A natureza, certamente, é palco de seres fascinantes. Um bom exemplo disso é o ouriço do mar. Algumas espécies se destacam por serem bem interessantes. É o caso do Paracentrotus lividus, que vamos falar mais a seguir.
Principais características do Paracentrotus lividus
Aqui temos um ouriço cujo habitat natural são os fundos rochosos das costas do Mediterrâneo, além do leste do Atlântico. Os lugares onde podem ser encontrados são desde a Escócia, até às ilhas Canárias. Podem ser encontrados tanto na superfície desses lugares, como a mais de 30 m de profundidade. É considerada a espécie de ouriço do mar mais economicamente importante que existe.
Em termos físicos, esse ouriço do mar apresenta um corpo em forma de globo, com simetria pentaradial. Sua coloração, geralmente, é roxa, podendo variar para um castanho escuro, um castanho claro ou um verde oliva. Já o diâmetro dos seus corpos podem chegar a 7 cm, mais ou menos. Seus espinhos são poucos, mas, em compensação chegam a ter o mesmo tamanho do diâmetro do animal.
Assim como outros ouriços do mar, este aqui tem o corpo dividido em duas partes: um hemisfério bucal e outro chamado de aboral, onde as partes estão dispostas em tono de um eixo polar. O polo bucal, como o próprio nome indica, é onde está localizada a boca. Este fica em contato direto com o substrato.
Já o pólo aboral é justamente onde fica localizada a região anal do animal, que é conhecida pelo nome de periprocto. É devido a essas nuances que os corpos dos ouriços, em geral, são esféricos, mas achatados ao longo do eixo polar.
Seus esqueletos internos são formados por placas, mais ou menos desenvolvidas. É nos tentáculos formados por essas placas, inclusive, que os longos espinhos dessa espécie ficam alojados. Entre esses espinhos, estão localizados outros apêndices, responsáveis, entre outras coisas, pela limpeza e pela defesa do animal.
Interessante notar que em algumas regiões costeiras, esse animal também é chamado de ouriço-fêmea. Isso se deve à ideia errada de que esse bicho seja a fêmea da espécie Arbacia lixula, que, por sinal, compartilha do seu mesmo habitat. Porém, essa confusão se estende a outros tipos de ouriços do mar, pois o Paracentrotus lividus também é confundido com as espécies Echinus esculentus e Sphaerechinus granularis.
Mais Um Pouco Sobre O Habitat Natural Desse Ouriço Do Mar
Está aqui um animal que consegue viver numa grande quantidade de lugares diferentes. De pedras a pedregulhos, passando por pradarias fanerogâmicas, o Paracentrotus lividus vive desde grandes profundidades, até locais mais rasos, que é onde se aglomeram grandes quantidades desses seres (até mesmo por conta da disponibilidade de alimentos).
É bastante comum que esses ouriços se aglomerem em poças de maré. Devido ao espaço, geralmente, os ouriços do mar que se encontram nesses grupos são de tamanhos reduzidos. A ausência de animais de maior porte nesses locais é devido às situações adversas de ambiente e clima. Outros aspectos, como exemplares maiores irem para o fundo das marés (onde tem mais abundância de alimento) também explicam essa questão.
Hábitos do Paracentrotus Lividus
Em condições que sejam naturais, a alimentação desse ouriço é bem pouco diversificada, restringindo-se somente a algas ou fanerogâmicas, ou até mesmo de animais incrustantes que ficam presos em algumas pedras, como esponjas, por exemplo. Esse ouriço, na verdade, é grande “navegador” quando as condições são favoráveis, o que permite se alimentar de vários tipos de algas, desde as vermelhas, às verdes.
Gosta, especialmente, de viver em buracos, que escava nas próprias rochas calcárias com o auxílio de seus potentes espinhos, além de usar com engenhosidade o movimento de rotação do seu corpo. Ou seja, o buraco vai aumentando de tamanho à medida que o animal vai crescendo de tamanho.
Tais abrigos servem para proteção, tanto em relação à ação das ondas, como da dissecação do ambiente. Às vezes, no entanto, prefere se esconder em pedaço de conchas, pequenos seixos ou mesmo no meio de algas. Dessa forma, abriga-se também da luz.
Reprodução e Ciclo De Vida
Os ouriços que fazem parte da classe dos Echinoidea (e não somente o Paracentrotus lividus) são o que chamamos de gonocóricos, ou seja, possuem sexos separados. Dessa forma, a fertilização é externa, e a ninhada de ouriços é comum, com os ovos sendo mantidos numa cavidade denominada de perístomo.
Os embriões, por sua vez, desenvolvem-se em larvas planctotróficas (que se alimentam de plâncton). Vivem alguns meses até finalmente afundarem, usando estruturas que funcionam como “pés” apara aderirem ao chão de seu habitat. É quando sofrem mais uma metamorfose, transformando-s e em ouriços jovens.
Ou seja, quando os ouriços mais jovens saem dos ovos na forma de uma larva gelatinosa, Com alguns poucos milímetros de comprimento e uma simetria bilateral, essas larvas ficam com uma forma de zooplâncton por um período de, pelo menos, 6 semanas. Nesse tempo, ele é transportado pelas correntes marinhas de um canto a outro.
Ameaças à Espécie
No Mar Mediterrâneo, existem alguns predadores naturais com os quais o Paracentrotus lividus precisa se preocupar, como, por exemplo, o caranguejo aranha, algumas espécies de peixes, além do Hexaplex trunculus (uma espécie de caracol marinho). Em outros habitats, a estrela do mar espinhosa (de nome científico Marthasterias glacialis) é a grande predadora desse ouriço.
Na verdade, a predação que esse animal vai sofrer, vai depender do tamanho dele. Ouriços mais jovens, por exemplo, são mais vulneráveis, já que os seus espinhos ainda não estão completamente rígidos e bem formados. Há ainda a questão de que muitos desses ouriços se alimentam à noite, mas, em locais onde os seus predadores são mais ativos, justamente, à noite, o Paracentrotus lividus acaba adquirindo o hábito de comer de dia.
Porém, e como quase sempre tende a acontecer, a maior ameaça a esse animal continua sendo o homem. E, não apenas pelo fato dele ser considerado uma iguaria, por exemplo, em países cromo Líbano, França, Itália e Espanha. Mas, também devido às mudanças climáticas forçadas por nós. Isso porque os ouriços do mar, de um modo geral, são bastante afetados por modificações no clima, o que o torna mais animal ameaçado.