A morbidez humana é tão latente, em sua forma essencial e natural de curiosidade, que alguém sentir vontade de perguntar se pode ou não comer ovo de jabuti não surpreende ninguém. Aliás, se tivesse que questionar, seria o seguinte: de onde foi que o homem tirou a bendita idéia de comer ovos pra se alimentar? Quem inventou essa idéia?
Ovos na Culinária Pré Histórica
Os seres humanos têm consumido ovos desde a aurora do tempo humano. A história é complicada e diversificada; as aplicações culinárias são inumeráveis. Quando, onde e por que as pessoas estão comendo ovos?
Quando? Desde o começo do tempo humano.
Onde? Onde quer que os ovos pudessem ser obtidos. Diferentes tipos de ovos foram e ainda são consumidos em diferentes partes do mundo. Avestruz e frango são os mais comuns.
Por quê? Porque os ovos são relativamente fáceis de obter, excelentes fontes de proteína, adaptáveis a muitos tipos diferentes de receitas.
É provável que as aves de caça do sexo feminino tenham sido, em algum momento no início da história do homem, percebidas como fonte tanto de carne como de ovos.
Os homens descobriram que, removendo do ninho os ovos que queriam comer, poderiam induzir as fêmeas a depositar ovos adicionais e, na verdade, continuar a botar ovos durante um longo período de postura.
Os ovos são conhecidos e apreciados pelos humanos há muitos séculos.
As aves selvagens foram domesticadas na Índia em 3200 AEC. Registros da China e do Egito mostram que aves foram domesticadas e puseram ovos para consumo humano por volta de 1400 AC. E há evidências arqueológicas, para o consumo de ovos que remontam à era neolítica. Os romanos encontraram galinhas poedeiras na Inglaterra, na Gália e entre os alemães. A primeira ave domesticada chegou à América do Norte com a segunda viagem de Colombo em 1493.
Diante disso, porque nos surpreenderia que humanos começassem também a demonstrar curiosidade em consumir ovos de répteis ou de quelônios? E assim tem sido feito. Em várias partes do mundo, colonos e aldeões tem nutrido suas famílias com ovos de outros animais que não apenas de aves. E os ovos de quelônios em geral, tartarugas, cágados ou jabutis, não foram isentos disso. Então, a questão agora é: comer ovos de quelônios em geral pode fazer mal ao ser humano?
Ovo de Jabuti é Comestível?
A resposta direta a essa pergunta é: sim, ovos de jabuti podem ser comestíveis e não fazem mal significativo a saúde humana. Quanto ao valor nutricional dos ovos, o que se pode afirmar é “você é o que você come”. Ou seja, os nutrientes de um ovo serão reflexos da dieta alimentar que seu quelônio usufrui. Então se você alimenta seu quelônio com itens nutritivos e saudáveis, os ovos que a fêmea produzir serão igualmente nutritivos e saudáveis.
Porém, me vem a mente a questão da sobrevivência da espécie aqui. O problema do ser humano quando deseja uma coisa, ele sempre se acha no direito de pegar. E se ele nota quão fácil é pegar, então. Infelizmente, essa falta de consideração e consciência ecológica do homem, o leva invariavelmente a ameaçar as espécies. O comércio ilegal e o tráfico internacional de animais como os jabutis desencadeou-se também para o mundo da culinária exótica, principalmente de jabutis filhotes nesses casos.
As espécies de jabutis hoje existentes no mundo estão ameaçadas de extinção e a maioria sobrevivente são animais em cativeiro. É lamentável que exista quem apenas pense em comer esses preciosos ovos ao invés de se juntar a causa da preservação, procurando tornar esses ovos férteis, para o bem da população de jabutis. Mas se o que você tem em cativeiro é apenas uma fêmea sem contato com macho e não tem outra solução, fazer o quê, não é mesmo? Essas fêmeas atingem a maturidade sexual entre 3 e 5 anos de idade e, invariavelmente, poderão por ovos sem fertilização. Na falta de machos pra consumir a reprodução, sinta-se a vontade pra consumir esses ovos então, se assim o desejar.
Quelônios Também Adoecem
Outra questão a considerar antes de consumir ovos ou mesmo a carne desses animais é que muitos dos mesmos germes que deixam as pessoas doentes também prejudicam a vida selvagem. Por exemplo, bandos de galinhas e outras espécies de aves abrigam e podem espalhar vírus da gripe para as pessoas, incluindo a perigosa que emergiu recentemente na Ásia. Essa capacidade de disseminar doenças para outras espécies também se aplica aos quelônios. Entre os agentes infecciosos que se deve considerar afetando os quelônios e transmissíveis aos humanos estão:
Bactérias Salmonella, que são capazes de causar dores de cabeça, náuseas, vômitos, cãibras e diarréia. Pelo menos um grande surto de Salmonella deixou cerca de 36 membros de uma comunidade aborígine no Território do Norte da Austrália.
Micobactérias, incluindo as espécies que causam a tuberculose em pessoas e outros animais. Uma espécie não identificada dessas bactérias foi isolada de um quelônio. O potencial de adquirir uma infecção microbacteriana de um quelônio por contato direto ou consumo não pode ser descartado, segundo observadores cientistas.
Chlamydiaceae, os mesmos agentes responsáveis por infecções sexualmente transmissíveis por clamídia em pessoas. Quando contraídos por contato não sexual, como a inalação, os germes podem causar doenças pneumonómicas nos mamíferos. Cientistas descobriram anticorpos para esses germes nas fezes de quelônios, indicando a exposição anterior dos animais à bactéria. A provável fonte de exposição dos quelônios é a das aves infectadas.
Leptospiras, bactérias em forma de saca rolhas. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, algumas pessoas infectadas não apresentam sintomas.
Outros desenvolvem febre alta, dor de cabeça severa, calafrios, dores musculares e vômitos. Icterícia, olhos vermelhos, dor abdominal, diarréia e erupção cutânea podem ocorrer. Se não for tratada, a leptospirose pode causar danos nos rins, meningite (inflamação da membrana ao redor do cérebro e da medula espinhal), insuficiência hepática, dificuldade respiratória ou morte. A nova revisão observa que análises de sangue e observações de campo indicam que os quelônios podem servir como reservatório para os germes responsáveis por esses resultados.
Parasitas, incluindo entamoeba invadens, cryptosporidium parvum e trematodes. Os trematódeos espiróide, vermes chatos, são parasitas comuns em quelônios, especialmente naqueles com tumores desfigurantes conhecidos como fibropapilomas. Embora os trematóides vivam principalmente no tecido cardíaco, seus ovos se movem através do sangue para o fígado e foram encontrados nos fibropapilomas. Recentemente, os trematódeos espiróricos também apareceram em fezes humanas de crianças aborígenes australianas cuja cultura valoriza a carne de quelônio.
O Consumo de Ovos Diferentes
Os ovos de quelônio em geral são muito consumidos em diversos lugares pelo mundo. Muitos são comidos crus ou levemente cozidos e são considerados mais saborosos que os ovos de galinha, com um toque almiscarado. O consumo tem sido tão desenfreado, em especial de tartarugas marinhas, que há lugares em que isso é terminantemente proibido justamente devido a ameaça que isso tem trago a determinadas espécies. Mas o homem não tem o hábito mórbido de desejar comer apenas ovos de tartaruga ou jabutis não. Há situações envolvendo ovos que parecem até inacreditáveis. Veja a seguir três outros exemplos no mínimo surpreendentes:
Quando um animal põe tantos ovos quanto os crocodilos, não é de admirar que as pessoas eventualmente decidam tentar comê-los. Aparentemente, o sabor não é muito agradável. Eles têm sido descritos como “fortes” e “suspeitos”, mas isso não impede que os locais no sudeste da Ásia, Austrália e até mesmo Jamaica consumam pratos regulares, ou pelo menos quando eles estão disponíveis. Alguém poderia pensar que encontrar e assegurar com sucesso esses ovos seria difícil, para não mencionar perigoso, mas eles são aparentemente abundantes em partes da Ásia.
O polvo é conhecido no reino animal como sendo especialmente protetor de seus ovos, muitas vezes protegendo-os por vários anos. De fato, foi documentado na natureza que um polvo preferiria morrer de fome do que deixar seus ovos sozinhos. No entanto, o ser humano como animal cruel e egoísta, claro que encontrou uma maneira de obtê-los de qualquer maneira. Ovas de polvo são especialmente populares (embora iguaria cara) no Japão, onde são incorporadas ao sushi. Na natureza os ovos de polvo se parecem com pequenas lágrimas semi-translúcidas e brancas, com manchas visíveis mais escuras no interior. À medida que amadurecem, você pode ver claramente um bebê polvo dentro se examinar perto o suficiente.
Como se a idéia de comer caracóis não fosse o bastante para enjoar, imagine então ovos de caracol. Isso mesmo, o caviar de caracol ou escargot é, na verdade, um luxo em alguns lugares e bota luxo nisso! É a nova delicadeza “it” na Europa, especificamente na França e na Itália. Minúscula, branca como a neve e brilhante na aparência, os caramujos levam oito meses para produzir esses ovos com técnicas de maturação acelerada, e um frasco pequeno de 50 gramas pode custar cerca de cem dólares americanos.
Adoro essa página! Aprendo muitas coisas interessantes do meu interesse. Muito obrigado por partilhar esta informação (e tantas outras também). Tenho uma jabuti fêmea, seu nome é Dorotéia e ela botou 5 ovinhos ontem e estava morrendo de medo de comê-los. Não me entenda mal e não me julgue, é que meu pai disse que só posso ter um em caso e de qualquer maneira eu só tenho mesmo a Tetéia, inclusive ela perdeu uma das patinhas da frente em um acidente com bombinha de São João, mas isso faz tempo, quando ela era jovem e muito brava. Mas bem, como não há macho, então eu acredito que seus ovos estão estéreis e o melhor a fazer neste caso é consumí-los. Pretendo cozinhá-los e consumí-los fatiados com alface, tomate e cebola, que inclusive fazem parte da dieta da Tetéia. Ela também costuma comer as próprias fezes, mas como ela só come alface, tomate e cebola, basciamente comer as próprias fezes é apenas ingerir novamente aquilo que já havia comido antes, certo? Tecnicamente, quando comer seus ovos, não estarei comendo “fezes” mas sim o que eu dava a ela, inclusive, amor e carinho. Eu pretendo, um dia, quando a Tetéia morrer, comê-la, não por maldade, mas acredito que alimentar-me dela será como transferí-la para dentro de mim. Só não sei, se ela vai viver mais do que eu… espero que não… não porque eu gostaria de comer a Dorotéia, mas tenho medo do que pode acontecer com ela, se eu partir primeiro. Moro com pai e ele vive dizendo que vai comer ela, mas eu acho que é brincadeira, porque ela diz o mesmo sobre a moça que trabalha aqui em casa. Se ele estiver falando sério sobre comer Tetéia ele vai se arrepender bastante porque apesar dela ter um jeitão todo lerdo de tartaruga, kkkkkkk, ela é muito tinhosa e já mordeu meu dedo… hoje ela não faz mais isso comigo porque eu soube educar.
Abraços e espero que você tenha um excelente dia de hoje, amanhã e sempre!
Do seu amigo virtual, porém, real
Reginaldo… mas pode me chamar de Naldinho se você quiser.
Reginaldo (Naldinho)
Rs, adorei seu comentario, com humor porem real. Um abraço pra vc e um bj na Tetéia.