A Emergência dos Artrópodes
Se pensarmos na história evolutiva dos seres vivos desde o surgimento da vida (ou seja: o surgimento da matéria orgânica que se multiplica), houve muitas idas e vindas desde 3,5 bilhões de anos atrás.
Conforme as entidades orgânicas foram se desenvolvendo e sendo selecionadas por pressões evolutivas, algumas foram sendo extintas, outras continuaram sobrevivendo, mudando em novas espécies, seguindo assim as diretrizes que regem a especiação: basicamente, a ocorrência de derivas geográficas – separação de uma população por algum fator geoambiental, como uma falha continental à uma cheia de um rio, elevação do nível de água e formação de ilhas -, seguidas de deriva genética – a população após ser separada por tanto tempo não pertencem mais a mesma -, originando assim as novas espécies.
Isso é válido para todos os seres orgânicos aqui existem, desde os mais estruturalmente simples como bactérias e protozoários aos grandes e complexos (do ponto de vista celular) animais e vegetais.
Dentro do grupo dos animais, os zoólogos têm uma particular atração em estudar um filo dos invertebrados, o qual agrega a maior quantidade de espécies existentes: os Artrópodes.
O fascínio por esses invertebrados pode ser justificado à sua proporcional biodiversidade, já que de todas as espécies identificadas no mundo, mais da metade delas pertence aos Artrópodes, mais especificamente a classe Insecta (sim, os insetos).
Entretanto há outras classes importantes dentro dos Artrópodes, as quais também se apresentam cosmopolitas, localizados desde as frias e temperada taigas até as quentes e úmidas florestas tropicais.
São eles: os aracnídeos, os crustáceos, os diplópodes e os quilópodes (também existente outros táxons inferiores).
E, pensando na teoria da evolução, o que permitiu este filo sobreviver e alcançar amplamente sua presença em biomas de diferentes aspectos ambientais e climáticos, possuindo assim uma elevada biodiversidade?
Os Artrópodes possuem importantes conquistas anatômicas e fisiológicas que os possibilitaram a conquista de novos nichos: o exoesqueleto de quitina deu aos representantes terrestres deste filo a capacidade de sobreviver em locais menos úmidos, evitando perdas hídricas; os apêndices articulados facilitou a locomoção e deslocamento espacial, conquistando assim importantes funcionalidade tanto na caça quanto na fuga (lembrarmos que foi o primeiro surgimento nos seres vivos das estruturas que conhecemos como asas, nos insetos); os órgãos do sentindo deste filo são mais aguçados quando comparado com os filos mais antigos, isso fornecendo maior capacidade a identificação do terreno, assim como a localização de fontes alimentares e fuga de possíveis adversidades.
Há alguns zoólogos tão xiitas na acadêmica que, de uma maneira totalmente provocativa, ficam declamando que se Deus existir – e ele for a imagem e a semelhança com os seres que melhor dominaram o planeta – provavelmente ele deve apresentar um semblante de um grande e majestoso Artrópode.
Classificando Cientificamente os Animais
Se os zoólogos têm o prazer de estudar os Artrópodes devido toda a sua biodiversidade, os taxonomistas têm a obrigação, pois toda esta diversidade biológica deve ser identificada e classificada, seguindo as metodologias da sistemática taxonômica.
Um pesquisador que for trabalhar com a identificação de espécies de mosquitos (Classe: insecta, Ordem: Diptera, Família: Culicidade) tem que ter em mente que o diagnóstico que ele aplicar para uma espécie pode determinar não apenas o sucesso do trabalho biológico, mas também até influenciar nas medidas de controle sanitário e de saúde pública para um determinado bairro, distrito ou município.
Já pensou não identificar corretamente um Aedes aegypti na cidade de São Paulo (o transmissor da dengue, chikungunha, zika vírus, febre amarela, entre outras arboviroses em circulação pelo Brasil)?
Ou diagnosticas com erro uma coleta de Anopheles darlingi na cidade de Rio Branco (o transmissor da malária)?
Aliás, quanto a classificação científica, ela também não é fixa: como toda a ciência (e os seres que são estudos por ela) é mutável, sofre modificações em suas nomenclaturas, sendo atualmente o Anopheles darlingi chamado de Nyssorhynchus darlingi, já que antes Nyssorhynchus era referido para um subgênero dentro do gênero Anopheles, entretanto uma última publicação de 2017 o fez ser efetivado ao nível superior de classificação (isso abordando outros representantes importantes na transmissão da malária na Amazônia).
Nomes Científicos X Nomes Populares
Entretanto o nome científico ser estritamente necessário para pesquisa e tecnologia, a sabedoria popular costuma ser sábia e criativa quando resolve dar um nome particular, próprio, que define algum animal ou planta (ou mesmo doenças).
Continuando no exemplo do mosquito, é sabido que ele apresenta diferentes designações em português aqui no Brasil, isso influenciado pelo local e região que se considera, podendo citar alguns: pernilongo, mosquito-prego, muriçoca, muriçoca,carapanã, carapanã-pinima, fincão, fincudo, melga, sovela e bicuda.
E apesar de ser incorreto utilizar tais nomenclaturas para um trabalho científico ou um report para alguma consultoria, e outras atividades profissionais relacionadas, não devemos negligenciar tal sabedoria popular, mesmo porque, diferentes de muitos acadêmicos, técnicos e profissionais de escritórios, pessoas simples que vivem em lugares mais afastados tem elevado conhecimento para localizar estes bichos (muito mais do que muitos pesquisadores de campo), sendo os termos populares ainda importantes para serem resgatados, principalmente para estabelecer comunicação com a população.
Filo Arthropoda, Subfilo Myriapoda, Classe Diplopoda: o Piolho-de-Cobra
Se o nome popular pode ser bem criativo para representantes dos Artrópodes, as espécies miriápodes presentes na classe dos diplópodes podem ficar bem representados pelo o seu criativo nome, piolho-de-cobra.
Todavia eles não serem parasitas de nenhum vertebrado, o seu formato e morfologia deram a ele um senso comum de que poça ser alguma espécie de piolho que vive parasitando cobras, o que não é verdade (mesmo porque piolhos estão dentro da classe dos insetos).
Também são confundidos com lacraias ou centopeias, o que também pode confundir sua localização taxonômica, já que ambos (piolho-de-cobra e lacraias) pertencem aos subfilos dos Miriapodes (caracterizados por apresentarem corpo alongado, subdivido em cabeça e tronco seguimentado, este composto pelos apêndices para locomoção), entretanto o piolho-de-cobra não apresenta peçonha, nem hábito carnívoro.
Dentro do subfilo dos Miriapodes existe a classe dos Diplópodes, a qual as espécies de piolhos de cobra se inserem, apresentando dois pares de patas por seguimento corporal, com hábitos herbívoros, não possuindo glândulas de veneno, normalmente bem menores que seus parentes lacraias.
Estimasse que existam aproximadamente 12.000 espécies identificadas, entretanto este número possa ser bem maior.