A principal característica dos quelônios talvez seja a sua cobertura (ou carapaça) óssea, constituída por ossificações associadas a um conjunto de vértebras, que também constituem uma cintura torácica, em uma estrutura formada por dorso (carapaça) e ventre (plastrão).
Os quelônios são membros da ordem Testudines ou Chelonia, que abriga as espécies conhecidas como cágados, tartarugas e jabutis, além do “bicho de casco”, para algumas populações amazônicas.
O seu ancestral comum é o Proganochelys, um ente quase fantástico, que teria vivido há cerca de 210 milhões de anos, e a partir do qual surge a comunidade Chelonia, ainda subdividida em Pleurodira e Cryptodira, com os primeiros caracterizados por curvar e mergulhar a cabeça para o lado, enquanto os segundos mergulham a cabeça para dentro do casco em forma de “S”.
Dentre as principais características desses animais, destaca-se o fato de serem eles animais marinhos de água doce, ou terrestres. Sendo os cágados típicos animais de água doce; as tartarugas, de água doce e salgada; enquanto os jabutis são aqueles quelônios de vida quase que exclusiva em terra firme.
São mais de 330 espécies diferentes, distribuídas em 13 famílias e em 75 gêneros, sendo que no Brasil podem ser encontradas cerca de 35 espécies, com destaque para a monumental Podocnemis expansa, a “tartaruga-da-amazônia”, a maior tartaruga de água doce do planeta, com cerca de 75 centímetros de carapaça, e por isso mesmo um dos símbolos da fauna brasileira.
Tudo indica que o período “Carbonífero” (359 a 299 milhões de anos) tenha sido o período de surgimento dos quelônios, provavelmente a partir de Diápsidas, uma comunidade de répteis com profundas ligações com os dinossauros, e a partir dos quais também surgiram os crocodilos, os lagartos, lagartixas, algumas aves, entre outras espécies atualmente descritas.
E quais as Demais Características e Singularidades dos Quelônios?
Os quelônios, sem dúvida, estão entre as espécies mais exóticas e envolvidas em lendas e crendices dentre todas as que se conhece atualmente na natureza.
Eles são exemplos vivos de toda a extravagância que pode ser encontrada na fauna do planeta, muito por conta do fato de, à primeira vista, não deixarem dúvidas de que ali estão alguns dos parentes (deixados na terra) dos dinossauros, para o deleite das gerações futuras – verdadeiramente extasiados com a possibilidade de presenciar o passado como se ele ainda fizesse parte do presente.
Os quelônios chamam a atenção logo de cara pelo vigor das suas carapaças, uma verdadeira “armadura” de combate, capaz de protegê-los de forma adequada aos mais diversos ataques de predadores e de acidentes de percurso durante as suas investidas, muitas vezes atabalhoadas, em busca de água e alimento.
E o curioso é saber que essas armaduras, constituídas basicamente por queratina, possui uma singular capacidade de regeneração; e à medida que esses animais vão crescendo, novas camadas de queratina vão sendo depositadas; e outras, e outras, e mais outras; o que acaba por constituir espécies de anéis que acredita-se poder contar as suas idades.
Apesar de não ser essa uma das principais características dos quelônios, também chama bastante a atenção neles o fato de não possuírem uma estrutura dental; no lugar dela o que eles desenvolveram foi um conjunto de lâminas bastante poderosas, capazes de cortar e triturar as mais variadas espécies vegetais que lhes garantam o sustento.
A Alimentação dos Quelônios
Ao que tudo indica, os quelônios são animais onívoros e oportunistas, que satisfazem-se bem com uma dieta à base de folhas, flores, frutos, legumes, verduras, sementes, e até pequenos insetos, artrópodes e moluscos – nesse último caso, quando há escassez das suas iguarias preferidas.
Na verdade eles não são assim tão exigentes quando o assunto é matar a fome. Eles podem conviver bem com as iguarias que encontram no ambiente onde vivem, como é o caso da nossa Podocnemis expansa (a tartaruga-da-amazônia).
Essa é uma daquelas espécies que, mesmo sendo herbívora, pode partir para uma dieta onívora, ou mesmo para uma carnívora, sem qualquer dificuldade em garantir a sua sobrevivência nesse incomparavelmente disputado bioma da região amazônica.
Como curiosidades acerca da dieta dos quelônios, sabe-se que eles podem também seguir para uma dieta com características sazonais, ou seja, poderão alimentar-se tranquilamente com as espécies típicas de cada estação, e partindo para uma alimentação onívora quando há escassez de alimentos.
Chama a atenção, também, nesses animais, algumas diferenças marcantes na alimentação de jovens e adultos. E o que chama a atenção aqui é o fato de podermos observar estes últimos (e com idade mais avançada) passarem tranquilamente para uma dieta onívora e herbívora com facilidade.
Enquanto os jovens, por sua vez, são os que mais apresentam as características de animais carnívoros, como uma das inúmeras extravagâncias que podem ser observadas nesse universo dos quelônios.
Logo, acredita-se que uma dieta à base de carne seja a ideal para a criação de quelônios jovens em cativeiro, muito por conta das suas exigências relativas ao crescimento – o que exige uma alimentação adequada para quem desde cedo terá que se ver às voltas com inúmeros predadores.
E por esse motivo, fica mesmo para os adultos essa alimentação típica dos animais onívoros, ou mesmo a dos herbívoros, em que os legumes, verduras, frutas, folhas, frutos, flores e sementes deverão ser oferecidas em abundância.
Reprodução
Talvez a principal característica dos quelônios, como vimos até aqui, seja mesmo a formação da sua singular carapaça, que funciona como um poderoso escudo contra os mais variados tipos de assédios que esses animais costumam sofrer na natureza.
Mas a reprodução desses animais também possui as suas peculiaridades. Como o fato de eles serem exclusivamente ovíparos, e também necessitarem de um período mais quente quando aproximam-se da desova, a fim de que a chamada “vitelogênese dos folículos” seja completada adequadamente.
Por ser essa uma reprodução sexuada, é necessário que os indivíduos se procurem de acordo com o período de reprodução de cada espécie.
E após o período de gestação, as fêmeas buscam o litoral, a fim de depositar esses ovos em covas cuidadosamente elaboradas na areia, para que assim seja garantida a perpetuação de uma das ordens mais antigas de que se tem conhecimento na natureza.
Uma comunidade verdadeiramente formidável! A imagem viva de um passado distante! E que ajuda a compor esse não menos formidável e magnífico universo da fauna marinha do planeta.
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