Os principais predadores das corujas são alguns tipos de serpentes, gaviões, cachorros-do-mato, gatos-do-mato e eventualmente algumas espécies de felinos. As suas presas, por sua vez, são pequenos mamíferos, roedores, aves, insetos, moluscos, entre outros animais de pequeno porte.
Visão e audição privilegiadíssimas, capacidade de voar de forma silenciosa, uma singularíssima habilidade para girar o pescoço até 270°, entre outras características, também fazem da coruja um grande desafio para os seus predadores, que não têm vida fácil durante a caça a essas espécies.
Com relação aos seus hábitos alimentares, uma curiosidade é a sua capacidade de aceitar as presas com as constituições físicas mais complexas. E, para isso, ela utiliza a curiosa habilidade de ingeri-los por inteiro, e logo após regurgitar as partes não digeríveis, como ossos, penas, bicos, garras, entre outras estruturas não tão saborosas.
Calcula-se que, no mundo, existam mais de 200 espécies de corujas. E no Brasil, estima-se que haja cerca de 22 – os famosos “mochos” e “caburés” -, como o jacurutu, o caburé-miudinho, a coruja-buraqueira, a suindara, a corujinha-do-mato, entre outras espécies.
Essas espécies espalham-se pelos trechos que ainda restam de Mata Atlântica, pela exuberância dos Cerrados e dos Pampas Gaúchos, também pela mítica Floresta Amazônica e até mesmo pelas paragens desoladas da Caatinga.
Por isso mesmo, não é tarefa assim tão fácil determinar, com precisão matemática, quais são os “predadores oficiais” das corujas, assim como também não é fácil afirmar, categoricamente, quais espécies são suas presas e quais jamais poderão ser.
As Defesas Das Corujas Contra as Suas principais Presas
Na luta pela sobrevivência, as espécies, como não poderia ser diferente, precisam desenvolver cada qual as suas técnicas de fuga e de ataque. E as corujas estão entre os animais que, mesmo estando (ao menos em tese) no topo da Cadeia Alimentar, têm alguns potenciais predadores, principalmente os filhotes e as espécies menores e mais fracas.
Para defender-se, elas utilizam-se (como a maioria das espécies) de técnicas de defesa ativas e passivas, em que a primeira contempla o ataque e a fuga, enquanto a segunda abrange as principais técnicas de camuflagem.
Para escaparem dos seus predadores, algumas corujas lançam mão também de artifícios, como aumentarem de tamanho, dilatando a sua plumagem. Outras emitem sons estridentes, estalam os seus bicos, etc.
Há espécies, por exemplo, que preferem o chamado “comportamento de tumulto” ou “mobbing behaviour” que, de acordo com Hartley (1950): “É uma demonstração comportamental feita contra um potencial inimigo de outra espécie maior. É iniciado pelo membro da espécie mais fraca, e não é reação a um ataque…”
Esse é um recurso utilizado por espécies como a Asio clamator ou a Tyto alba que, diante de um predador, podem unir-se em grupos e cercá-lo; e, logo após, partem para um tipo de assédio que envolve voos rasantes e agressivos às sua volta, sons estridentes, movimentos bruscos da asas, entre outros artifícios – quase que desesperados – na tentativa de afastar o inimigo.
Mas um dos seus principais artifícios é mesmo a singular técnica da camuflagem! E aqui a Megascops asio é quase imbatível! A sua capacidade de praticamente tornar-se uma extensão de um árvore na qual está pousada faz com que os seus principais predadores passem grandes privações, principalmente se elas são as suas presas favoritas.
Quando a Camuflagem Livra as Corujas dos Seus Predadores
1.Caburé (Glaucidium brasilianum)
O Caburé é um das espécies de corujas tipicamente brasileiras. Com não mais do que 16cm, elas estão entre as menores do mundo, e espalham-se por trechos de Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, entre outras regiões, onde elas exibem a sua rústica coloração entre o cinza e o castanho, com alguns detalhes em preto e branco.
Para proteger-se dos seus principais predadores, essas corujas utilizam-se de uma singularíssima ferramenta oferecida a elas gratuitamente pela natureza.
São dois sinais na parte de trás das suas cabeças semelhantes a dois olhos. Tais pontos são suficientes para confundir os seus inimigos, que acreditam, inocentemente, que elas estão atentas a todos os seus movimentos.
2.A Coruja-Buraqueira
A Athene cuniculária é uma espécie de hábitos noturnos e diurnos originária da América do Norte. Os seus filhotes, para se defenderem do assédio dos predadores, possuem a curiosa habilidade de imitar o som de cobras, como as cascavéis, por exemplo. Ao ouvir tão assustadora manifestação, o mais comum é que o predador dê meia volta e desista da arriscada empreitada.
Mas não é preciso nem dizer que, nesse caso, as cascavéis são os principais predadores de filhotes de coruja-buraqueira, já que, além de não terem a audição como um grande predicado, contra as cascavéis, obviamente, tal habilidade não consegue surtir o efeito esperado.
3.O Mocho-de-Faces-Brancas
Ele é o Ptilopsis granti, uma espécie típica do Sudeste Asiático que dificilmente ultrapassa os 27cm. Por ser um animal bastante vistoso, de olhos grandes e densa plumagem, em condições normais torna-se um alvo fácil para diversos tipos de serpentes, gaviões, cachorros-do-mato, gatos-do-mato, entre outras espécies.
Para escapar de tais inimigos, eles utilizam a eficiente técnica de “transformarem-se” em outra coisa, por meio do alongamento do seu corpo, e ainda encolhendo as pernas e fechando os olhos, para tornar-se praticamente a extensão de um galho ou de um tronco de árvore onde porventura estejam assentados.
No entanto, caso o tal recurso, por algum motivo, acabe falhando, aí entra em ação a sua capacidade de “inflar-se” e aumentar, sensivelmente, o seu tamanho! Através da técnica de aumentar o volume da sua plumagem, eles conseguem dar a impressão de que são mais ameaçadores do quer realmente são.
4.Coruja do Ártico ou Coruja-das-Neves
Por fim, a Bulbo scandiacus, uma espécie originária das florestas de tundra, das planícies e pradarias, dos campos costeiros, das bordas de mares gelados, entre outras vegetações de ecossistemas da Escandinávia, Groenlândia, Canadá, Alasca, Rússia, Islândia e de outras regiões do distante Círculo Polar Ártico.
A coruja-das-neves geralmente mede entre 51 e 72 cm de comprimento, 1,23 e 1,5 m de envergadura, possui entre 1,5 e 3kg de peso, entre outras características, que a fazem ser quase um símbolo das espécies típicas de ambientes gelados.
Aqui temos um exemplo clássico, não de camuflagem, mas de uma espécie que soube tirar um bom proveito de alguns mecanismos que determinam a seleção natural.
Por ser totalmente branca, a sua camuflagem torna-se quase perfeita; e isso as faz passar totalmente despercebidas em várias situações; e ainda, por tabela, torna a vida dos ursos-polares, morsas, elefantes-marinhos, entre outros predadores dessa região, um verdadeiro inferno na tentativa de fazerem delas as suas presas.
Gostou desse artigo? Deixe a resposta na forma de um comentário. E aguardem as próximas publicações.
Um comentário
Pingback: Coruja-Buraqueira: Reprodução | Mundo Ecologia