Principais Sintomas da Picada da Jararaca
Dentre os principais sintomas da picada da jararaca, estão: sangramento, edema no local, vermelhidão, dor intensa, dificuldade de coagulação sanguínea e, em alguns casos, até mesmo hemorragias internas. Tais sintomas estão diretamente ligados a fatores como: quantidade de veneno inoculado, região do corpo afetada, a demora no atendimento, a estrutura corporal do indivíduo, entre outros fatores.
Caso o socorro não aconteça a tempo, estas manifestações podem evoluir para lesões profundas do tecido afetado e necrose da região — complicações que podem levar, até mesmo, à amputação de um membro.
Mas também podem ocorrer situações dramáticas, como os casos de insuficiência renal, queda brusca da contagem de plaquetas no sangue, problemas cardiovasculares, entre outros transtornos graves, que só poderão ser evitados com a administração o mais rapidamente possível do soro antiofídico.
O problema é que boa parte das vítimas dessa espécie vive em locais não contemplados pela presença dos Poderes Públicos e não costumam observar as práticas recomendadas para evitar o ataque. E o resultado disso é o agravamento das lesões locais, que não são combatidas com o soro.
Comprovadamente, 1 em cada 10 casos de ataques de jararacas resulta em sequelas graves, que incluem a perda da funcionalidade do membro afetado e, como foi dito acima, até mesmo a sua amputação.
De acordo com os especialistas, alguns fatores particulares podem influenciar diretamente na gravidade e nos sintomas da picada de uma jararaca.
Entre os quais, estão: a distância de tempo entre o acidente e o socorro, a quantidade de veneno inoculado após a picada, a estrutura física da vítima, o local do corpo que foi atingido e, por mais curioso que possa parecer, até mesmo a idade da serpente pode ajudar a determinar a gravidade do ataque.
Pelo menos 10% dos casos evoluem para hemorragias, necroses ou até mesmo a amputação de algum membro. E a responsável por essas mazelas é a terrível jararagina, uma toxina isolada em 1992 e estudada desde então por cientistas do Brasil e do mundo.
Encontradas as Causas da Sua Agressividade
A “jararagina” ou “veneno botrópico” é a grande responsável pelos sintomas e pela devastação causados pela picada da jararaca.
Ela é uma poderosa neurotoxina ligada a um grupo de proteínas (as metaloproteinases) descritas pela primeira vez no início dos anos 90. Elas promovem ações proteolíticas (inflamatória), incoagulantes e hemorrágicas no organismo do paciente.
No entanto, foi somente a partir dos estudos da bióloga, bioquímica e especialista em acidentes com animais peçonhentos, a paulista Cristiani Baldo, que as causas de tamanha agressividade foi finalmente desvendada.
Após incansáveis testes no laboratório de Imunopatologia do Instituto Butantan de São Paulo, a especialista descobriu que a jararagina possui a capacidade de ligar-se aos vasos sanguíneos de um indivíduo após a picada. Esse é o fator determinante para que, uma vez ligada aos vasos, promova um considerável efeito hemorrágico, incoagulante e inflamatório.
E é exatamente aí que reside a principal dificuldade para o combate aos seus efeitos, pois, apesar da evidente resposta do soro antibotrópico contra sintomas como: transtornos renais, problemas cardiovasculares, dificuldade de coagulação sanguínea, entre outros, alguns danos como: edemas, parestesias, isquemia e até mesmo a necrose da região afetada, não podem ser debelados a tempo, mesmo com a administração rápida do soro.
Essa descoberta foi um “achado” na luta contra os terríveis sintomas da picada das jararacas, pois agora é possível trabalhar na direção certa, ou seja, em busca de um soro antiofídico capaz de neutralizar esse potencial da jararagina de ligar-se aos vasos sanguíneos e danificar toda a estrutura à sua volta.
Por que o Veneno é Tão Agressivo?
Como foi dito acima, a jararagina é a principal responsável pelos terríveis traumas e sintomas da picada da jararaca. Ela é uma proteína isolada do veneno Bothrops jararaca, cuja capacidade de danificar os tecidos epiteliais já era por demais conhecida, apesar de o seu mecanismo de ação continuar sendo um grande mistério.
Graças aos testes realizados no Instituto Butantan de São Paulo, descobriu-se que a jararagina, após ser injetada na corrente sanguínea, imediatamente liga-se aos vasos capilares, danificando-os. E uma consequência imediata disso é, entre outras coisas, o rompimento de determinados vasos, com consequente sangramento.
As investigações realizadas mostraram um quadro curiosíssimo. Descobriu-se que, além de provocar hemorragias, os danos causados aos vasos impedem o adequado transporte de todos os nutrientes necessários ao funcionamento normal do organismo.
Dessa forma, músculos deixam de ser protegidos, rins ficam vulneráveis, o cérebro não recebe a quantidade necessária de oxigênio, tecidos entram em processo de necrose, entre outras inúmeras consequências dos danos causados aos vasos sanguíneos.
É Possível Evitar os Sintomas e Transtornos da Picada de uma Jararaca?
Os acidentes com a Bothrops jararaca representam cerca de 80% de todos os acidentes com animais peçonhentos no Brasil. Sua ação pode ser devastadora, e as consequências do seu ataque são percebidas mesmo após a administração do soro antiofídico.
No entanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recentemente incluiu os quase 5 milhões de ocorrências anuais com animais peçonhentos (no mundo) como “Doenças Tropicais Negligenciadas”.
Isso porque, segundo o órgão, as suas consequências dramáticas estão diretamente ligadas à negligência dos Poderes Públicos com relação à distribuição do soro antibotrópico e com a incompetência dos sistemas públicos de saúde dos países subdesenvolvidos para lidar, adequadamente, com esse tipo de transtorno.
A boa notícia, pelo menos do ponto de vista dos avanços da ciência para o combate a esse mal, é que, segundo a especialista Cristiani Baldo, saber como age a neurotoxina no sistema circulatório é o que faltava para que, finalmente, um soro realmente eficaz como inibidor dessas sequelas possa ser produzido.
As mortes devido às consequências dos sintomas da picada das jararacas já são praticamente eventos esporádicos em praticamente todos os países do mundo. E, se depender do empenho dos pesquisadores, a droga capaz de inibir também as suas sequelas não demorará a ser disponibilizada nos sistemas públicos de saúde.
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