A natureza é mesmo surpreendente, haja vista saber que os morcegos, diferentemente do que se imagina, são mais amigos do que inimigos dos humanos. E um deles é o morcego-cauda-de-rato, uma espécie pequena, com coloração preta, e que, apesar da aparência assustadora, não costuma atacar as pessoas.
O animal é facilmente reconhecido pela sua cauda, longa e bastante exuberante, que atravessa, e muito, o uropatágio; e que por isso lhe confere o apelido, também sugestivo, de “morcego-de-cauda-grossa” – sem sombra de dúvidas, um dos mais originais dentre todos os que compõem essa, para muitos, horripilante ordem Chiroptera.
O seu nome científico é Molossus molossus. E o seu porte está mais para o mediano, podendo também ser classificado como um animal de pequeno porte, porém com uma curiosa habilidade para o voo, que lhe permite, inclusive, abocanhar presas em pleno ar, como fazem as mais hábeis e vorazes espécies insetívoras.
Diversas espécies de abelhas, besouros, gafanhotos, louva-a-deus, grilos, pernilongos, vespas, mariposas, entre outras inúmeras variedades de insetos voadores, não conseguem lhes opor a menor resistência, munidos que são de um engenhoso sistema de Ecolocalização que os permite enxergar na mais completa ausência de luz.
A sua abrangência também é bastante significativa. O morcego-de-cauda-de-rato pode ser facilmente encontrado em praticamente toda a América Latina, desde o sul do México, passando pelas Guianas e Suriname; atravessam países como Venezuela, Bolívia, Paraguai, Equador e Brasil, até atingir a Argentina, e configurarem-se como uma das espécies típicas de algumas regiões dos Andes.
Ele É Um Morcego Preto, Não Perigoso, Não Ataca as Pessoas, E Ainda É Repleto De Peculiaridades!
Os morcegos-de-cauda-de-rato (ou morcegos-de-cauda-grossa) chamam a atenção também por possuírem hábitos crepusculares. Eles podem ser vistos com facilidade a grandes alturas, à caça das suas principais presas, em voos acrobáticos de fazer inveja aos não menos habilidosos gaviões, gaivotas, andorinhas, entre outros mestres do voo.
O seu habitat preferido são as matas primárias, florestas densas, bosques, florestas arbustivas; mas o curioso é que, além de possuírem uma coloração preta, serem muito pouco perigosos e não costumarem atacar as pessoas, esses morcegos também chamam a atenção pela facilidade com que habitam ambientes urbanos.
Eles podem ser vistos em bandos de algumas dezenas de indivíduos em forros de igrejas, sótãos de casas abandonadas, nos interstícios dos telhados, em construções antigas, e onde quer que eles encontrem uma ambiente calmo e silencioso; escuro e lúgubre; que lhes ofereça um bom refúgio para a reposição das suas energias, gastas sobremaneira durante os períodos de voo.
O Molossus molossus é bastante comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde costuma habitar os trechos que ainda existem de Mata Atlântica e Floresta de Araucária. Mas o curioso é que, observados bem perto, podemos perceber neles uma coloração mais clara no ventre, além de detalhes marrons-avermelhados que lhes conferem um aspecto ainda mais singular.
Completam algumas das suas principais características, focinho e orelhas bastante discretos, pelagem razoavelmente volumosa, olhos pequenos – e é claro, uma cauda longa e grossa, que atravessa bastante o seu uropatágio, e que lhe confere um ar de uma espécie de “elo perdido” entre uma forma qualquer de roedor e de uma ave.
A Importância Dos Morcegos-De-Cauda-De-Rato Para O Meio Ambiente
Para muitos, trata-se de uma grata novidade saber que esses animais – quase unanimidade quando o assunto são as espécies mais assustadores e repulsivas da natureza – podem configurar-se como grandes parceiros do homem.
Esse é o caso do morcego-de-cauda-de-rato, uma espécie que não costuma ser perigosa, não ataca as pessoas, e que apesar da sensação que causa a sua tonalidade preta, prefere mesmo é fugir do assédio do homem.
Nas florestas, plantações, áreas de lavouras, ou mesmo em regiões urbanas, o morcego-cauda-de-rato – o Molossus molossus – ainda realiza um excelente trabalho de controle de determinados tipos de pragas que costumam ser um pesadelo na vida dos produtores.
Espécies como a Diabrotica speciosa, a Plutella xylostella, a Harmonia axyrydis, além de diversas espécies de besouros, gafanhotos, louva-a-deus, mariposas, cigarras, entre outras espécies de insetos voadores (aquáticos ou terrestres) não conseguem opor a menor resistência às suas poderosas garras.
Calcula-se que um morcego-de-cauda-de-rato adulto não sinta-se satisfeito com uma jornada diária que contemple menos de algumas dezenas de insetos, enquanto os morcegos de um modo geral são capazes de dar um fim a alguns milhões de pragas diariamente, configurando-se como uma das ordens de animais mais importantes para o equilíbrio da ecologia de praticamente todas as regiões do planeta.
O problema é que os riscos de extinção não é, de forma alguma, um privilégio das espécies frugívoras (as que alimentam-se essencialmente de frutas), já que o avanço do progresso nos habitats naturais desses e de outros diversos gêneros de morcegos configura-se como a principal ameaça às suas sobrevivências.
Os Riscos Associados Aos Morcegos
Apesar de não serem perigosos e não costumarem atacar as pessoas, não é escusado atentarmos para alguns riscos à saúde relacionados com a presença dessa espécie, especialmente em regiões urbanas, onde costumam abrigar-se em forros de telhados, ruínas, casas abandonadas, porões, e onde quer que eles encontrem um local seguro, silencioso e escuro!
Mas o problema é que uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cambridge descobriram, há cerca de 8 anos, que algumas espécies de morcegos africanos são capazes de transmitir um tipo de vírus (o “henipavírus”) considerado ainda mais agressivo do que o da raiva, do qual os morcegos são alguns dos principais portadores.
A descoberta, publicada na importante revista Nature Communications, trouxe em comboio ainda outras, como as que (supostamente) associam a esses animais a transmissão de patógenos causadores da “Síndrome Respiratória Aguda Severa”, da “Síndrome respiratória do Oriente Médio”, e até mesmo do assustador vírus Ebola – que podem ter os morcegos como um dos seus principais transmissores.
De acordo com os estudiosos, essas transmissões geralmente ocorrem dos morcegos para um animal qualquer (cavalos, porcos, bovinos, entre outros); e só então desses para o homem – em um processo que, como podemos perceber, não tornam os morcegos uma ameaça direta à espécie humana.
A preocupação é somente a de que se redobre a vigilância com relação a essas espécies de animais, que são capazes de trazer em si uma grande carga de agentes infecciosos (em especial, vírus), que não necessitam de um ataque direto para que sejam transmitidos ao homem.
Frutas, sementes, legumes, e até mesmo a água podem ser contaminados com alguns desses agentes. Sendo recomendado, portanto, a precaução. Pois se eles não representam riscos na forma de um ataque direto, indiretamente os morcegos podem, sim, representar um grave risco à saúde do homem; e que costuma ser potencializado pela negligência com relação à higiene e demais métodos de prevenção de doenças.
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