Podemos dizer que o escaravelho é o irmão “famoso” do besouro, pertencente a uma mesma ordem, a Coleoptera. Famoso porque no Egito Antigo os egípcios consideravam o Escaravelho um inseto sagrado (scarabeurs sacer), uma divindade com poder de vida, morte e reencarnação. Eram usados como amuletos nas mumificações porque acreditavam que o amuleto protegia o morto em sua viagem para o além e dava-lhe sorte, garantindo seu retorno à vida.
Fisicamente, o que diferencia o escaravelho dos demais besouros é que o primeiro possui uma antena curta, com ponta grossa, que possui lâminas pequenas embaixo, com três lâminas maiores na ponta.
Em contraste com sua fama sagrada, popularmente o Escaravelho é conhecido como besouro do esterco, rola-bostas, carocha, carochinha, capitã, cascudo coró, caracachá, bicho-bolo, touro-voador, besouro-de-chifre, bicho-gordo e bicho-bola.
Devido à sua beleza e brilho, dentre os escaravelhos destacam-se os besouro-golias besouro-hércules e besouro-joia. A espécie Pocilia japônica é conhecida como praga. Comuns no Brasil, podemos destacar os Canthon e Dichotomius, besouros do esterco.
Além do escaravelho, os insetos mais populares da ordem Coleoptera são o besouro-golias e a joaninha. Na sequência vem o gorgulho, conhecido também como broca, bicudo ou nenerri, que trazem danos à agricultura.
Simbolismo
Segundo os egípcios, o escaravelho é um símbolo sagrado porque, além de representar a ressurreição e a sabedoria divina, representa o sol, o qual, como um Deus, sempre volta, renascendo de si mesmo, apresentando um ciclo solar que envolve o dia e a noite.
O símbolo do escaravelho, na arte egípcia, é representado por um escaravelho carregando o Sol entre as patas, assim como age com seus excrementos, renascendo de sua decomposição.
Esse símbolo era usado como amuleto pelos egípcios. Era, ainda, colocado nas múmias, no lugar do coração, que acreditavam ser a testemunha moral do falecido, julgando sua consciência. Com o amuleto sobreposto a ele, era impedido de testemunhar contra o falecido.
Enquanto o escaravelho demonstra esforço e concentração para transformar em uma bola e carregar seu próprio excremento, o fato de gerar-se por ele mesmo, faz com que a referida bola represente o Ovo do Mundo
Características do Escaravelho
- Possui corpo robusto e compacto
- Apresenta várias cores foscas, metálicas e brilhantes
- Mede de 1,4 milímetros a 16,6 centímetros
- Tem pernas com pequenos espinhos e garras afiadas
- Algumas espécies apresentam dimorfismo sexual, os machos têm chifres na cabeça e no tronco
População e Distribuição
Existem aproximadamente 30 mil espécies de escaravelhos em quase todos os continentes do mundo, com exceção do norte da Europa e regiões polares.
Ciclo de Vida e Reprodução
Passam por completa metamorfose, como os outros besouros, envolvendo diversos estágios como: ovo, larva, pupa e adulto. Mensalmente as fêmeas geram entre 60 e 80 larvas.
Alimentação
Em algumas espécies a larva se alimenta de madeira em decomposição, como madeira podre, fezes, carniça, dentre outras, enquanto o adulto se alimenta com a parte de vegetais, pólen, frutas e folhas.
Alimentam-se, em especial de fezes de animais como cavalos, bois e porcos. Fazem uma bola com as fezes e as rolam para sua toca.
Ecologia e Meio Ambiente
Poucas espécies são consideradas pragas: em sua maioria, atuam como polinizadores e decompositoras de matéria orgânica. Em algumas espécies, como a do escaravelho sagrado, as fêmeas fazem uma bolinha de excremento de animais, retirando-os do solo, impedindo que disseminem doenças. Cobrem-na de barro e nela depositam o ovo, e logo após enterram. Com o transporte e o enterramento dos excrementos, aceleram o processo de reciclagem dos nutrientes e reinserem a matéria orgânica no solo, melhorando sua aeração e fertilidade.
Curiosidades:
- Em diversos locais da Terra, as larvas de algumas espécies de escaravelhos são consumidas como alimento. Exemplo desse costume é o Equador, onde escaravelhos da espécie Platycoelia lutescens, quando adultos, são utilizados em pratos típicos.
- Já na África e na América do Sul suas carapaças viram objetos de decoração muito apreciadas.
- Outras espécies de porte grande, como o Besouro-hércules (Dynastes hercules), um dos maiores que existem – mede até 17 cm – e são utilizadas como exóticos animais de estimação.
- No Japão, é comum crianças cria-los dentro de vidros ou caixas de plástico com pedaços de madeira, em imitação ao seu habitat. Os besouros são alimentados com frutas e comidas especiais, como uma gelatina desenvolvida para este fim, à venda em pet shops do país.
- Os chifres dos escaravelhos são associados à competição sexual. As fêmeas preferem parceiros com chifres grandes, os quais podem expulsar insetos de um ninho rico em fezes para abastecer sua parceira e prole.
- Chifres grandes são doa machos, quase que com exclusividade. Quando a espécie apresenta fêmeas com chifres longos no tórax e na cabeça, são elas que defendem a prole e o ninho, revertendo o papel sexual de defesa.
- Espécies que precisam voar para localizar seus alimentos, têm chifres na cabeça para não comprometer as asas. Em espécies noturnas, que utilizam muito os olhos, têm os chifres em outros lugares do corpo, menos na cabeça.
- Alguns filmes espalharam a crença de que escaravelhos são venenosas. Ou então que podem devorar um ser humano. Mas não é verdade. Algumas espécies se alimentam de carne em decomposição, mas não de corpos.
- Escaravelhos têm comportamentos básicos para estocar alimentos. A maioria dos besouros pratica o paracoprismo, isto é, escavam redes de tuneis ao lado do monte de fezes ou logo abaixo e puxam as bolotas de excremento para baixo.
- Outras espécies apenas rolam esferas de alimento para uma câmara escavada, praticando o telecoprismo.
- Existem, ainda os escaravelhos que praticam o endocoprismo, isto é, se alimentam e formam ninhos no interior da bola de alimento.
Subfamílias
Os grupos de Escaravelhos são agrupados em subfamílias com hábitos diferentes, de acordo com cada pesquisador. Em 2011 a pesquisadora Patrice Bouchard montou o catálogo Family-group in coleóptera (Insecta), assim classificada, segundo a ordem cronológica de inúmeros registros:
1801 – Scarabaieinae, por Latreille
1815 – Aphodiinae, por Leach
1815 – Cetoniinae, por Leach
1819 – Melolonthinae, por Leach
1819 – Rutelinae, por MacLeay
1819 – Dynastinae, por MacLeay
1840 – Aegialinae, por Laporte
1845 – Chironinae, por Blanchrd
1847 – Phaenomeridinae, por Erichson
1850 – Aclopinae, por Blanchrd
1911 – Dynamopodinae, por Arrow
1918 – Termitotroginae, por Wasmann
1940 – Allidiostomatinae, por Arrow
1946 – Aulonocneminae, por Janssens
1947 – Orphninae, por Ericson
1977 – Eremazinae, por Lablokoll-Khnzorian
1992 – Lithoscarabaienae, por Nikolajev
1995 – Cretoscarabaeinae, por Nikolajev
2000 – Prototroginae, por NikolajevV