Lavar o local com água e sabão, por mais simples que possa parecer essa iniciativa, deve ser a primeira atitude a se tomar logo que se deparar com tal situação. Mas talvez o que impeça a grande maioria das pessoas de saber o que, exatamente, fazer no caso de uma picada de cascavel, seja o fato de que esse animal é típico de grandes extensões de terras, como os cerrados, regiões áridas e semiáridas, desertos, entre outros locais semelhantes.
Dessa forma, a experiência acaba ocorrendo mesmo é com a prática. E o que os números nos diz é que, anualmente, cerca de 32 mil brasileiros são vítimas de algum tipo de serpente peçonhenta. Destes, cerca de 2.200 sofrem com graves consequências (como os amputamentos), enquanto cerca de 1% (em torno de 300 vítimas) acaba falecendo.
Já a OMS, com base em documentos de alguns dos países mais afetados pelo transtorno, divulgou que, no mundo, já são cerca de 2,5 milhões de acidentes por picadas de cobras peçonhentas, por ano, totalizando cerca de 125 mil mortes — quando não resultam em graves sequelas, como as que ocorrem com 400 mil pessoas dentre essas 2,5 milhões.
Como Está o Combate a esse Transtorno?
Com o objetivo de tentar amenizar esse quadro, a OMS, por meio de uma resolução aprovada na sua 71ª assembleia geral, ocorrida em junho de 2017, determinou que os envenenamentos por picadas de cobras devem ser tratados como o resultado do negligenciamento do problema por parte dos países, e não mais apenas como um problema de saúde pública.
No Brasil, por exemplo, a determinação é a de que o país comprometa-se a criar campanhas para, por exemplo, orientar os indivíduos sobre o que fazer em caso de picada de cobras, como cascavéis, jararacuçu, coral, entre outras; as melhores formas de prevenção contra esse tipo de acidente; quais as suas consequências para a saúde de um indivíduo, entre outras iniciativas.
E ainda incentivar a pesquisa para a produção de antídotos mais eficazes e viáveis economicamente. Pois a dificuldade de se encontrar tais substâncias tem relação direta com o número de mortes por esse tipo de acidente no mundo.
Quais as Características da Cobra Cascavel
A cobra cascavel pertence ao gênero Crotalus, mais especificamente à espécie Crotalus durissus. Ela é uma das espécies que permeiam o imaginário popular brasileiro, e pode ser reconhecida por esse imenso Brasil também por boicininga, maracamboia, cascavel-quatro-ventas, entre outras denominações.
Apesar de já fazer parte do nosso imaginário, a maioria absoluta dos indivíduos não sabem, exatamente, o que fazer no caso de picadas de cascavéis, pelo simples fato de que o contato com elas é uma experiência rara entre os habitantes do país.
E alguns dos motivos são o fato de ela não ser uma animal afeito às áreas urbanas ou litorâneas, preferindo os grandes desertos, vegetações de caatinga, áreas pedregosas, paragens desoladas, entre outras regiões semelhantes.
Somam-se a isso, o fato de que as cascavéis não são animais, digamos, interessados no choque com os humanos. O uso do seu chocalho, por exemplo, é uma forma de avisar da sua presença, e, dessa forma, evitar o conflito.
Números revelam que os acidentes envolvendo picadas dessa espécie totalizam cerca de 7,8% do total de casos no país. E na Amazônia, elas são responsáveis por 1/3 dos casos.
O que Faz das Picadas de Cascavéis Algo Tão Sério?
O mais comum também é que o indivíduo não saiba o que fazer após a picada de uma cascavel, pelo simples fato de que ela é praticamente indolor, limitando-se apenas a sensações como: queimação, coceira, dormência, um pequeno inchaço, entre outras sensações de menor grau.
Já as consequências posteriores podem vir na forma de prostração, mal-estar, sudorese, “boca seca”, náuseas, excesso de sono, vômitos, entre outros.
Manifestações específicas do ataque desse gênero de ofídios incluem: Transtornos neurológicos, como: alteração da pupila, dificuldade de manter os olhos abertos, visão embaçada, flacidez dos músculos da face, ptose palpebral (pálpebras caídas), entre outras manifestações resultantes da ação da neurotoxina injetada na corrente sanguínea do paciente.
Mas transtornos musculares também podem ocorrer, como as mialgias (dores musculares), necrose da fibra muscular esquelética, dificuldade de coagulação sanguínea, etc.
O Que Fazer em Caso de Picada de Cascavel?
- Água e sabão são os únicos agentes desinfectantes que devem ser utilizados para lavar o local e eliminar possíveis micro-organismos patológicos;
- O paciente deve permanecer deitado, a fim de economizar energia e diminuir a ação da toxina no organismo;
- A sensação de “boca seca” é um dos sintomas mais comuns nesses casos. Por isso, o paciente deve ser hidratado sempre que solicitar;
- Enquanto são administrados esses cuidados, é necessário que alguém seja destacado para procurar o posto médico mais próximo;
- Caso seja possível, levar o animal responsável pela mordida até o posto de saúde em um frasco contendo formol ou álcool. Isso é importante pois, caso o animal não seja peçonhento, a ação será bem mais rápida. Sem contar que cada animal exige um tratamento diferenciado.
O que Não Fazer
Nos casos de picadas de cascavel, o que não se deve fazer é:
- De maneira alguma pressionar o local da lesão. Diferentemente do que se imagina, isso não ajuda a controlar a invasão da toxina, além de poder levar a uma necrose, devido à má-circulação do sangue.
- Em algumas regiões existe a lenda de que se deve realizar uma incisão no local da picada, a fim de eliminar boa parte do veneno. Mas isso é um erro!, pois além de resultar em uma grave hemorragia, o local ainda pode tornar-se uma porta de entrada para micro-organismos patológicos.
- Sugar o veneno do local também não é nada indicado. Após penetrar no organismo, ele não poderá ser retirado. Sem contar o fato de que poderá contrair algum tipo de moléstia.
- Folhas, ervas, manteiga, café, entre outras práticas da sabedoria popular, nesse caso, só irão agravar o problema;
- Também não se deve oferecer bebidas alcoólicas ao paciente. Não há nenhuma comprovação científica do seu efeito benéfico, ao contrário, o resultado certamente será uma grave intoxicação.
O que se Pode Fazer para Evitar a Picada de Cascavel?
- Cerca de 80% dos acidentes ocorrem na região entre os pés e os joelhos. Dessa forma, botas de cano longo, sapatos de couro, botinas, entre outros equipamentos, são as principais armas para evitar o transtorno;
- Caso precise manipular lixo, entulhos, folhas secas, palhas, grãos estocados, etc., as luvas de couro serão uma garantia contra surpresas;
- Caso esse não seja o seu trabalho, o melhor mesmo é evitar introduzir mãos e pés em buracos ou tocas suspeitas;
- Por fim, evite lixo acumulado, entulho, restos de comida, mato, etc. Onde há sujeira certamente há ratos. E onde há ratos existe uma grande possibilidades de que também haja cobras, como as cascavéis.
Essas foram as nossas dicas sobre o que fazer em caso de picada de cobras. Mas, quais são as suas? Deixe-as, como um comentário, logo abaixo. E continue acompanhando as nossas publicações.