Se existe algo em que a natureza dá um espetáculo, é na grandiosa diversidade que ela nos apresenta. Constantemente pesquisadores descobrem novas espécies que habitam a terra, desde animais aquáticos, terrestres e voadores. Falando em animais voadores, em um estudo bem recente, pesquisadores descobriram uma espécie bem estranha e um tanto assustadora.
O morcego lobo ou raposa voadora, é um animal que vive em um local mais remoto situado nas ilhas do oeste do Oceano Pacífico e também próximos ao Oceano Índico. Embora tenham um aspecto de raposa, estes animais nada mais são do que morcegos, que levam esse nome pelo fato de que a coloração de seus pelos lembra a pelagem de uma raposa.
Morcego Lobo: Características
O morcego lobo (pteropus vampyrus) é uma espécie de morcego gigante, sendo este considerado o maior animal desta família. O comprimento das asas deste morcego pode chegar a quase 1,5 m e o peso pode chegar a 1 Kg, isso significa que a grandiosa “raposa-voadora” chega a ser até três vezes maior que os morcegos tradicionais que conhecemos.
Os cientistas apresentam que os morcegos são divididos em duas subordens clássicas:
- Raposas voadoras (Megachiroptera)
- Morcegos verdadeiros (Microchiroptera)
Algo interessante é que, após uma análise genética, se descobriu que estes dois grupos têm um ancestral em comum. Antes deste teste a suposição era de que as subespécies tinham se desenvolvido de modo independente.
- Reino: Animalia
- Filo: Chordata
- Classe: Mammalia
- Ordem: Chiroptera
- Família: Pteropodidae
- Gênero: Pteropus
- Espécie: Pteropus Vampyrus
Além do que já citamos, existem outras características deste animal fantástico:
- Patágio, também conhecida como membrana alar, é bem desenvolvido e permite ao animal executar voos baixos e planados.
- A dentição do morcego lobo é composta por 34 dentes, sendo eles divididos em incisivos e caninos maxilares (com duas raízes) e também incisivos mandibulares denteados (contendo entre dez e doze pontas cada um).
Morcego Lobo: Dieta
O aspecto grande e assustador pode nos fazer pensar que este animal é um risco para o homem mas o morcego lobo é um animal que tem a sua alimentação baseada em néctar e frutas.
Ao falarmos em morcego é muito comum associarmos este animal a um hábito alimentar na base de sangue, o morcego lobo não adota esta prática, já os morcegos da classe microchiroptera variam com dietas que vão desde frutas até peixes. O costume de alimentar-se de sangue foi desenvolvido por três espécies: os Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e os Diaemus youngi. Estes animais são chamados de hematófagos devido a este hábito.
Ainda falando na alimentação do grande morcego, recentemente os estudiosos descobriram alguns alimentos preferidos da espécie. Frutas como fruta-pão (muito semelhante à jaca) estão na lista mais procurada. Um outro fator relevante é que embora estes animais não tenham hábitos carnívoros, eles possuem os caninos muito afiados o que lhes permitiria contar a carne muito facilmente e são portadores de alguns vírus bem ofensivos aos humanos, um exemplo é o ebola.
Morcego Lobo: Reprodução
A reprodução desta espécie é algo que surpreende, muitos animais têm períodos onde buscam a fêmea para reproduzir. O morcego lobo não adere a estes períodos, ele se reproduz durante o ano inteiro, diferente da outra subclasse.
O número de filhotes por gestação é geralmente um, com exceção dos morcegos do gênero Lasiurus que podem ter quadrigêmeos. Os filhotes do morcego lobo (megachiroptera) se tornam independentes, no que tange a habilidade de voar, em um período que passa dos quatro meses, já os microchiroptera conseguem traçar os primeiros voos a partir da sexta semana de vida.
A maturidade sexual, algo muito importante para o desenvolvimento das espécies, é atingida quando os morcegos chegam a dois anos de vida. O comportamento sexual dos morcegos pode variar, mas em geral existe um macho que domina e este tem o controle de várias fêmeas, os machos que não ocupam a posição dominante tentam copular de maneira secreta.
Morcego Lobo: Costumes
Assim como qualquer outro morcego, esta espécie tem principalmente hábitos noturnos. Manguezais e coqueirais são os lugares onde mais se vê este animal, ele bem caracterizado por seus movimentos silenciosos, porém quando estão retornando para suas casas eles emitem sons. Acredita-se que eles produzem esses sons para conseguir espaço, visto que eles vivem em grandes grupos.
Apesar de ser uma espécie bem populosa, quando saem para buscar comida, eles costumam sair em grupos menores e podem percorrer áreas de até 50 Km. Como dito anteriormente, eles se alimentam de frutas e do néctar, por este motivo o morcego lobo se caracteriza como um polinizador nato e também exímio distribuidor de sementes.
Ecolocalização
Sabe aquele termo que costumamos falar, “o sexto sentido”? pois então, em geral os morcegos possuem essa característica. Embora o morcego lobo não tenha essa habilidade, vale a pena ressaltarmos esse ponto, visto que é algo que bem peculiar destes animais.
Ecolocalização é, a grosso modo, a orientação baseada por ecos. Seu funcionamento é bem simples, o animal emite por sua boca ou narinas uma frequência sonora muito forte (ultrassom), ao encontrar qualquer obstáculo à sua frente estes sinais sonoros retornam na forma de um eco. Este eco permitirá ao morcego ter uma leitura do ambiente (tanto em sentido como em direção), quanto mais próximo um objeto estiver, mais rápido e potente será este sinal de retorno. A lógica é a mesma para obstáculos mais distantes, quanto mais tempo e fraco for o sinal, significa que o obstáculo está longe.
Morcego Lobo: Ameaças e Estado de Conservação
O morcego lobo não possui um predador definido, os únicos animais que podem causar algum risco são lagartos e os gatos selvagens. A questão de caça não apresenta tanto risco à espécie, mas há casos em que os morcegos invadiram propriedades rurais e foram mortos pelos fazendeiros.
Segundo os biólogos o que mais ameaça a espécie é a possibilidade de aumento do nível do mar que está diretamente ligado às questões climáticas. Como o morcego lobo vive em ilhas remotas de baixa profundidade (conhecidas como atóis), um possível aumento do nível do mar resultaria em inundações. Baseando-se nisso, a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) classificou a espécie como “quase ameaçada” na lista vermelha.