O fato de alguns animais terem uma aparência um tanto quanto estranha não significa que sejam, necessariamente, perigosos, ou mesmo venenosos. Tomemos como exemplo o pepino do mar. Será que ele é venenoso? Ou será que é inofensivo (pelo menos, para os seres humanos)?
Vamos descobrir esse mistério a seguir.
Afinal, O Pepino Do Mar É Inofensivo Para as Pessoas?
Se, por acaso, você encontrar algum pepino do mar por aí não se preocupe. Pelo menos, para nós, ele é totalmente inofensivo. Quando é atacado por um predador, ou simplesmente perturbado por um banhista ou mergulhador xereta, a primeira atitude desses equinodermos é procurar um abrigo, geralmente, enterrando-se na areia, ou mesmo permanecendo imóvel embaixo das rochas.
Algumas espécies de pepinos do mar, no entanto, expelem uma substância pegajosa, que tem por intuito confundir o predador em questão. Já outros tipos lançam uma espécie de toxina que pode ser fatal para animais muito pequenos (mas que, para os seres humanos, é totalmente inofensivo).
Outra forma de proteção muito comum que os pepinos do mar usam, e que é inofensiva a nós (mas que, ainda assim, é bem nojenta) é soltar partes do corpo que servirão de alimento para os predadores enquanto os pepinos fogem. Alguns chegam a expelir as próprias vísceras com o mesmo intuito: proporcionar um “banquete rápido” para os seus predadores! Porém, como esses animais possuem um grande poder de regeneração, logo essas partes voltam a “nascer” novamente. Muito útil, não?
Toxina Usada Pelos Pepinos Do Mar
Mas, afinal, que toxina é essa usada por esses equinodermos como forma de defesa? Essas toxinas (que se chamam, na verdade, holoturinas) são fabricadas a parir do momento em que os pepinos do mar sintetizam uma proteína, que é a lectina, que, entre outras coisas, inibe o desenvolvimento de parasitas em seu corpo.
E, essas propriedades têm interessado muito os cientistas. Tanto é que desde 2007, experimentos são feitos para que mosquitos ou outros hospedeiros produzam graves doenças para nós, seres humanos, produzindo, a partir disso, a lectina, produzida a partir dos cromossomos dos pepinos do mar. Esse é um processo feito por métodos transgênicos.
A intenção é conseguir, através da substância ativa da holoturina, um método eficaz de combate a doenças como a malária, por exemplo. Ainda se conseguiu pouco a respeito disso, mas, as possibilidades que as toxinas expelidas pelos pepinos do mar trazem são imensas.
Essa toxina, por sinal, não é letal para as pessoas, mas, é preciso não subestimar o poder da natureza. De fato, essa substância não tem poder para matar nenhum ser humano, mas pode causar erupções na pele, além de lesões de gravidade mediana nos olhos. Portanto, não é bom mexer com esses bichinhos. Pode causar um incômodo tanto para você, quanto para ele.
Outras Aplicabilidades Para a Holoturina, Toxina Do Pepino Do Mar
A natureza, de fato, é fascinante e cheia de surpresas. Praticamente em todos os lugares do mundo a seres cujas substâncias podem representar avanços científicos importantes, e melhorando a saúde e combatendo diversos males e doenças nas pessoas.
A toxina que o pepino do mar expele, por exemplo, é usado na medicina atual com diversas finalidades. Entre elas, combater a dor, e problemas oriundos de males musculares, estomacais e respiratórios.
Acredita-se também que a holoturina pode ter a capacidade de eliminar fungos, bactérias, e por aí vai. Incluindo até tumores cancerígenos. Por sinal, o seu poder de aliviar qualquer tipo de dor supera até mesmo a morfina.
Inclusive, o costume de usar essa toxina do pepino do mar para aliviar a dor era usado na medicina tradicional chinesa, e se expandiu para diversos outros países com o passar dos anos, e hoje a medicina moderna se vale muito desses conhecimentos antigos.
Além Do Pepino Do Mar: Outros Animais Que Usam Mecanismos De Defesa Engenhosos
Ficou pasmo com o fato do pepino do mar, além de usar toxinas, ainda chegar a expelir as próprias vísceras para escapara dos predadores? Pois então saiba que a natureza é repleta de animais com mecanismo estranhos e inusitados de defesa.
Um desses animais é um lagarto da espécie Phrynosoma cornutum. Esse bichinho nada simpático, além de possuir chifres que podem deixar qualquer um assustado, ainda desenvolveu outro mecanismo de defesa contra predadores um tanto quanto macabro. Ele simplesmente lança jatos de sangue pelos olhos! Isso mesmo.
Essa cena pra lá de tenebrosa acontece porque ele tem dois músculos que protegem os vasos sanguíneos em seus olhos. Quando sente o perigo, esse lagarto contrai esses músculos, expelindo, assim, uma quantidade considerável de sangue.
Outro bichinho com um mecanismo de defesa bem “peculiar” é a salamandra da espécie Pleurodeles waltl. Quando ameaçadas, elas colocam suas costelas pontiagudas para fora do corpo. Além disso, possuem uma substância venenosa secretada pela pele, e que unida a essas “garras improvisadas”, é uma combinação que pode ser mortal para muitos de seus predadores.
E, por fim, podemos citar o drástico mecanismo de defesa das formigas operárias da espécie Camponotus saundersi. Elas possuem glândulas que se estendem pelo seu corpo que permite com que essas formigas secretem uma substância pegajosa, que ainda por cima é corrosiva. Só que, a partir do momento em que elas se sentem ameaçadas, contraem seus músculos abdominais, e, literalmente, explodem lançando a substância corrosiva contra seus inimigos.
Pois é, comparada à tática de expelir as próprias vísceras dom pepino do mar, esses outros mecanismo aí são bem mais sinistros, não é verdade?
Concluindo…
Certo mesmo é que diante de tantos animais verdadeiramente perigosos no mundo, o pepino do mar se mostra como um dos mais inofensivos, sem dúvida. Os únicos mecanismos de defesa dos quais dispõe, além de não nos fazer mal, ainda pode, sob certo aspecto, prejudicar o próprio animal.
Na verdade, muitas espécies de pepino do mar estão gravemente ameaçadas de extinção, especialmente devido à poluição que impregna mares e litorais do mundo todo. Um animal, em suma, que não faz mal a absolutamente nenhum ser humano.
Encontrando um desses animais por aí, portanto, pode ficar tranquilo.