Quem vê os pinguins de hoje, tão pequenos e adoráveis, talvez nem imagine que existiu há certo tempo atrás um animal desses que era maior do que um homem adulto. Acredita? Então, vamos lhe apresentar agora os pinguins Palaeeudyptes, que já não estão mais entre nós, mas que explicam bem como houve a evolução para essas aves hoje em dia.
Principais Características
Palaeeudyptes, na verdade, representa um gênero já extinto de pinguins, formado por 4 espécies atualmente conhecidas no meio científico. E, não é exagero dizer que eram os maiores pinguins dos quais temos conhecimento, cujo maior espécime se chamava Palaeeudyptes klekowskii, que podia chegar a mais de 2 metros de altura, sendo o maior pinguim que se tem notícia até hoje.
Das 4 espécies conhecidas desse gênero, 2 (o Palaeeudyptes gunnari e o Palaeeudyptes klekowskii) só são conhecidas hoje em dia através de fósseis encontrados na Antártica. Ossadas esporádicas de outras espécies desse gênero foram encontradas em outras localidades, como o Palaeeudyptes marplesi, encontrado em partes na Nova Zelândia.
A seguir, vamos falar mais de cada uma das espécies conhecidas desse gênero, e explicar a respeito da evolução que os pinguins de um modo geral sofreram para poderem nadar, mas não conseguirem mais voar.
Palaeeudyptes Gunnari
Essa espécie aqui era um pouco menor do que outra espécie similar, a Palaeeudyptes antarcticus, possuindo entre 1,10 m e 1,25 m de altura, o que dá mais ou menos o tamanho de um pinguim imperador. Esse animal só foi descoberto a por meio de dezenas registros fósseis encontrados na Formação de La Meseta na Ilha Seymour, localizada na Antártida.
De início, esse pinguim foi classificado como pertencente a um gênero separado, o Eosphaeniscus, devido ao primeiro registro fóssil ser bastante deteriorado. Como posteriormente foi encontrada uma ossada em melhor estado de conservação, a espécie foi colocada devidamente no gênero Palaeeudyptes.
Inclusive, em se tratando desse gênero, aconteceu muito de fósseis de uma determinada espécie serem encontrados, e atribuídos a outra espécie ou gênero, até que ossadas mais detalhadas foram devidamente descobertas, elucidando algumas dúvidas dos cientistas.
Palaeeudyptes Klekowskii
Maior pinguim que se tem notícia até hoje, tanto é que o seu apelido é pinguim colosso. Até muito recentemente se pensava que ele tivesse o tamanho de um Palaeeudyptes antarcticus, o que implicava dizer que ele era um pouco maior do que o amplamente conhecido pinguim imperador. No entanto, novos fósseis encontrados em anos recentes mostram ele que tinha praticamente o dobro do tamanho.
Sua altura total podia ultrapassar os 2 m, e pesava cerca de 120 kg. Estima-se que essa espécie vive entre 37 e 40 milhões de anos atrás. Nessa época, a quantidade de espécies ao redor da Antártida girava em torno de 14 espécies, o que era bem variado para um ambiente tão inóspito.
A vantagem de todo esse tamanho é que pinguins maiores podem mergulhar mais fundo nas águas geladas, e ficar mais tempo submersos. No caso deste aqui, estima-se que ele podia ficar até 40 minutos debaixo d’água, o que dava a oportunidade de poder caçar mais e suculentos peixes, ainda mais com o seu extenso bico, o que facilitava ainda amais a captura de suas presas.
Palaeeudyptes Marplesi
Esse daqui é um pouco menor do que o seu parente de gênero, o gigante Palaeeudyptes klekowskii, mas, mesmo assim, o seu tamanho era considerável se compararmos com os pinguins atuais: cerca de 1,45 m. Essa espécie só ficou conhecida graças à descoberta de um esqueleto parcial encontrado em Burnside, Dunedin , na Nova Zelândia.
Muitos fósseis são atribuídos a essa espécie, porém, muitos especialistas afirmam que não há como ter certeza, pois podem ser ossadas intermediárias entre essa espécie e a Palaeeudyptes antarcticus.
Palaeeudyptes Antarcticus
A quarta e última espécie do gênero Palaeeudyptes também era enorme, assim como muitos outros daquele tempo, porém, acredita-se que tinha uma grande variação de tamanho. Não há muita precisão quanto a isso, mas, estima-se que ele tinha entre 1,10 m e 1,40 m de altura. Muitos estudiosos, inclusive, acreditam que esta espécie evoluiu para a Palaeeudyptes marplesi, mas ainda não se tem muita certeza disso.
Um fóssil um pouco danificado dessa espécie foi encontrado em Kakanui, na Nova Zelândia, e outro um pouco mais completo, na Formação La Meseta na Ilha Seymour, na Antártida. A questão é que vários fósseis anteriormente foram atribuídos a essa espécie simplesmente porque não se tinha conhecimento a respeito de pinguins realmente grandes.
Evolução do Voo para a Natação
Atualmente, os pinguins são aves essencialmente marinhas, e mesmo que não tenham a capacidade de voar, podem nadar a longas distâncias. Pra se ter uma ideia, algumas espécies atuais podem viver até 70% do tempo de suas vidas embaixo d’água. Acredita-se, contudo, que os ancestrais dos pinguins modernos (e até mesmo de pinguins pré-históricos, como o Palaeeudyptes) podiam voar, só perdendo essa capacidade por volta de 40 milhões de anos atrás.
Teorias sugerem, por exemplo, que as asas dos pinguins se adaptaram pra ficar mais eficientes no nado, o que fez com que, gradativamente, com que esses animais não pudessem mais sair do chão voando. E, isso tem as suas vantagens, já que a comida dos pinguins, na prática, está na água, e um mergulho eficiente aumenta as chances dele ter uma boa alimentação, e poder suportar aquele frio extremo.
Estudos recentes, inclusive, fizeram comparações entre os pinguins e aves marinhas, como o airo de Brünnich e o biguá. A primeira, assim como o pinguim, usa suas asas para nadar e não para voar, enquanto que o segundo é uma ave voadora que se impulsiona na água com as suas patas, sendo verdadeiros modelos biomecânicos de como usar a forma do corpo e a energia para voar e mergulhar, o que era bem parecido com os ancestrais mais antigos dos pinguins.
A forma como as aves voadoras de hoje queimam energia pra mergulhares explica o motivo dos pinguins não voarem mais. Tanto o airo como o biguá são ótimos mergulhadores, mas perdem no quesito nado para os pinguins. Como o voo custaria aos pinguins uma energia extra, isso custaria caro em um ambiente inóspito.