Você Conhece o Papagaio de Cara Roxa?
Esta espécie de papagaio, denominada também como Amazonas Brasiliensis, faz parte da família das Psittacidae, onde também fazem parte as Araras, Maracanãs, Periquitos, entre diversas outras aves; e também fazem parte do gênero Amazonas, que é a denominação dada aos papagaios que habitam grande parte da floresta amazônica, mesmo não estando presente na Amazônia, faz parte do gênero, pois possui características semelhantes aos mesmos.
A espécie possui uma beleza ímpar, única e totalmente especifica. Como a maior parte das aves de seu gênero, ela possui a coloração corporal dominada por tons de verde vibrante; já a parte superior de seu rosto, entre os olhos, é tomada por tons de vermelho e a parte lateral é azulada, sua garganta, suas bochechas são roxas (daí vem o nome). Sua cauda também possui faixas vermelhas e as extremidades são amareladas, seu bico é curvado, com tons de cinza fosco.
É considerada uma ave de porte médio, o comprimento de seu corpo, desde a cauda até cabeça, varia entre 33 a 38 centímetros e eles pesam entre 400 e 450 gramas. Nesta espécie não existe o dimorfismo sexual, ou seja, tanto o macho quanto a fêmea possuem características idênticas.
Habitat e Distribuição Geográfica
Eles são oriundos da Mata Atlântica, vegetação presente em alguns estados do Sul e Sudeste brasileiro, ou seja, é uma espécie endêmica do Brasil. Estão presentes exclusivamente em território brasileiro e em nenhum outro; eles localizam-se principalmente nos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Sua distribuição ocorre entre o litoral de São Paulo e o litoral de Santa Catarina. Porém, onde o animal pode ser observado em maior quantidade é no litoral Norte do Estado do Paraná.
A ave prefere habitar áreas abertas, de restingas e de mangues, que geralmente ficam próximos à praia; dificilmente migra para matas altas e fechadas, pois estas dificultam o seu voo e são mais decorrentes os perigos que os pássaros sofrem. Devido a isso, ele gosta das áreas abertas, onde pode voar livremente e colher seu alimento em árvores próximas e também caçar.
Eles estão presentes no pouco que sobrou do lugar de origem deles, a Mata Atlântica; esta que, ao longo dos anos, devido à exploração e a ganancia do homem moderno foi explorada e devastada, quase que acabando com toda a vegetação, o que sobrou foram pequenas faixas presentes nos litorais e em alguns pontos do Estado do Paraná.
O habitat da ave foi quase devastado por inteiro, e o mesmo aconteceu por um tempo com o Papagaio de Cara Roxa, que até 2014 estava presente na Lista Vermelha da UICN (União Internacional de Conservação da Natureza) e do Ministério do Meio Ambiente.
Papagaio de Cara Roxa: Alimentação e Reprodução
A espécie alimenta-se principalmente de folhas, frutas, flores, sementes e do néctar dos vegetais; mas também como outros animais, como pequenos insetos e invertebrados. Adoram ainda se refrescar e hidratar-se em meio às bromélias, com a água que nelas se acumulam. Eles se organizam em duplas para caçar, trabalham em equipe e são beneficiados com diferentes tipos de alimentos, que variam desde pequenos frutos até larvas.
As árvores nativas da Mata Atlântica são fundamentais para a alimentação do pássaro, ele gosta de consumir frutos do Araçá, do Guanandi e do Jerivá; elas são importantes também para a reprodução das aves, pois são nelas que as aves fazem seu ninho e se sentem confortáveis para reproduzir. Elas buscam a parte oca nos troncos das árvores para a nidificação, ali eles estão seguros e seus filhotes também. Os ovos gerados por período reprodutivo são em torno de 4.
Mas como foi citado, a Mata Atlântica já foi muito devastada e o que mais acontece com esta espécie é o fato de quando as árvores são derrubadas, se ela estiver dentro com seus filhotes, todos caem junto com a árvore e acabam por falecer, isso acontece repetidas vezes. Caso eles não venham a falecer, o casal nunca mais procria; diferente de outras aves que vão procurar outros ninhos, eles não, quando o primeiro ninho deles é destruído, dificilmente eles voltam a reproduzir.
Riscos e Resistência
Devido à devastação de seu habitat e também ao comércio ilegal, o número de indivíduos da espécie caiu drasticamente, subindo os riscos de extinção, onde se encontrava nas listas vermelhas internacionais e nacionais como espécie “em extinção”. Existiam menos de 7000 na natureza e era questão de tempo para a espécie acabar.
Foi então quando pesquisadores e cientistas, junto com a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) começaram a se mobilizar em prol da espécie, fazendo o possível para retirar o animal das listas vermelhas, e conseguiram em partes, vamos explicar.
Desde 1998, a ONG SPVS, observando os decorrentes desmatamentos da Mata Atlântica e consequentemente o sumiço da espécie, iniciou um programa, o Projeto de Conservação do Papagaio de Cara Roxa, onde proibia qualquer comercialização ilegal e domesticação da ave. No ano de 2003, para reposicionar seus ninhos e facilitar a procriação da espécie, foram introduzidos diversos ninhos artificiais em seu habitat e desde então passaram a monitorar as aves e prestar atenção em quem às capturava.
No ano de 2014, o Ministério do Meio Ambiente divulgou a lista de espécies brasileiras que correm o risco de extinção, e o Papagaio de Cara Roxa, que antes estava presente nesta lista, não está mais. E recentemente a UICN divulgou a lista vermelha das espécies em extinção do mundo todo e a espécie também não consta mais nesta lista.
Hoje a espécie ultrapassou os 7.000 indivíduos e passou nas listas da categoria “em extinção” para “quase ameaçada”. O que foi motivo de muita felicidade para todos que estavam combatendo as ameaças contra ave, que contavam com pesquisadores, cientistas, nativos, turistas, ONGs, ou seja, precisou de uma grande mobilização social para que diminuíssem os riscos sofridos pela espécie.
Bom, os riscos não pararam totalmente, eles apenas diminuíram, ainda existem pessoas atrás destas aves e das árvores onde elas habitam; e o pior de tudo é que isso acontece com diversos outros animais. Por isso, devemos combater todo e qualquer tipo de desmatamento e de trafico ilegal, assim todas as espécies nativas sobrevivem e ganham mais um suspiro de vida.