Apesar de ser um país industrializado, o Brasil é uma das federações de maior importância quando o assunto é a pecuária. Esta atividade econômica – além de abastecer o mercado interno-, exerce uma grande relevância nas exportações brasileiras e por consequência, nas relações internacionais. Por incrível que pareça, existe um pequeno animal que pode colocar inúmeros bilhões a perder, por simplesmente propagar doenças e ferimentos a animais bovinos: a Mosca dos Estábulos.
Características Gerais das Moscas
As Moscas, são insetos que fazem parte da subordem Brachycera, que por sua vez, são parte da ordem Diptera (do grego: Di = duas; ptera = asas), ou seja, animais que possuem um par de asas. Como todo artrópode, o corpo da mosca não é diferente, possui três partes principais: cabeça, tórax e abdome.
Cabeça
Ela tem dois olhos que ocupam a maior parte da cabeça, formados por cerca de 4000 omatídeos – nome dado às unidades que formam os olhos de todos os artrópodes -, que dão a esses insetos uma visão de praticamente 360 graus.
Possuem uma grande quantidade de estruturas sensoriais espalhadas pelo corpo, incluindo as antenas, que permitem a elas perceberem mudanças ou movimentos mínimos no ar. Estes artifícios servem como alerta para a chegada de um possível predador ou inimigo. Como as Moscas não possuem dentes ou artifícios para triturar alimentos, seu aparelho bucal é uma espécie de tubo chamados Labelo.
Tórax
Os músculos da mosca inserem-se na parede interna do tórax com 3 linhas longitudinais, onde estão acopladas as seis pernas e as asas do inseto.
No final de cada perna estão duas unhas, sobre as quais há uma espécie de almofada adesiva, que permite ao inseto andar em qualquer superfície. Essa parte adesiva contém pelos, o que torna a mosca uma propagadora de doenças em potencial.
Abdome
Esta região é o centro das funções viscerais, reprodutivas e dos movimentos respiratórios do inseto. A mosca respira através de orifícios de ar, chamados espiráculos, situados na lateral de seu corpo.
Este circula dos orifícios para dentro de tubos, transportando oxigênio.
Mosca-dos-Estábulos
A Mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans L), pode ser chamada de mosca-de-estábulo, mosca-do-bagaço, mosca-do-gado, murianha, murinhanha, meruanha, bironha, bernanha, beronha, biruanha e buruanha.
Ela geralmente é confundida com a Mosca-doméstica por sua aparência, porém se diferencia por sua cavidade bucal. A mosca-dos-estábulos consegue ter acesso à corrente sanguínea para sucção, pois ao final de seu Labelo, há minúsculas serrilhas que rompem a pele do animal.
Habitat
Essas moscas são encontradas sobrevoando e picando animais que vivem em zonas rurais, de preferência sob luz solar intensa. Costumam viver e se desenvolver em restos de matéria orgânica em decomposição como palha, fezes de animais e restos alimentares.
Com o passar do tempo, esses materiais orgânicos fermentam e formam uma substância que é favorável à proliferação da mosca-dos-estábulos. Como toda espécie de mosca, também lhes agrada ambientes onde há excesso de chuvas e altas temperaturas.
Tamanho ou Altura
As moscas variam de tamanho de acordo com suas espécies. Espécies maiores como a Mosca-dos-estábulos, medem 18 a 25 mm de comprimento. Porém, moscas como a Típula, pode chegar a 75 mm, se adicionarmos as asas deste inseto.
Espécies médias como a Mosca-doméstica e a Mosca-da-carne medem de 6 a 14 mm. As espécies pequenas como a Mosca-de-banheiro e a Mosca de fruta têm de 2 a 5 mm de comprimento. Espécies como a Mosca-branca, podem chegar a 1,5 mm.
Reprodução
A reprodução da Mosca-dos-estábulos é sexuada. Têm 12 a 60 dias de vida, divididos entre 4 fases de metamorfose: ovo (por isso são ovíparas), larva, pupa e adulto.
A fêmea põe de 25 a 50 ovos brancos, com cerca de um milímetro de comprimento. De cada ovo nasce uma larva, como um verme. Após cinco a seis dias, sua aparência se torna fina e castanha. Neste estágio da metamorfose, as larvas se tornam pupas, o que correspondente a situação das borboletas em um casulo.
Após cinco ou seis dias, a pupa eclode de sua casca protetora, transformando-se em uma mosca adulta. Cerca de dez dias depois de se tornarem adultas, as moscas fêmeas são fecundadas e necessitam ingerir sangue para completar o desenvolvimento dos seus ovários e para isso sugam sangue dos hospedeiros, para enfim, começar outra geração de insetos.
Malefícios da Mosca-dos-Estábulos
Moscas-dos-estábulos são extremamente prejudiciais, tanto para a saúde de animais, quanto para a economia de cadeias produtivas da pecuária bovina. Geralmente preferem atacar equinos e bovinos (em suas partes baixas), mas eventualmente, podem atingir animais domésticos e até mesmo o homem.
Para se alimentar, ela aproveita o momento de repasto dos animais, perfurando a pele destes várias vezes. Ao se alimentarem do sangue de equinos e bovinos, trazem consigo uma série de patologias, incluindo atuar como vetor mecânico do Trypanosoma evansi e Trypanosoma vivax; e como vetor biológico na transmissão da mosca-do-berne, Dermatobia hominis.
Serve também de hospedeira intermediária para Habronema microstoma, que causa a habronemose gástrica e/ou cutânea de equinos; da Setaria cervi, que parasita órgãos da região da barriga no animal; além de ser transmissora do vírus da anemia infecciosa equina.
Esta ação é bastante dolorida para os animais e dependendo do grau de infestação de moscas, provoca perdas de 10% a 30% no ganho de peso e redução de quase metade de sua produção de leite usual. De acordo com dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os prejuízos para o Brasil causados pela mosca, chegam a 350 milhões de dólares anuais.
Como Evitar a Mosca-dos-Estábulos?
É essencial que se mantenha a higiene nos locais onde seja propício o desenvolvimento da mosca, como em instalações pecuárias e usinas canavieiras. Para isso, deve-se eliminar o acúmulo de matéria orgânica, como o esterco ao redor do local e das camas de aves (uma espécie de adubo orgânico que pode ser utilizado para a preparação do solo em fazendas).
Uma maneira eficaz no manejo de resíduos descartados, é separar o conteúdo de uma semana, amontoar ou depositar na esterqueira, cobrindo-o com lona plástica. Mantenha o tapado por quatro semanas: nesse período, ele será fermentado pela elevação da temperatura, destruindo possíveis larvas. O resíduo formado poderá ser usado como adubo.
Para a eficácia ao combate a mosca, pulverizam-se inseticidas à base de piretróides e organofosforados, ao redor dos alojamentos dos animais e das instalações rurais. Outra forma auxiliar de controle é a aplicação de inseticidas no dorso do animal e brincos mosquicidas. Todas essas medidas garantem a efetividade de 90% do controle da incidência de mosca-dos-estábulos.