O papagaio de Santa Lúcia, o pássaro multicolorido que representa uma nação multicultural. É na região central dessa ilha caribenha, com suas densas florestas de biodiversidade considerável, que esse honrado e fabuloso nativo sobrevive.
O Francês Jacquot
O papagaio de Santa Lúcia pertence à família psittacidae, e seu nome científico é amazona versicolor, mas na ilha os populares o chamam por seu nome francês, Jacquot. Em meados da década de 1970, o Durrell Wildlife Conservation Trust, sediado em Jersey, nas Ilhas do Canal, em conjunto com o governo de Santa Lúcia, se envolveu no resgate do Jacquot quando as estatísticas revelaram que havia apenas cerca de 100 papagaios em seu habitat natural. O fundo iniciou um programa em Jersey para a conservação e reprodução de espécimes em cativeiro, através do qual o seu comportamento na época de reprodução foi estudado, e subsequentemente a criação dos seus filhotes.
Outra instituição que tem lutado pela sobrevivência do papagaio de Santa Lúcia é a PTCA, Associação de Conservação de Psitacídeos em Extinção, que implementou um projeto de treinamento para o pessoal do Departamento de Silvicultura de Santa Lúcia (Departamento de Silvicultura de St. Lucian), para transmitir um sistema de conscientização educacional e ambiental em escolas e convenções para adultos e turistas. Além disso, a organização RARE colaborou com o International Wildlife Preservation Trust para lançar um ônibus educativo equipado com brinquedos, vídeos e displays interativos para incentivar as crianças a cuidar de espécies ameaçadas de extinção.
A Ilha de Santa Lúcia
Santa Lúcia é um país insular soberano no leste do mar do Caribe, na fronteira com o Oceano Atlântico. Parte das Pequenas Antilhas, está localizada ao norte/nordeste da ilha de São Vicente, a noroeste de Barbados e ao sul da Martinica. Abrange uma área de terra de 617 km² e tem uma população média de 200.000 habitantes. A capital e maior cidade de Santa Lúcia é Castries, localizado na costa noroeste da ilha, com uma população de cerca de 70.000 habitantes.
O turismo é vital para a economia de Santa Lúcia. Sua importância econômica deverá continuar a aumentar à medida que o mercado de bananas torna-se mais competitivo. O turismo tende a ser mais substancial durante a estação seca, entre janeiro a abril na ilha. Santa Lúcia tende a ser popular devido ao seu clima tropical e paisagens com suas inúmeras praias e resorts. Os meses de maio a agosto são considerados chuvosos. A língua oficial é o Inglês, no entanto, os residentes da ilha também costumam misturar o idioma francês a comunicação cotidiana.
As influências britânicas e francesas parecem pesar igualmente, apesar do fato de os franceses terem perdido a ilha em 1814. Para o complexo mosaico cultural de Santa Lúcia, os britânicos contribuíram com sua língua, sistema educacional e estrutura legal e política. A cultura francesa é mais evidente nas artes, música, dança e dialetos crioulos, que estão ao lado da língua oficial do inglês.
Ave Nacional de Santa Lúcia
Em 1979, o papagaio de Santa Lucia foi nomeado como a ave nacional da ilha. Isso resultou na proibição de caça e comercialização. Aves, ao longo da história, tornaram-se símbolos emblemáticos de muitas nações, em um esforço para encontrar uma imagem que os representa como uma cultura. Têm sido atribuídos inúmeros significados as aves como símbolos desde a ascensão dos povos assírios, egípcios, gregos e romanos, e mais tarde nos tempos medievais. As aves foram incorporadas aos brasões sob conotações sociopolíticas que expressam orgulho, liberdade, integridade ou qualquer outro valor que considerem mais característico de seu lugar de origem. As pessoas pegam a imagem desses escudos e bandeiras, e se identificam com seu pássaro nacional que o distingue de outras culturas.
No caso de Santa Lúcia, dois papagaios jacquot são mostrados como tenantes no brasão de armas, acompanhados pelo lema: “A terra, o povo, a luz”. Esta lenda reflete o compromisso dos habitantes com o seu território, para conservar os seus espaços naturais que incluem esta espécie colorida a que consideram parte da sua identidade como nação e patrimônio. Este símbolo representa o selo oficial do governo de Santa Lúcia.
Felizmente, esses esforços resultaram em muito sucesso no repovoamento do papagaio de Santa Lúcia, nas selvas da ilha como cativo. Em 2009 estimava-se que a população de Jacquot tinha aumentado para cerca de 2.000 papagaios. No entanto, o papagaio de Santa Lúcia permanece estado vulnerável devido a ignorância das leis de proteção ambiental por caçadores e a exportação ilegal destes papagaios para fins comerciais. Mas acima de tudo, o maior dano sofrido por esta espécie caribenha é por desastres naturais. Santa Lúcia tem um ecossistema propenso a tempestades tropicais e furacões que ameaçam muitas espécies, especialmente as espécies que se concentram nos espaços apertados das florestas, como é o caso do papagaio de Santa Lúcia.
A Satisfação pela Preservação
O panorama paradisíaco de Santa Lúcia reverbera na delicadeza multicolorida do papagaio jacquot. O amazona versicolor é azul cobalto, verde esmeralda e vermelho. São as cores que dominam sua plumagem, mas as variações de roxo, violeta e preto também são destaque no azul, enquanto fundem-se ao verde também o amarelo e o turquesa, com haste de laranja, além do bronze que acompanha seu peito avermelhelhado. Em média, essas aves medem 43cm, pesam cerca de 800g e não atingem a maturidade até os 5 anos de idade. Eles comem frutas, nozes e amoras, e se alojam no topo das árvores.
O papagaio de Santa Lúcia trouxe mais do que um símbolo nacional para a ilha caribenha. Unificou uma comunidade, que trabalhou para resgatar as espécies do perigo de extinção em que se encontrava nos anos 50. Inquestionavelmente contribuiu para o apelo visual que é a ilha e seu ecossistema. O avistamento dessa criatura excepcional faz parte da experiência turística, já que existem vários lugares para se fazer essa atividade, a de admirar e fotografar o jacquot. Entre eles, o Millet Bird Sanctuary, acessível, embora esteja localizado no coração da selva, por um caminho que parte da estrada Roseau, a oeste da ilha. Outra opção tentadora é o Camino Gros Piton, em uma das montanhas vulcânicas que se tornaram a imagem turística da ilha. E lá também há uma ótima oportunidade de observar sem decepções o vôo do papagaio de Santa Lúcia.