Uma característica compartilhada pelos grupos dos Artrópodes é a presença do exoesqueleto rígido, composto por quitina, que além de ajustar ao tamanho do animal invertebrado quando este cresce de tamanho (a chamada ecdise), tal armadura natural permitiu melhor equilíbrio hídrico e menos perda de água para o ambiente (uma grande limitação que fazia que alguns animais conseguissem conquistar o ambiente terrestre, mas sempre próximo à água, com elevada umidade no ar); também se configurou uma excelente proteção contra predadores, aumentando assim as probabilidades de sobrevivência.

Muitos representantes dos Artrópodes apresentam uma excelente estratégia de sobrevivência, que pode (de novo) ser usada tanto para defesa como para o ataque: o surgimento da peçonha, substancia tóxica (normalmente proteína) secretada por glândulas especializadas (“selecionadas”), que causam dano à organismos terceiros.

Seja nas mandíbulas de uma formiga ou na cauda (terminação do cefalotórax) de um escorpião, este mecanismo de defesa/ataque proporcionou mais uma vantagem ecológica para os representantes dos grupos dos Artrópodes, funcionando tão bem que alguns destes podem representar algum perigo para os seres humanos, assim como problemas para a vigilância entomológica.

Piolho de Cobra e Lacraia: Estratégias Diferentes de Sobrevivência

Apesar de sempre serem confundidos pelo senso comum, pois ambos pertencem aos subfilos dos Miriápodes (caracterizados por apresentarem corpo alongado, subdivido em cabeça e tronco seguimentado, este composto pelos apêndices para locomoção), ambos animais apresentam diferenças significativas, principalmente quanto a existência de peçonha.

Dentre quatro classes dentro do subfilo, existe a classe dos Diplópodes, o qual as espécies de piolhos de cobra se localizam, com dois pares de patas por seguimento corporal, são geralmente herbívoras, não apresentam glândulas de veneno, e quando expostas se ”enrolam” para se proteger.

Já as lacraias pertencem ao grupo dos Quilópodes, cujo os seguimentos do tronco apresenta um par de apêndice articulado, são carnívoras e apresentam glândulas de venenos em seu apêndices cefálicos (localizados na cabeça), por isso podendo trazer algum perigo para os seres humanos e animais de estimação.

Vemos que estes dois animais, apesar de apresentarem características morfológicas análogas, foram selecionados pela lei natural utilizando diferentes estratégia para sobrevivência.

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