Determinar, de forma precisa e definitiva, qual o animal que mais come no mundo não é tarefa das mais fáceis. Haja vista a exuberância da natureza selvagem, que abriga extravagâncias como as sanguessugas; seres horripilantes e misteriosos da classe dos “hirudíneos”; capazes de alimentarem-se com até 6, 7 ou 8 vezes o peso do seu próprio corpo! Uma enormidade, em se tratando de uma espécie que dificilmente ultrapassa os 10 cm de comprimento.
Mas, e o que dizer da extravagante e singular Baleia-azul! Simplesmente o maior animal do mundo, com os seus inacreditáveis 30 metros de comprimento e cerca de 180 kg!
Um fenômeno a habitar os mares e oceanos do planeta, e que para manter tamanha exuberância precisa ingerir diariamente entre 7 e 9 toneladas de alimentos, totalizando cerca de 5% do seu peso todos os dias, em um dos fenômenos mais impressionantes da natureza.
Mas há uma espécie que é praticamente imbatível quando o assunto é a frequência e a quantidade de alimentos ingeridos diariamente.
E essa fera é quase que um sinônimo da biodiversidade brasileira, pois é aqui que estão praticamente a metade das espécies conhecidas desse animal, habitante típico das Américas, e com um importante papel desempenhado em todos os ecossistemas do continente.
Estamos falando dos monumentais, imponentes, assustadores e terríveis “Beija-flores”. Isso mesmo que vocês acabaram de ler. O beija-flor, uma designação não taxonômica dada a cerca de 320 espécies que distribuem-se em 106 gêneros. Este é o animal que mais come no mundo! O dono de um apetite incomparável na natureza, a ponto de necessitar de alimentos a cada 7 ou 8 minutos!
Mas Por Que Ele Pode Ser Considerado O Animal Que Mais Come No Mundo?
Um metabolismo exigente, gasto excessivo de energia para manter-se em pleno voo, entre outras necessidades, fazem com que os beija-flores tenham que passar praticamente toda a vida alimentando-se. Em especial de pequenos insetos, artrópodes, anelídeos (10% ) e, obviamente, néctar e pólen (90% da sua alimentação).
Mas a razão para todo esse apetite está, principalmente, no tamanho incomparável do seu coração, que é capaz de ocupar cerca de 15% de toda a sua estrutura corporal, além de executar cerca de 1200 batidas por minuto (em pleno voo) e cerca de 500 (em repouso), o que faz desse animal a espécie que mais necessita de energia para a manutenção dos seus processos metabólicos.
Isso sem contar o ritmo de batimento das suas asas – entre 80 e 100 batidas por segundo! –, que é outra das suas inúmeras características que os obrigam a tornarem-se verdadeiras “máquinas de comer” durante o dia.
E a natureza agradece essa característica dos beija-flores. Já que isso os torna alguns dos principais agentes polinizadores no meio ambiente, justamente pelo fato de passarem praticamente todo o dia em busca do precioso néctar das flores, com o qual eles alimentam-se e obtêm uma carga poderosa de energia.
Mas a vantagem desse seu hábito alimentar para a natureza é que, enquanto percorrem bosques, matas, florestas, entre outras vegetações semelhantes, os beija-flores levam consigo (sem querer) grande quantidade de pólen, os quais depositam (também sem querer) na natureza, e a partir deles contribuem para espalhar diversas espécies vegetais pelo continente americano.
O Animal Que Mais Come No Mundo É Um Dos Mais Importantes Para O Meio Ambiente!
A cena é belíssima. Um pequeno e extravagante Aglaiocercus coelestis (o Sylph de-cauda-violeta) para no ar e absorve o néctar precioso de uma Sinningia sceptrum.
Mais à frente um Hillstar-de-garganta-azul (o Oreotrochilus cyanolaemus) encontra um belíssimo exemplar de uma sálvia ou de um cipó-de-são-joão e, avidamente, suga-lhes também o líquido precioso, com o qual adquire energia suficiente para a sua aventura pela sobrevivência.
Mas um exemplar de uma begônia ou de uma Amor-perfeito também poderá ser alvo do assédio de um Eremita-branco (o original Phaethornis yaruqui).
E aqui, mais uma vez, a natureza nos oferece um show de singularidade, pois enquanto absorve energia suficiente para a execução desse seu incrível metabolismo, trata, sem querer, de contribuir para a perpetuação dessas e de outras milhares de espécies no meio ambiente.
Espécies florais com cores mais vivas e extravagantes parecem chamar mais a atenção desse que agora sabemos que é um dos animais que mais comem no mundo.
Colorações entre o alaranjado e o vermelho, com variações em amarelo e azuis, são para eles irresistíveis, como um estratagema perfeito utilizado pela natureza para manter-se viva.
Em todo caso, o que temos aí é uma relação valiosíssima para a manutenção da vida do planeta. Os beija-flores, juntamente com morcegos, abelhas, besouros, vespas, entre outras espécies não menos singulares, são responsáveis pela existência de mais de 80% de todas as espécies vegetais no mundo, configurando-se como uma das comunidades mais importantes para a manutenção da biosfera terrestre.
A Busca Pela Sobrevivência
O animal que mais come no mundo também possui as suas singularidades na hora da refeição. Eles poderão, por exemplo, escolher uma determinada área de um ecossistema e fazer dela o seu território. Dessa forma, os beija-flores restringem a polinização de espécies a um espaço reduzido, quando não poliniza apenas as mesmas flores de uma espécie.
No entanto, caso decidam ampliar as suas possibilidades, os beija-flores poderão adotar um comportamento mais “cosmopolita”, e assim polinizar as mais variadas espécies, nos mais diversos ecossistemas que espalham-se principalmente pelo continente americano.
E, para terminar, uma curiosidade acerca da alimentação dos beija-flores. E é a que diz respeito à forma, digamos, criativa de atrair essas espécies para as proximidades de residências, parques, jardins e demais espaços públicos.
Trata-se da criação de “bebedouros de beija-flores”, bastante populares nas zonas rurais. Tais bebedouros configuram-se como mecanismos artificiais para atrair esses pássaros. E consistem, basicamente, em um recipiente contendo água limpa com uma concentração entre 20 e 25% de açúcar e com uma saída na forma de uma flor.
O resultado é uma festa! Dezenas deles surgem, de todos os cantos e de todos os tipos, em busca do “néctar” precioso. Avidamente sugam a água açucarada, com a qual adquirem energia suficiente para os seus incríveis processos metabólicos, tão ou mais extravagantes e singulares quanto essa própria comunidade de pássaros.
No entanto, os que pretendem lançar mão de tão curioso expediente deverão saber dos riscos de contaminação desses animais por meio da contaminação da água oferecida.
E por isso o que se recomenda é a troca constante da água (que deve ser filtrada), assim como da concentração de açúcar, de forma a evitar que uma forma tão curiosa e original de atrair esses pássaros não transforme-se numa fonte de doenças e demais moléstias que acabam sendo tão comuns nesses casos; e que é inclusive capaz de comprometer a população dessas espécies em inúmeras regiões.
Caso queira, deixe a sua opinião sobre esse artigo. E aguarde as nossas próximas publicações.