Infelizmente, uma grande quantidade de espécies com ampla distribuição geográfica no Brasil, vem sofrendo muitos impactos e está sob constante ameaça extinção. A situação de conservação dessas espécies é preocupante e pode comprometer a diversidade biologica nacional. Uma delas, por exemplo, é a Anta. Mas afinal, quais os motivos de sua extinção?
Características Gerais da Anta
A Anta, conhecida cientificamente como Tapirus terrestris, é um mamífero que ocorre principalmente na América Latina, ocupando várias regiões entre o sul venezuelano até a zona norte da Argentina. Popularmente pode ser reconhecida por Anta-sapateira, Tapira, Antaxuré, Anta-gameleira, Batuvira, Pororoca ou Anta-comum.
A palavra “anta” vem de origem árabe, da palavra “lamta”, que significa alce. Também pode ser chama de Tapir ou Tapiretê, que vem da palavra em tupi-guarani “tapi’ira”, que quer dizer “boi da floresta” ou “verdadeiro tapir”.
Taxonomia
É um animal que pertence à ordem dos Perissodáctilos (Perissodactyla), à família Tapiridae, que por sua vez, apresenta somente um único gênero, o Tapirus, do qual a Anta faz parte. Deste gênero, fazem parte cinco espécies de anta, que dentre elas estão:
- Anta de Baird ou Anta Centro Americana (Tapirus bairdii)
- Anta Malaia ou Tapir Malaio(Tapirus indicus)
- Anta-Brasileira (Tapirus terrestris)
- Anta da Montanha (Tapirus pinchaque)
Em 2013, foi descoberta uma nova espécie de anta, a Anta Pretinha (Tapirus kabomani). São parentes diretos da Anta, animais como rinoceronte, hipopótamo e cavalos; que têm como característica marcante, a quantidade de dedos ímpares.
Morfologia
As antas são animais classificados como de grande porte e são consideradas o segundo maior mamífero da América do Sul de vida terrestre: chegam a atingir até 2 metros de comprimento, 1,3 de altura; e pesar aproximadamente 400 kg.
Apresentam uma pelagem com textura uniforme e curta. Quando adultos, a maioria das espécie tem a coloração que varia entre preta, marrom-acinzentado e castanha (somente a Anta Malaia tem o pelo multicolorido, com a maior parte de seu dorso claro e o resto de seu corpo escuro). Já quando filhotes, tem o corpo malhado, com quatro ou cinco linhas longitudinais claras, além de outros traços e manchas irregulares intercalados.
Como alguns animais de sua família, apresenta crina e rabo, sendo este pouco desenvolvido. Possui no fim de suas patas, três dedos, sendo estes revestidos de cascos.Porém, diferente da maioria deles, leva em sua cabeça uma probóscide (espécie de focinho/tromba flexível e longo) que tem como função a ingestão de alimentos que estejam acima de seu corpo (como folhas de árvores/arbustos e frutas).
Habitat e Comportamento da Anta
Estes animais costumam viver em diferentes biomas, sendo que costumam aparecer em locais mais úmidos, como a floresta amazônica e os pantanais. Por isso, tem o costume de habitar locais de extensa vegetação, que estejam próximos a rios e demais cursos de água.
São animais tranquilos, apesar de desconfiados. Apesar de serem solitárias (somente estão acompanhadas quando é época de acasalamento, andando sempre em pares; ou quando as fêmeas ainda estão em meio a seus filhotes), convivem bem com outras espécies de alimentação similar, como o veado, caititu e o porco-do-mato.
A anta costuma ser mais ativa durante o por do sol e o nascer do sol (atividade crepuscular), dormindo a maior parte do dia. Em seu período ativo, costuma sair para forragear (procurar comida). Por gostarem de locais próximo a correntes fluviais, são excelentes nadadoras e utilizam desse artifício para se refrescarem, se livrarem de parasitas e fugir de seus predadores (dentre eles, os grande felinos da América do Sul, como a Suçuarana e a Onça-Pintada).
Alimentação da Anta
Por serem classificados como animais de alimentação herbívora e frugívora, as Antas são consideradas as Jardineiras Naturais. Essa fama se dá, pois, são importantes dispersoras de sementes; o que as tornam fortes aliadas no cuidado da biodiversidade de seu habitat. Diferente de outros dispersores, a Anta espalha essas sementes através de suas fezes.
Costumam se alimentar de uma extensa variedade de vegetais, dentre eles raízes, caules, brotos, folhas e frutos; pastam gramíneas, nas plantações de culturas como a cana-de-açúcar, milho e cacau. Podem comer também casca de árvores e plantas aquáticas. Não são considerados ruminantes, e seu intestino é próprio para fermentação, como os cavalos.
Reprodução e Ciclo de Vida da Anta
Antas de ambos os sexos, atingem a maturidade sexual com 4 anos de idade. As fêmeas passam por vários períodos de cio ao ano, sendo que duram em média, de dois a três dias. Alguns pesquisadores afirmam, que o relacionamento das antas é através da poliginia, devido a maior incidência de fêmeas por habitat. Quando no cio das fêmeas, os machos identificam seu estado e copulam por até cinco horas. O ato pode ocorrer tanto em terra firme, quanto dentro d’água.
O período gestacional de uma anta dura um pouco mais de um ano (cerca de 430 dias), com a gestação de somente um filhote. Ao nascerem, seus filhotes pesam cerca de 4 a 6 kg, sendo que por todo o seu corpo, são apresentadas listras e manchas de coloração branca. Permanecem sendo amamentados até os 11 meses de idade, mas já comem alimentos normais em seus primeiros dias de vida. Após o desmame, as antas se separam de seus pais, já com o pelo similar ao de um adulto (sem as listras brancas). Antas tem a expectativa de vida de até 36 anos, porém, por terem um período gestacional longo e com poucas crias, seu ciclo reprodutivo é lento.
Porque a Anta está em Risco de Extinção?
De acordo com a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, em inglês), as antas se encontram ameaçadas de extinção. Dentre as principais causas desta situação, estão a prática da caça ilegal; doenças provindas de cães e gatos; atropelamentos; o desmatamento e as alterações das florestas em que costumam viver, devido à expansão de zonas rurais e urbanas.
Ainda segundo a IUCN, a expectativa é de que existam pouco mais de 400 espécimes em toda a América Latina e que daqui a três ou mais gerações, este número caia substancialmente. Para reverter esse quadro, foram criadas diversas zonas de proteção e conservação das Antas, sob a responsabilidade da Iniciativa de Conservação da Anta Brasileira pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas. Há também o estímulo por parte das entidades, para a realização de pesquisas que busquem uma solução quanto ao problema da degradação do habitat das Antas.