Qual seria, afinal, a função das carapaças? E para que elas servem, afinal? Em zoologia o termo “carapaça” costuma designar uma parte da anatomia de alguns animais; uma estrutura consideravelmente dura, rígida e suficientemente ampla para cobrir boa parte dos seus corpos – em especial as regiões mais vulneráveis.
Também é possível que elas desenvolvam-se como peças interconectadas e soldadas umas nas outras, de forma a que muitos deles apresentem características físicas bastante diferentes – muito por conta, justamente, da distribuição e interconexão de estruturas rígidas para a formação de uma “carapaça”.
Nos crustáceos, elas apresentam-se como estruturas quitinosas, na forma de exoesqueletos capazes de proteger adequadamente os seus cefalotórax.
Já nas tartarugas, o que temos é uma espécie de carapaça óssea, recoberta por escamas queratinizadas e capazes de cobrir quase todo o corpo desses animais – com exceção apenas das chamadas “tartarugas de carapaças moles”, que possuem uma estrutura bastante diferente.
Enquanto isso, nos insetos, essa carapaça recebe o nome de élitro, e possui as mais diversas constituições, a depender da família, do gênero, ou mesmo da espécie em questão.
Mas quase sempre com a função de proteger esses animais contra o ataque de predadores, ou para garantir resistência suficiente contra os mais diversos tipos de acidentes de percurso aos quais toda espécie está sujeita nesse desafiador e cada vez mais surpreendente Reino Animal.
Mas, Então, Qual a sua Função e Para que Afinal Servem as Carapaças?
É tradicionalmente aceito que as carapaças possuem a função de proteger as espécies contra ataques de predadores ou acidentes de percurso. E no caso específico das tartarugas, sabe-se que essa carapaça possui ainda uma camada dupla.
Elas são constituídas, na sua região inferior, por uma estrutural calcificada – ou simplesmente osso. Já a parte superior é constituída por placas de queratina; aquela mesma substância de que se constituem as nossas unhas, porém significativamente mais densa que estas.
E o resultado dessa constituição é um verdadeiro “corpo blindado”; resistente o bastante a diversos tipos de choques e atritos; e que talvez seja o principal responsável pelo sucesso desses animais frente a implacável “seleção natural”; um desafio que só perdoa mesmo as espécies mais adaptadas, como os quelônios, que possuem uma estrutura como essa, tão resistente e difícil de romper durante um ataque.
Ainda sobre as carapaças dos quelônios, sabemos que estas são unidas ao chamado “plastrão” na região do ventre desses animais; uma estrutura constituída por cerca de 50 vértebras que se fundem a essa carapaça; o que torna o conjunto ainda mais original e não comparado a nenhum outro na natureza.
Os Crustáceos
Mas, e nos crustáceos, quais seriam as funções das suas carapaças; e para que elas servem durante a luta pela sobrevivência que esses animais devem encetar durante praticamente toda a existência?
Aqui, mais uma vez, entram as funções de proteção e preservação dos órgãos internos de cada espécie.
Só que, no caso específico dos crustáceos, as suas carapaças costumam ser denominadas de “exoesqueletos” (algo como “esqueleto externo”), suficientemente resistentes também para protegê-los de ataques de micro-organismos patológicos.
Nesse caso, temos uma estrutura composta por quitina, uma espécie de polissacarídeo composto por N-acetilglicosamina, também carregado de carbonato de cálcio, e que confere a essas carapaças (vide as dos caranguejos, por exemplo) uma rigidez e dureza incomparáveis.
Compreende-se, portanto, que a função das carapaças dos crustáceos seja a de proteção das suas estruturas internas; algo que, assim como nos quelônios, configurou-se como as suas principais armas para ultrapassar essa terrível “seleção natural”, e para a garantia de praticamente perpetuarem-se no seio da natureza selvagem.
A Troca ou Muda das Carapaças dos Crustáceos
Como uma curiosidade acerca dessas carapaças dos crustáceos, e que também diz muito sobre para que elas servem nos seus cotidianos, chama bastante a atenção o fato de esses animais precisarem trocar constantemente essa estrutura.
Isso porque elas, apesar de os protegerem de forma magnífica, acabam funcionando como uma espécie de barreira contra o crescimento desse animais.
É aí então que a natureza, mais uma vez, põe em ação algumas das suas “cartas na manga”, já que dotou esses animais com a capacidade de trocar as carapaças durante os seus desenvolvimentos, em uma espécie de “muda” que é uma das principais características biológicas das espécies dessa comunidade.
Mas são vários estágios durante esse fenômeno. Eles terão que passar por uma “intermuda”, que consiste no uso de uma carapaça ideal até que se faça necessária a primeira troca.
Até que então surge a fase da “pré-muda”, na qual um novo esqueleto é formado sob o velho, porém com uma estrutura menos rígida e suficientemente mole para que não haja qualquer tipo de atrito entre os dois revestimentos.
Finalmente, era de começar vida nova! E aí então surge a fase de “muda”; e durante essa fase o antigo exoesqueleto (que está por sobre o novo) é totalmente eliminado, e o corpo do animal expandido, até que uma acomodação natural permita que o novo exoesqueleto enrijeça – em um dos fenômenos mais originais que podem ser observados no seio da natureza selvagem.
As Controvérsias Sobre a sua Função
E como também não é nada incomum quando o assunto são os eventos que podem ser observados no seio da natureza, as funções das carapaças também são cercadas pelas suas polêmicas e controvérsias.
E uma delas diz respeito à sua real função de proteger esses animais.
E quem diz isso é um grupo de pesquisadores do Denver Museum of Nature, na cidade de Denver, Colorado, Estados Unidos, segundo os quais essas carapaças na verdade possuem a função de proteger e facilitar a vida dos quelônios durante as escavações subterrâneas; além de facilitar a entrada, o tráfego e a saída desses animais dessas regiões.
Durante o estudo, os pesquisadores utilizaram inúmeros exemplares fósseis, a maioria deles datados de mais de 250 milhões de anos, e o resultado das suas conclusões estão atualmente publicados na revista Current Biology, sob a autoria do biólogo Tyler Lyson, bacharel em biologia pela Swarthmore College em 2006 e Doutor em paleontologia pela prestigiada Universidade de Yale, EUA.
Como não poderia ser diferente, segundo Lyson, espécies como os quelônios, constituídas por uma carapaça tão resistente, tornaram-se capazes de passar do ambiente aquático para o terrestre com maior facilidade; sem serem presas tão fáceis de alguns dos mais terríveis predadores da natureza.
Mas, no caso específico dos quelônios, a sua função inicial teria sido totalmente outra; era apenas e tão somente a de garantir-lhes uma melhor qualidade de vida no ambiente subterrâneo ao qual eles pertenciam.
Logo, supõe-se que esse ambiente, segundo essas investigações, teria sido o primeiro habitat natural dessa exótica comunidade dos quelônios há centenas de milhões de anos, como uma das inúmeras curiosidades que podem ser observadas no seio dessa fascinante comunidade Testudines.
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