A abelha é um tipo de inseto muito especial. Além de viver em comunidades (assim como as formigas, por exemplo), é ela quem produz um dos alimentos mais deliciosos que temos na natureza: o mel. E, ainda por cima, existem espécies de abelhas que produzem mais mel do que outras.
A seguir, vamos entender como ele é fabricado nas colmeias, saber quais abelhas são campeãs nesse quesito, e porque esses insetos são tão fundamentais para a natureza.
Como o Mel é Feito, Afinal?
Podemos dizer que as abelhas são uma espécie de “alquimistas naturais”. O motivo é simples: esses insetos simplesmente conseguem alterar quimicamente o açúcar retirado das flores, e é a partir disso é que o mel é fabricado.
Como assim? Calma, que vamos explicar melhor.
Tudo começa com a coleta do néctar das flores pelas abelhas. Ele é guardado em uma espécie de bolsa que fica no corpo do animal, até o produto ser levado para a colmeia. Ao chegar, a abelha se utiliza de duas glândulas que estão localizadas na sua cabeça, e que secretam duas enzimas: a invertase e a glicose oxidase. E, é através da reação dessas enzimas com o açúcar do néctar que o mel é fabricado.
Essas reações químicas são as seguintes: a invertase converte a sacarose em glicose e frutose (que são outros dois tipos de açúcares), e a glicose oxidase transforma uma pequena quantidade de glicose em ácido glicônico, que é o que torna o mel ácido, protegendo o produto de bactérias que poderiam fermentá-lo. É então que a abelha agita suas asas para secar a água que está presente em grande quantidade no néctar, e, com isso, desidratam o mel, matando outros microrganismos nocivos.
Agora que você já conhece como o mel é fabricado, sabe quais espécies de abelhas mais fazem esse alimento tão gostoso?
Maiores Produtoras Nativas de Mel
Primeiro de tudo, vamos dar uma informação bem curiosa a respeito desse assunto: você sabia que abelhas sem ferrão produzem mel com mais elementos antibióticos e mais nutritivo? Exatamente. No Brasil, por exemplo, existem cerca de 250 espécies de abelhas sem ferrão, o que significa que não oferecem risco às pessoas, e produzem um mel de ótima qualidade e em quantidades consideráveis.
Sobre a produção de mel em termos quantitativos, podemos citar 6 espécies que são verdadeiras máquinas polinizadoras de plantas, e, por isso, fabricam esse produto à vontade. São elas:
Melipona scutellaris – Também chamada de urussu-boi, essa abelha é grande, tendo como característica o seu porte avantajado. A polinização delas é feita em culturas de abacate, pimentão e pitanga, e são encontradas especificamente na Região Nordeste do Brasil. No estado da Bahia, por exemplo, é uma espécie bem explorada, já que ela é muito fácil de criar e o mel que produz é de ótima qualidade. Infelizmente, ela está ameaçada de extinção em suas áreas de distribuição natural.
Melipona quadrifasciata – Conhecida também como manassaia, esse tipo de abelha se adapta muito bem às regiões sul e sudeste do país, tendo grande incidência na costa atlântica, por exemplo. Assim como a Melipona scutellaris, esta aqui tem um porte igualmente robusto, polinizando culturas de abóbora, pimentão, pimenta-malagueta e tomate.
Melipona fasciculata – De nome popular jandaíra-preta-da-Amazônia, essa abelha é uma excelente produtora de mel (há registros, inclusive, de colônias que estavam com estoque de nada menos do que 12 litros de mel). Ela é encontrada bastante no Norte, Nordeste e Centro-Oeste brasileiros. Sua polinização ocorre muito em culturas de açaí, berinjela, tomate e urucum.
Melipona rufiventris – A chamada uruçu-amarela é bastante comum nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, São Paulo e Tocantins. O mel que ela produz, além de ser em grande quantidade, é muito saboroso, e, por isso, é uma espécie bastante procurada. Para se ter uma ideia, a depender do tamanho da colônia ou mesmo se as áreas ao redor dela são bem floradas, essas abelhas podem produzir até 10 kg de mel por ano em cada colônia. No entanto, é mais uma que se encontra ameaçada de extinção devido ao desmatamento de seus habitats naturais.
Nannotrigona Testaceicornis – A chamada iraí é uma abelha encontrada em algumas zonas tropicais, mais especificamente nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Trata-se de um tipo de abelha que constroi suas colmeias também em muros de concreto, blocos de cimento e tijolos, o que mostra que ela se adapta muito bem a áreas urbanas.
Tetragonisca angustula – Igualmente conhecida por nomes como maria-seca ou mariola, essa abelha é amplamente difundida na América Tropical em diversos países, incluindo o Brasil, obviamente. Adaptando-se muito bem aos centros urbanos, essa talvez seja a espécie mais criada de forma racional, devido à facilidade de adaptação em caixas, e também pelo motivo de ser uma espécie que não necessita de muito espaço. O mel que ela fabrica é denso é muito apreciado, sendo um dos mais gostosos fabricados por uma espécie nativa.
Importância das Abelhas
Esses pequenos e curiosos insetos não são importantes apenas porque nos dão um alimento tão delicioso e nutritivo quanto o mel, mas também por outros motivos. Afinal, por incrível que possa parecer, as abelhas são responsáveis por cerca de 75% dos alimentos que consumimos, além do fato de que 90% da flora mundial depende delas.
Como Assim?
Simples: esses são os principais insetos responsáveis pela polinização das plantas, ou seja, muito do reino vegetal se mantém graças à essa ação de polinização deles. Não é algo tão absurdo assim se pensarmos que existem cerca de 20 mil espécies de abelhas espalhadas pelo mundo, realizando esse trabalho constantemente. Isso sem contar que elas são muito importantes para a cadeia alimentar, sendo um tipo de animal que interage de maneira muito harmônica com o ecossistema.
O grande problema é que esses insetos estão cada vez mais ameaçados com uma urbanização desenfreada, incêndios florestais e a utilização indiscriminada de agrotóxicos. Imagine só o desastre ambiental que não ocorreria com uma extinção em massa de abelhas? É por isso que precisamos cada vez mais de uma consciência ambiental, para o bem da natureza, e para o nosso próprio bem. Assim, além de ecossistemas preservados, continuaremos a aproveitar o que a natureza oferece (incluindo aí um delicioso mel de abelha).