O Porco-ibérico hoje pode ser criado no Brasil, e como podemos ver nessas fotos, eles possuem as características típicas de um reprodutor nato.
A espécie é originária da calma, pacata e charmosa província da Estremadura, próxima à fronteira entre Portugal e Espanha.
A região é um encanto! É a terra da famosa “siesta” (o descanso vespertino) espanhol! Uma espécie de “elo perdido” entre o passado e o presente! Um verdadeiro patrimônio histórico e cultural da Espanha, com as suas ruas tranquilas, ruínas medievais e esboços de alguns castelos onde antes assentava-se a antiga nobreza.
É de lá que vem essa variedade do nosso tão conhecido gênero Sus, da família Suídae, que abriga inúmeras variedades da espécie Sus scrofa domésticus (o por doméstico), entre os quais, o Porco-ibérico (o Sus scrofa mediterraneus), um dos tipos mais comuns dessa regiões do continente europeu.
O Sus scrofa mediterraneus, como dissemos, atravessou o Atlântico, diretamente dos bosques e florestas arbustivas da singular região da Estremadura (Espanha), para tornar-se, também no Brasil, a base para a produção da original variedade de presunto conhecida como “pata negra” – simplesmente o melhor da Península Ibérica.
O Porco-ibérico é criado à base de vegetais, cereais e, principalmente, das famosas “belotas” – o fruto de uma espécie de castanheira que cresce em abundância nos bosques e florestas arbustivas desse trecho da Espanha.
O que se diz é que as tais belotas é tudo de que essa variedade de porcos precisa para crescer forte e saudável!
Mas no Brasil, os Porcos-ibéricos, como podemos ver nessas fotos, tiveram que adaptar-se às características da nossa tropicalidade.
Foram necessárias algumas adaptações para que eles pudessem desenvolver-se, aqui no Brasil, com as suas principais características; características que os tornaram verdadeiras celebridades da criação de suínos na Península Ibérica.
O Porco-Ibérico no Brasil: Características e Fotos
Como dissemos, para a sua criação no Brasil, os Porcos-ibéricos tiveram que adaptar-se às condições climáticas, mas também alimentares de que dispomos.
Por isso mesmo, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos determinou que os interessados em manter o negócio da criação de Porcos-Ibéricos deverão comprovar condições de oferecer aos animais uma dieta que contenha pelo menos entre 40 e 50% dessas chamadas belotas ou castanhas do mediterrâneo.
Isso é necessário, entre outras coisas, pelo fato de que a consistência e as características da sua carne (como a de qualquer outro animal) são o resultado dessa dieta, feita essencialmente à base dessas famosas castanhas que espalham-se por aquele trecho da Espanha.
São elas, também, que garantem a produção do original presunto “pata negra” com as suas características que são tão marcantes. – E quanto a isso, a fiscalização brasileira é das mais rigorosas!
Um criador que não demonstre possuir a iguaria em sua propriedade pode até mesmo ser punido com uma advertência, que poderá progredir para uma multa, e culminar com a suspensão das suas atividades.
Além de oferecer uma dieta típica daquela região da Espanha, quem quer que pretenda iniciar-se nesse segmento, deverá comprovar, por meio de documentação, a originalidade dos porcos.
Terá que comprovar que realmente pertencem à variedade de Porcos-Ibéricos, saídos diretamente da região do Mediterrâneo – mais especificamente ainda, da região fronteiriça entre Portugal e Espanha.
Fotos, Descrições E Características Dos Porcos-Ibéricos Criados No Brasil
O Porco-ibérico é, verdadeiramente, uma raça cheia de peculiaridades! A começar pelo fato de que o consumo, há séculos, dessas tais “belotas”, resultou na produção de uma raça de porcos com uma carnes extremamente rica em ômega 9, também conhecido cientificamente como “ácido oleico”.
Essa é uma substância de cor amarelada, com um odor bastante característico; espécie de ácido graxo monoinsaturado, que é o mesmo encontrado no azeite de oliva.
Esse teor de ômega 9, encontrado em abundância na banha dos Porcos-ibéricos, é o que torna o sabor da sua carne tão característico, e que faz com que o presunto feito com essa raça de animais possua um sabor incomparável – dificilmente reproduzido por outras raças criadas no Brasil.
Além de conferir um sabor único, esse ômega 9 ainda pode ser considerado um dos principais aliados da saúde de um indivíduo, devido à sua capacidade de diminuir o famigerado LDL (o colesterol ruim) e manter estáveis os níveis de HDL (o “bom colesterol”).
Com relação às características reprodutivas dos Porcos-ibéricos, importa saber que as fêmeas costumam dar à luz duas ninhadas anuais, totalizando entre 10 e 15 leitões por ano, que, durante os primeiros meses de vida, deverão ser criados à base de ração especializada para filhotes.
Após um determinado período, eles passam para uma combinação de ração e belotas, até que chegue o momento em que as suas dietas devam basear-se em pelo menos 40% de belotas (as castanhas da Estremadura); o suficiente para que, ao atingirem entre 150 e 200 quilos (por volta de 1 ano e meio de vida), já estejam prontos para o abate.
O Segmento Da Suinocultura No Brasil
O cenário atual da suinocultura brasileira não é dos melhores. O aumento dos custos de produção, os baixos valores cobrados por suínos vivos, aumento do preço da ração (especialmente o milho), muito oferta, pouca demanda, entre outras dificuldades, vem fazendo com que até mesmo as exportações passem por momentos difíceis.
Mas, apesar disso, o país ainda figura entre os 4 principais exportadores de suínos do mundo – só atrás da China (a gigante da suinocultura), da União Europeia e dos Estados Unidos.
De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), alguns produtores, inclusive, vem atuando com prejuízo, o que tem feito com que a palavra de ordem seja: Inovar!, e conquistar novos mercados compradores da nossa carne suína (hoje exportada em massa apenas para a Rússia – cerca de 40%).
Ao que tudo indica, o segmento está se movimentando! Já surgem novos mercados consumidores no Chile, Angola, Uruguai; e até mesmo a poderosa China vem sendo cortejada pelo Brasil – respondendo bem a esse assédio, e trazendo em comboio mercados como os de Singapura, Hong Kong, Taiwan, entre outros países asiáticos.
Agindo nessa direção – e ainda utilizando-se de inteligência na hora da compra de grãos – , a expectativa é a de que nos próximos anos o segmento volte a responder como no passado. E, dessa forma, continuar a contribuir para manter o Brasil como uma das principais potências do segmento de produção e exportação de carnes do mundo.
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