A principal diferença entre o tracajá e a tartaruga, é que o primeiro é uma espécie de cágado típico dos ecossistemas da Amazônia, bastante comum também nos ambientes de água doce das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil.
As tartarugas juntam-se a esses cágados e jabutis para compor uma comunidade na qual cada uma dessas é uma espécie à parte, com as suas características e singularidades, e unidas apenas pelo privilégio de pertencerem à ordem Testudines, uma das mais antigas de que se tem registro na natureza.
O exemplar de um tracajá dificilmente ultrapassa os 44 ou 46 cm de comprimento e 7 a 8kg de peso. E eles chamam a atenção por serem bastante apreciados pelo tráfico ilegal de animais silvestres, além de, curiosamente, ajudar a compor a dieta de diversas comunidades nativas dos ecossistemas onde vivem.
Não é por outro motivo que eles desenvolveram a estratégia bastante oportuna de só realizarem a postura de ovos em barracos, regiões úmidas e limitadas por rios e lagos, já que a sua pouca desenvoltura no ambiente terrestre é um dos principais responsáveis por torná-los presas tão fáceis.
Os filhotes de tracajás são seres muito frágeis e facilmente capturados; e por isso mesmo é que dentro dessa comunidade dos quelônios eles estão entre os que mais despertam a atenção e cuidados das principais entidades ligadas à proteção aos animais no mundo.
Outras características dos tracajás, são as suas manchas amareladas e bastante vivas que desenvolvem-se nas cabeças dos indivíduos ainda jovens; mas que vão desaparecendo com o tempo, até que eles adquiram as características que lhes são peculiares.
Uma fêmea de tracajá costuma pôr cerca de 15 a 20 ovos por ninhada, para serem incubados por cerca de 3 ou 4 meses, para que apenas não mais do que 2 ou 3 filhotes consigam atingir a fase adulta, como uma das principais diferenças ente esses tracajás e as tartarugas.
Isso ocorre muito por conta da verdadeira odisseia que esses pequenos precisam enfrentar no deslocamento entre os ninhos e o ambiente aquático; trajeto no qual eles terão que enfrentar o assédio de águias, gaviões, cães e gatos-selvagens, onças, entre outros predadores que fazem um verdadeiro extermínio desses pequenos tracajás quando ainda filhotes.
O Universo das Tartarugas
As tartarugas, como dissemos, diferem dos tracajás por pertencerem a gêneros diferentes, e também pelas suas características físicas, biológicas, genéticas e pelos seus habitats naturais.
Elas, como já sabemos, são animais aquáticos de “vida dupla”, podendo ser encontradas, tanto em águas salgadas como em água doce, diferentemente dos tracajás (ou cágados) que habitam exclusivamente o ambiente de água doce.
As tartarugas chamam a atenção também pelo seu conjunto de peças ósseas dérmicas, seladas entre si para constituir uma carapaça que cobre todo o seu dorso e junta-se ao plastrão – a parte ventral desses animais, onde ficam as vértebras que também, curiosamente, fundem-se à carapaça.
Elas são típicos animais migratórios, capazes de fazer incríveis percursos pelos oceanos durante os seus respectivos períodos reprodutivos; quando então é possível observar em algumas regiões a formação de verdadeiras comunidades de tartarugas marinhas em períodos de desova.
A Comunidade dos Quelônios
À parte essas diferenças entre as espécies de tartarugas e tracajás, no que elas concordam mesmo é quanto a pertencerem a essa quase lendária comunidade ou ordem Testudines.
Esta abriga espécies diapsidas, cuja principal característica, como vimos, é a presença de uma carapaça dorsal, que une-se ao plastrão (e às costelas dos animais), além de formar com a sua clavícula um todo bastante consistente.
São cerca de 14 famílias, para mais de 350 espécies, na maioria dos casos habitantes de regiões tropicais, subtropicais e temperadas, e ainda com a característica de estarem entre as espécies mais ameaçadas de extinção do planeta.
Na verdade os termos cágados, tartarugas e jabutis não podem ser considerados definições taxonômicas para esses animais, por isso mesmo as diferenças entre tartarugas e tracajás estão mais ligadas aos seus comportamentos do que propriamente às suas posições filogenéticas, que são consideradas ainda um verdadeiro mistério para a ciência.
Ainda com relação às características dessa ordem, sabemos que ela também pode ser referida como Chelonii, Chelonia ou mesmo Testudinata – nesse último caso, como uma contribuição de Linnaeus, em 1758, o responsável por descrever essa ordem em todas as suas singularidades e características.
A Comunidade dos Quelônios no Brasil
O Brasil é um verdadeiro paraíso para essa comunidade dos quelônios. É aqui, por exemplo, nas águas quentes e aconchegantes da Praia do Forte, na Bahia, que a maior tartaruga do mundo, a “Tartaruga-de-couro” (ou Dermochelys coriacea), com os seus mais de 750 kg, encontra um porto seguro para a desova.
Aqui é possível encontra cágados, jabutis, tartaruga e tracajás; cada um com as suas características mais marcantes; os jabutis como habitantes dos ecossistemas terrestres, as tartarugas com preferência pelas águas doces e salgadas, enquanto os cágados e tracajás preferem mesmo é o ambiente calmo e agradável dos ambientes de água doce.
O curioso é que em alguns países europeus o termo “cágado” pode referir-se a apenas algumas espécies de tartarugas, enquanto o termo “tartaruga” pode designar todos os membros dessa comunidade dos quelônios, como uma das principais singularidades que podem ser observadas no seio dessa ordem Testudines.
Os membros dessa ordem Testudinata podem ser encontrados em quase todos os territórios do planeta, com exceção da Antártida, regiões alpinas e polares, que, obviamente, não são capazes de abrigar uma comunidade que podemos chamar de “tropical” e “temperada” por natureza.
E quanto aos seus hábitos alimentares, os quelônios caracterizam-se por apreciar uma dieta típica dos animais onívoros; eles costumam satisfazer-se bem com um bom banquete à base de pequenos insetos, moluscos, artrópodes, sementes, raízes, folhas, brotos, legumes, frutas, verduras…
Ou seja, uma comunidade que não possui a menor dificuldade em garantir a sua sobrevivência sob as mais variadas condições climáticas. Facilmente adaptável também às mais variadas condições de existência.
E por isso mesmo entre as comunidades mais antigas de que se tem registro na natureza. Como uma espécie de retrato vivo das origens da vida na terra.
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