A evolução ocorrida para chegarmos no cavalo tal como o conhecemos hoje vem acontecendo há cerca de 60 milhões de anos. Os equinos descendem de um ancestral em comum, o hyracoterium, que media em torno de 40cm de altura, ou seja, tinha mais ou menos o tamanho de uma raposa.
Os ancestrais dos cavalos eram originários da América do Norte e foram extintos na região há mais de 120 mil anos. Porém, antes da extinção, exemplares desses animais cruzaram o Estreito de Bering e se estabeleceram no leste da Ásia. Seus descendentes evoluíram durante milhões de anos e espalharam-se por várias partes do mundo.
A morfologia desses animais foi mudando com o passar do tempo para que eles pudessem se adaptar. Desenvolveram, por exemplo, um dedo único funcional em cada pata, em que a unha cresceu demasiado, dando origem ao casco.
A velocidade do cavalo também foi evoluindo com o passar do tempo. A sua principal função era fugir de predadores, então o animal desenvolveu habilidade de correr, saltar e desviar-se de obstáculos em seu caminho.
Os cavalos selvagens já estavam presentes na pré-história, na região da Eurásia, mas infelizmente muitos foram extintos. O tarpan, que provavelmente é o ancestral do cavalo árabe e de outras raças puro-sangue, sobreviveu até pouco mais da metade do século XIX na região da Tartária (hoje, Polônia, Ucrânia e Hungria).
Já o cavalo-de-przewalski foi uma espécie selvagem originária dos desertos da Mongólia e desapareceu da natureza no final da década de 1960. Felizmente houve sucesso em programas de reprodução em cativeiro e foi possível reintroduzir a espécie no meio-ambiente selvagem.
Para que Serve um Cavalo?
Há milhares de anos o homem descobriu que o cavalo poderia servir para diversos fins, porém, a domesticação do cavalo é tema de várias teorias.
Registros arqueológicos e pesquisas dão força à tese de que os cavalos foram domesticados há cerca de seis mil anos no oeste da Eurásia (na região hoje abarcada por Ucrânia, sudoeste da Rússia e oeste do Cazaquistão) para servir primeiramente como alimento e depois como montaria e para fornecerem leite para os povos que lá viviam.
As civilizações antigas não tardaram a descobrir que o cavalo tinha muitas outras utilidades e passaram a empregá-lo para os mais diversos fins.
Até senador de um vasto império dizem que um cavalo já foi. Há uma lenda de que o imperador romano Calígula – que possivelmente sofria de alguma doença psicológica – teria nomeado seu cavalo favorito, Iniciatus, senador de Roma e que teria até cogitado a dar-lhe um título de cônsul.
Exército e Polícia
Um dos primeiros usos dado aos cavalos foi o de servir como montaria para as guerras e seu papel foi decisivo nos muitos conflitos travados na Antiguidade e na Idade Média – ele foi amplamente utilizado como arma de reconhecimento, choque e combate.
Shakespeare imortalizou a frase “Meu reino por um cavalo”, em sua peça Ricardo III, em que o rei britânico homônimo perdeu seu cavalo, a guerra e o reino para o conde de Richmond.
A história da humanidade não teria sido a mesma sem as guerras e as guerras não teriam sido as mesmas sem os cavalos.
Na conquista das Américas, os cavalos tiveram papel importante a favor dos conquistadores, visto que os povos nativos desconheciam o animal, que inspirou um temor divino neles.
A Primeira Guerra Mundial foi palco de transição no uso desses animais, devido à implementação de armas mais modernas com o poder de dizimar a cavalaria – estima-se que cerca de oito milhões de cavalos foram mortos durante a guerra.
Na Segunda Guerra Mundial os cavalos também foram utilizados, porém em menor escala – visto que muitas cavalarias já eram mecanizadas na época.
A cavalaria foi a segunda mais antiga arma do exército (sendo a mais antiga a infantaria). E até hoje as Forças Armadas possuem cavalos, embora agora os animais participem basicamente de eventos cerimoniais e missões que ocorrem em lugares de difícil acesso.
Diferentemente das Foças Armadas, a polícia ainda faz uso dos cavalos. A polícia montada existe em diversos países do mundo. Ela atua tanto na manutenção da ordem pública e em contenção de tumultos como em operações especiais na cidade e no campo.
Expansão Territorial, Agricultura e Meio de Transporte
Também para a expansão territorial humana, o cavalo foi decisivo. O homem teria levado muito mais tempo para conquistar os quatro cantos do mundo se não dispusesse do animal como montaria e para transporte de víveres e cargas diversas.
Na agricultura, a utilização do cavalo se mantém. Primeiramente foi empregado como animal de tração pesada. Eram os cavalos que puxavam o arado que preparava a terra para o plantio; que levavam todo e qualquer tipo de carga seja do campo, das minas ou das florestas para as cidades; que transportavam as pessoas no lombo ou em carroças.
Com o advindo da tecnologia seu uso acabou se alterando, visto que as máquinas fazem a maior parte do trabalho pesado, porém ele até hoje é indispensável para o homem do campo, ainda sendo utilizado para tração leve, montaria e lida diária com rebanhos, por exemplo.
Diferentemente da agricultura, nas cidades o uso dos cavalos praticamente desapareceu. Embora em algumas localidades do Brasil ele ainda seja utilizado para puxar carroças e como montaria, seu uso como meio de transporte foi praticamente deixado de lado quando o carro substituiu o uso de carruagens e charretes.
Esporte e Terapia
Um dos usos dos cavalos que se mantém de milhares de anos atrás até hoje é para fins desportivos. Esses animais são utilizados em uma grande gama de modalidades, algumas com representação nas Olimpíadas e Paraolimpíadas e, provavelmente, a mais antiga delas seja a corrida de cavalos.
Entre as modalidades mais populares que utilizam cavalos estão o turfe, o polo, o hipismo (saltos, adestramento e cross-country), a caça, a equitação, a vaquejada, o volteio, o tambor, as rédeas, a atrelagem, o enduro e o rodeio.
O cavalo também é utilizado como terapia há muito tempo, embora a denominação equoterapia seja mais recente. A equoterapia consiste em uma terapia complementar para auxiliar pessoas com necessidades especiais, sequelas, doenças e deficiências.
Seus benefícios são comprovados em pessoas com, por exemplo, Síndrome de Down, autismo, sequelas de acidentes automobilísticos, depressão, ansiedade, paralisia cerebral, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e esclerose múltipla.