O que é uma carapaça de crustáceo? Qual a sua função? De que essa estrutura tão importante para a sobrevivência desses animais é composta?
Basicamente, carapaça é um nome dado na zoologia à estrutura anatômica mais ou menos dura que cobre todo ou parte do corpo de muitos animais. E em alguns casos, essa carapaça é composta de diversos elementos que estão mais ou menos interconectados, criando estruturas morfológicas bastante diversas.
Nos crustáceos, a carapaça é feita de quitina (como quase todos os exoesqueletos são), um material bastante eficiente para a cobertura do cefalotórax, na região da frente; local geralmente contendo muitos órgãos sensoriais.
Nas tartarugas, por exemplo – fugindo um pouco do tema dos crustáceos –, as carapaças são ósseas e cobertas com uns tipos de escamas de queratina (o mesmo material que compõe as unhas e o pelo dos mamíferos) que recobrem todo o corpo do animal.
E essa cobertura deixa apenas umas pequenas aberturas na cabeça e nos membros; com exceção das tartarugas com carapaças moles – que não possuem essa constituição.
Já nos insetos, a carapaça é denominada de “elitro”. E como uma curiosidade, sabemos que a carapaça do caranguejo é uma fonte exuberante de quitina.
No Brasil, as principais áreas de criação e produção de crustáceos estão concentradas nas regiões norte e nordeste; o que representa 70% de toda a produção doméstica. E o “Caranguejo-ucá” – Ucides cordatus cordatus – é o segundo maior crustáceo a habitar os ecossistemas de mangues mais adaptados para o consumo humano.
O que é e quais as Utilizações Dessas Carapaças de Crustáceos?
Vários métodos vem sendo desenvolvidos para recuperar componentes químicos, como proteínas, quitina e carotenoides de resíduos do processamento de artrópodes e crustáceos.
Em Fortaleza – CE, por exemplo, centenas de quilos de cascas de caranguejo são jogados fora pelos restaurantes todos os dias. E como resultado disso, surge a preocupação em utilizar as carapaças desses animais para estudos em várias áreas, incluindo a produção de biomassa tendo a quitina como base – ou mesmo para o seu uso em alimentos e para a produção de cosméticos
Tão ou mais importante que saber o que é uma carapaça de crustáceo, é saber da viabilidade de um processo simples e eficiente para a transformação das carapaças de caranguejos em quitosana e utilizar resíduos que não possuem valor agregado para novas funções.
E com relação a essa quitosana, sabemos que ela é uma fibra derivada da quitina; que por sua vez é a substância de que se constitui as carapaças de lagostas, camarões, caranguejos, entre outras espécies; uma fibra química que muito lembra a celulose, e que tem a capacidade de ligar-se a uma molécula de gordura, atuando como uma “esponja” no aparelho digestivo, impedindo que esta gordura seja absorvida pelo sangue em grandes quantidades.
E como as fibras vegetais não podem ser digeridas, não há valor calórico sendo agregado. E independentemente da quantidade de quitosana consumida, o balanço calórico tende a ser sempre insignificante.
Produção de Suplementos Alimentares
As cabeças de camarões, as cascas de lagostas e as carapaças de caranguejos lançados em abundância pela indústria pesqueira do Ceará não têm mais como destino final os lixões do estado.
Esse material agora é convertido em suplementos alimentares na forma de cápsulas e comprimidos que ajudam a diminuir o colesterol ruim, a perder peso e a controlar doenças relacionadas com o seu excesso.
Agora que já sabemos o que é uma carapaça de crustáceos, sabemos, também, que a quitina e a quitosana obtidas a partir dela possuem dois biopolímeros com importantes propriedades químicas e biológicas.
Elas são substâncias presentes nos resíduos de cascas e carapaças, e de acordo com estudos realizados nos EUA e no Japão, a quitosana obtida a partir delas consegue capturar e remover gorduras através do mecanismo de excreção biliar.
Mas agora, além da saúde que ela proporciona, a quitosana também pode ser utilizada como ingrediente nos processos de tratamento e purificação de água, produção de lentes de contato, na indústria de cosméticos, para a produção de shampoos, hidratantes e protetores solares, além de inúmeras outras utilizações só recentemente descobertas por pesquisadores.
O Filo dos Crustáceos
Como vimos, dentro do filo dos artrópodes existe um subfilo, o dos crustáceos, que caracteriza-se por abrigar espécies que são constituídas por uma carapaça dura (daí o seu nome “crusta” ou “carapaça dura”), que forma todo o seu exoesqueleto quitinoso e rígido.
Essa quitina, de que se constitui a sua carapaça, é o resultado de um curioso acúmulo de carbonato de cálcio, o que acaba tornando-a uma matéria-prima formidável para a produção de uma excelente fibra animal, a quitosana.
Porém não terminam aí as singularidades físicas e biológicas desses animais. Não mesmo!
Pois eles ainda chamam a atenção por apresentarem apêndices segmentados e articulados (antenas, patas e birremes), além de outras subdivisões da sua divisão básica: cabeça e corpo. Esse último, subdividido em cefalotórax e abdômen.
Dentre as principais características dos crustáceos, está também o fato de eles serem animais marinhos, com alguns indivíduos habitantes de ecossistemas terrestres, e com uma maior variedade encontrada em ambientes exclusivamente doces – e ainda com enorme variedade de formas e de papéis ecológicos na natureza.
E dentre os tipos mais conhecidos, podemos destacar os caranguejos, lagostas, siris e camarões, que, curiosamente, tornaram-se iguarias apreciadíssimas nos quatro cantos do mundo.
No entanto, existem também os menos populares, como as cracas, os fitoplânctons, bichos-de-contas, tatuzinhos-de-jardins, entre outras espécies tão ou mais exóticas, e que também ajudam a compor uma comunidade com quase 70.000 espécies com as mais diversas características.
Espécies que são o retrato vivo da formação da fauna do planeta há algumas centenas de milhões de anos! Que até hoje habitam o planeta, executando os seus respectivos papéis ecológicos de forma verdadeiramente formidável! Além de cercadas pelas mais singulares crenças, controvérsias e mistérios que podem brotar da mente humana em contato com essa exuberância da fauna do planeta.
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