Talvez não faça sentido a pergunta “por que as minhocas têm cinco corações?”, já que na verdade os seres vivos desenvolvem determinadas características sem uma razão específica. Tais características apenas funcionam como uma vantagem a mais, que garantem que eles possam atravessar a famigerada “seleção natural”.
Animais que saltam têm maiores condições de escapar de predadores do que os que não saltam em um determinado ecossistema. Logo, estes terão mais chances de manterem-se vivos em grandes populações, e dessa forma perpetuarem as suas espécies gerando filhos.
Essa mesma explicação pode aplicar-se às minhocas. Estas, por possuírem um complexo sistema circulatório composto por até 15 pares de dilatações (os “corações”) ao longo do seu percurso, acabaram ganhando vários inttrumentos capazes de armazenar “sangue” e enviá-lo para todas as partes do corpo.
Isso tornou-se, para elas, uma vantagem, já que esse sistema circulatório também recebe oxigênio e nutrientes (e na verdade todo o material resultante da sua digestão), permitindo-lhes sobreviver adequadamente nas profundezas dos solos – e ainda regenerarem partes dos seus corpos que porventura tenham sido perdidas.
E é justamente porque têm cinco (ou mais) corações que elas conseguem sobreviver adequadamente no ambiente subterrâneo, e ainda com condições (auxiliadas por esse sistema) de ingerir todo o material orgânico à sua volta, metabolizá-lo com a ajuda do seus sistema circulatório, e devolvê-lo na forma de húmus – um material valiosíssimo para o enriquecimento do solo utilizado na agricultura.
O Sistema De 5 Corações Das Minhocas
O sistema circulatório das minhocas não é menos extravagante do que os demais sistemas que as compõem. Basta saber que o “sangue” que percorre os vasos e dutos deve sempre encontrar-se nesses corações ou “arcos aórticos”, que geralmente ficam posicionados aos pares próximos da cabeça.
Essas “bolsas” podem somar de 5 a 30 unidades, que dilatam-se com a passagem do sangue e contraem-se para receber uma nova carga.
Mas esse sistema também conta com duas importantes artérias: a artéria dorsal e a ventral. A primeira localiza-se na parte de cima do animal, enquanto a segunda, como o seu próprio nome nos leva a deduzir, percorre toda a extensão do seu ventre.
E enquanto a artéria ventral transporta todo esse sangue de trás para frente, a dorsal o traz de volta, em uma vai e vem constante; levando e trazendo nutrientes; e dessa forma garantindo a correta respiração do animal, além da eliminação de resíduos, transporte de nutrientes, entre outros processos ligados ao metabolismo das minhocas.
Adicionalmente, podemos aqui também chamar a atenção para a inexistência de pulmões nesses seres. E esse também pode ser apontado como um dos porquês de as minhocas possuírem cinco ou mais corações – para a garantia da correta troca gasosa e para o correto metabolismo do oxigênio absorvido pelo seu sistema circulatório.
Uma Constituição Bastante Original
Agora que já sabemos o porquê de as minhocas terem 5 (ou mais) corações, resta-nos entender um pouco mais sobre esse curioso mecanismo. E aqui, antes de mais nada, devemos entender que cada um dos seus corações (ou “bolsas aórticas”) está ligado a uma artéria.
Nesse caso temos as que ligam-se à artéria ventral para o envio de oxigênio à todas as partes do seu corpo – a partir da parte posterior do animal em direção à frente; enquanto o coração que liga-se à artéria dorsal transporta esse sangue para trás, contribuindo, dessa forma, para a eliminação das fezes na forma de húmus.
É, sem dúvida, um sistema complexo que, por um lado, configura-se como o mecanismo por trás da capacidade das minhocas de se regenerar; e por outro, é o que garante a correta absorção de nutrientes e oxigênio para todas as partes do seu organismo.
Desprovidas de pulmões como são – e ainda precisando viver no ambiente frio, úmido e restrito dos subsolos –, elas dependem de oxigenação e nutrição rápidas (e ininterruptas) dos seus órgãos internos, sem o que dificilmente conseguiriam sobreviver nessas condições; e nem tampouco ultrapassar, com sucesso, o implacável e rigoroso processo de seleção natural ao qual todos os seres são submetidos.
Portanto, como se vê, o que as minhocas têm não são o que podemos chamar de corações, e sim um conjunto de bolsas que dilatam-se quando preenchidas por sangue, e que contraem-se quando este é bombeado para todos os órgãos do seu corpo.
Não há aqui um sistema de bombeamento feito por essas bolsas; é o próprio corpo das minhocas que faz esse movimento semelhante ao da sistole e da diástole do sistema cardiovascular dos humanos.
Minhocas: Uma Espécie Com 5 Corações E Essencial Para a Agricultura
As minhocas são mais, muito mais do que apenas um animal com uma organização exótica, aspecto repugnante e um hábito de vida bem extravagante.
Na verdade elas constituem-se como uma das principais parceiras da agricultura, muito por conta da sua capacidade produzir húmus – um material extremamente rico em nutrientes.
O húmus na verdade são as suas fezes; um material rico em nutrientes que elas produzem após digerir matéria orgânica dos mais diversos tipos; desde folhas, leguminosas, frutas, grãos, entre outros produtos semelhantes; a até mesmo, no caso de algumas espécies, papel e materiais reciclados.
Dessa forma, elas constituem-se como organismos incomparáveis para a degradação dos materiais acumulados em lixões, que por meio da sua valiosíssima contribuição podem ser reduzidos drasticamente; em um dos fenômenos mais curiosos e importantes para a manutenção de um meio ambiente saudável.
As minhocas pertencem à comunidade dos Anelídeos, membros ilustres da classe Oligoqueta. Uma família que abriga nada mais nada menos do que 8.000 espécies distribuídas em mais de 800 gêneros, desde indivíduos com não mais do que alguns milímetros de comprimento a até exuberâncias como a Eudrilus eugeniae, um monumento com cerca de 22 cm, típica das florestas da região oeste da África tropical, considerada uma das maiores fontes de proteínas da natureza.
Enfim, agora que já conhecemos os motivos pelos quais as minhocas conseguiram desenvolver os seus cinco ou mais corações; agora que já conhecemos a sua importância para o meio ambiente e para a agricultura; só nos falta mesmo é fazer com que tamanhos predicados consigam despertar a afeição das pessoas por esses animais.
Pois, apesar de tudo isso, elas ainda figuram no grupo dos seres mais detestados, odiados e repugnantes de todo esse exuberante imponente Reino Selvagem.
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