Cangurus talvez sejam os animais mais identificados com um país. Desde o brasão de armas da nação, passando pelo apelido do selecionado nacional do rugby, esporte mais popular da Austrália, a relação entre o animal e o país é muito forte. Por exemplo, é muito difícil alguém planejar uma viagem até lá sem considerar, ao menos, trazer na bagagem uma foto de um canguru saltitando pra lá e pra cá.
Mas, será que a associação que fazemos é 100% correta? E mais, será que essa relação australianos x cangurus é tão harmônica assim? E ainda: Quantos Cangurus existem na Austrália? E no Mundo?
Os Cangurus
Antes de entrarmos nessas respostas é importante conhecermos sobre nosso personagem. Os cangurus são animais mamíferos pertencentes ao grupo dos marsupiais. A principal característica deste grupo é uma bolsa denominada marsúpio, utilizada principalmente para completar o desenvolvimento dos filhotes durante a amamentação. Além disso, o marsúpio também pode ser considerada uma caracterização biológica de um dos principais instintos dos mamíferos; o de proteção (e, neste caso também, abrigo) das suas crias.
Mas, engana-se quem pensa que os cangurus são animais exclusivos da Austrália. Há registro de espécies que vivem em Papua Nova Guiné e também na Nova Zelândia. No entanto, o comum, graças a quantidade animais, é imaginarmos que só existem na Austrália. Mas afinal, Quantos Cangurus existem na Austrália?
Superpopulação de Cangurus na Austrália e os Problemas Decorrentes
De acordo com relatório publicado pelo ministério do Meio Ambiente da Austrália em 2016, existiam cerca de 50 milhões de cangurus no país, praticamente o dobro da população de humanos (segundo o censo realizado no mesmo ano, a Austrália conta com de 24 milhões de pessoas).
Este número é cuidadosamente monitorado. Ecologistas já afirmam que o número de animais se tornou insustentável, tendo crescido exponencialmente nos últimos anos. Essa explosão populacional ameaça a biodiversidade local, já que os cangurus estariam invadindo propriedades e comendo a vegetação destinada a outros animais.
No entanto, essa superpopulação, mesmo com a identificação do animal com o país, acaba trazendo opiniões bastante controversas. Muitos, em especial no setor rural, consideram que o animal atingiu níveis de praga, prejudicando a economia do país pela devastação das colheitas e competição com o gado por recursos (escassos em regiões áridas e semiáridas).
Uma outra vertente da população já começa a analisar os cangurus, e uma eventual cadeia de produtos a partir do animal, como possibilidade de negócios. No entanto, as regras são bastante rígidas com relação à caça do canguru (os estados possuem cotas de caça comercial baseada em índices de sustentabilidade fazendo com que a rentabilidade acabe sendo baixa).
De qualquer forma, o mercado começa a se movimentar. Hoje já a registro de exportações da carne ou do couro – utilizado inclusive por marcas globais com a denominação “k-leather” para equipamentos atléticos. No próprio mercado doméstico já há exploração da carne do canguru como gastronomia de alto padrão.
No campo do Turismo, correntes vislumbram a possibilidade de intensificar roteiros específicos tendo o canguru como protagonista da experiência turística.
Por outro lado, organizações que lutam por direitos dos animais apontam outras soluções, como por exemplo a esterilização dos animais (e não exploração comercial).
Ou seja, a superpopulação dos animais vêm praticamente obrigando o país a, além do monitoramento constante, realizar ações não tão populares assim para resolver a questão. E isso não é tão simples assim, afinal, uma identificação tão próxima como a que existe entre os australianos e os cangurus não permite que hajam decisões drásticas com relação ao principal ícone do país.
Cangurus e a “Pegadinha” Biológica
Vale ressaltar que a superpopulação de cangurus resulta também de aspectos biológicos.
A gestação dos cangurus é bem curta. De 30 a 40 dias temos um “joey” (termo dado pelos australianos para os filhotes de canguru) no mundo. O filhote nasce e, ainda em um estado embrionário, se instala no marsúpio, permanecendo ali até completar seu desenvolvimento. Com quatro meses, eles começam a “dar os primeiros pulinhos”, saindo da bolsa para se alimentar. Até que com 8 meses eles saem de vez para o mundo.
Mas, há um pequeno detalhe nesse ciclo. Um não. Dois! Assim que o filhote está semi-independente (ou seja, voltando ao marsúpio só para se amamentar), um outro “joey” já pode estar instalado na bolsa completando seu período de desenvolvimento. E mais! Um outro “joey”, este em forma embrionária chamado de blastocisto, fica dormente no útero, apenas esperando sua vez.
Além do “combo 3 em 1” em um espaço de tempo muito curto, os cangurus também são animais longevos, vivendo, em média, 22 anos. Ou seja, matemática montada para um “bum” populacional.
Conhecendo um Pouco mais dos Cangurus no Mundo
Os cangurus são divididos em: canguru-vermelho, canguru-cinza-oriental, canguru-cinza-ocidental e canguru-antilopine. O Canguru-vermelho é a espécie mais conhecida e mais populosa, encontrada em regiões áridas e semiáridas da Austrália, e a principal responsável pelo “bum” populacional dos animais.
Já as outras três espécies – Canguru-cinza-oriental, Canguru-cinza-ocidental e Canguru antilopíneo – são amplamente distribuídos pelo país, encontrados em vários habitats e costumam viver em grupos.
Então, não se esqueça, para conhecer um canguru de pertinho você não precisa ir necessariamente para a Austrália. Mas, lá com certeza a probabilidade de encontrar (ou até mesmo esbarrar) com um é bem grande. Mesmo sendo queridos e parecerem dóceis (acredite, eles podem ser bravos e perigosos!), hoje os cangurus são considerados um problema porque o controle populacional dos cangurus traz muitas divergências.
Ao mesmo tempo que é há o entendimento da necessidade de frear a multiplicação do número de animais – até mesmo com ecologistas que apontam o problema da biodiversidade local – algumas espécies foram extintas nos últimos anos pela falta de um ponto de equilíbrio no tema (atualmente, as espécies tratadas aqui neste post estão classificadas como “pouco preocupantes” na Lista de animais em risco de exinção da International Union for Conservation of Nature (IUCN).