Há muitas espécies de morcegos espalhadas ao redor do mundo. E a grande maioria é bem interessante de ser observada e estudada. Caso do morcego-anão, que, como o próprio nome diz, é um espécime bem pequeno, mas ao mesmo tempo bem peculiar. E é justamente sobre ele que falaremos a seguir.
Características do Morcego-Anão
De nome científico Pipistrellus pipistrellus, este pequeno ser alado possui coloração castanhas, e orelhas triangulares e pontiagudas. A parte dorsal de seu é mais escura, enquanto que o seu ventre é de um castanho-amarelado mais pálido. Já as zonas de pelo que não possuem pelo são de coloração preto-acastanhadas. Em termos de tamanho, atinge de 18 a 24 cm de envergadura total.
Essa é uma espécie de morcego muitíssimo semelhante a outros que pertencem ao gênero ao gênero Pipistrellus, cuja única diferença realmente visível está na aparência das pontas dos 3 incisivos. O primeiro incisivo superior é bem forte, possuindo duas cúspides. Ao passo que o segundo incisivo superior tem uma cúspide mais curta.
O morcego-anão tem distribuição geográfica por grande parte da Europa, mas, também pode ser encontrado no noroeste de África, na Ásia menor, e no Médio Oriente. Em se tratando de habitat, é uma espécie muito flexível, podendo ser encontrado com relativa facilidade em centros urbanos e em ambientes rurais. Preferencialmente, no entanto, gostam de habitar as florestas e as zonas ribeirinhas.
Alimentação E Desenvolvimento Dos Filhotes
Basicamente, esses pequenos morcegos se alimentam de dípteros (grupo de insetos que do qual fazem parte as moscas, por exemplo). A caça é feita através de voos ágeis, com manobras rápidas, que capturam a presa com facilidade. Saem para se alimentar apenas alguns minutos após o pôr-do-sol, e numa única noite de caçada, podem abocanhar cerca de 3 mil insetos.
A maior parte dos morcegos-anões jovens atinge a maturidade sexual já no seu primeiro outono. São os machos adultos que estabelecem qual será o local de nidificação. Nesse local, atraem as fêmeas com cantos que fazem em pleno voo. Com isso, algumas vezes, acaba m se formando grupos de acasalamento com até 10 fêmeas.
Já as colônias de nidificação, geralmente, são ocupadas no mês de maio, Nascem de 1 a 2 filhotes por fêmea, o que ocorre, mais ou menos, no mês de junho, ou, às vezes, no início de julho. O comprimento do antebraço dos filhotes é de uns 12 mm apenas, e o seu peso não ultrapassa as 1,5 g.
No entanto, o crescimento deles é bem rápido (em comparação ao tamanho já diminuto, obviamente).
Por exemplo: em apenas 10 dias, o seu antebraço cresce mais 19 mm, e passam a pesar mais de 3 g. Já em 20 dias, o antebraço medem 27 mm, e o peso passa de 4 g. A partir de 4 semanas, eles já estão independentes o suficiente para poderem sair da colônia onde nasceram, e procurarem seus próprios abrigos.
Hábitos Noturnos
Sendo uma espécie de morcego eminentemente noturna, o Pipistrellus pipistrellus, logo após o pôr-do-sol sai para poder se alimentar, e sua ronda vão depender bastante do clima de cada estação durante o ano. Entre os meses de maio e junho, por exemplo, ele regressa ao abrigo entre a meia-noite e o amanhecer.
Já nas noites mais frias, esse regresso se dá bem antes disso. Entre os meses de junho e agosto, por sua vez, a sua maior atividade se dá entre o anoitecer e o amanhecer, num ronda de período bem longo. Nisso, ele alterna períodos de maior atividade, com períodos de descanso.
Durante o verão, as fêmeas ficam em colônias de criação, entre os meses de abril e maio. Esses abrigos podem ser em cavernas, ou até mesmo em espaços apertados de edificações humanas. Podem chegar a abrigar cerca de 1000 indivíduos. Os machos, em contrapartida, são mais solitários ou então vivem em pequenos grupos. Já durante o inverno, podemos encontrar morcegos-anões de todas as idades e sexos em grupos menores, de 10 a 20 indivíduos.
Dentro de uma pequena área, essa espécie de morcego pode se movimentar entre vários abrigos, onde os de verão e os de inverno estão separados, em média, por uns 15 km. Por sinal, entre os morcegos “urbanos”, esta espécie é a mais comum de ser encontrada em casas e edifícios (além de também habitar algumas árvores localizadas na própria cidade). Facilita bastante, evidentemente, o fato de serem animais muito pequenos, podendo, facilmente, passar por buracos e frestas dos mais diversos tamanhos.
Ameaça de Extinção
Mesmo que existam outras espécies de morcegos bem mais ameaçadas do que esta, ainda assim, a ação humana é prejudicial à permanência do morcego-anão na natureza e até em espaços urbanizados. Especialmente devido ao desmatamento de áreas florestais que servem de habitat para o animal.
Também contribui muito o fato desses animais terem muitos hábitos urbanos. Isso porque muitos os veem como uma grande “praga”, quando, na verdade, esses animais até ajudam no controle de pragas reais, como mosquitos e outros insetos nocivos à saúde humana. Mesmo assim, esses morcegos são caçados e suas colônias, destruídas.
Por enquanto, o estatuto de preservação da espécie ainda é pouco preocupante, porém, não custa salientar que é preciso ficar de olho para que o morcego-anão não venha a ficar realmente ameaçado como acontece com diversas outras espécies mundo afora.
Você Sabia Que O Morcego-Anão Se Tornou “faxineiro” Numa Biblioteca?
Em Portugal, junto com a espécie morcego-orelhudo-castanho, o morcego-anão se tornou notícia em Portugal por, literalmente, ajudar a preservar os livros de uma biblioteca. Trata-se da tradicional biblioteca localizada no Palácio Nacional de Mafra, que possui em torno de 36 mil livros.
A questão aqui é simples: os morcegos que residem na biblioteca, ou que a visitam regularmente, alimentam-se de diversos insetos, incluindo aí as traças, que são terríveis para qualquer livro. Além de garantirem uma bela janta, eles ainda são responsáveis pela “faxina” do local, portanto.
Em suma: de forma totalmente ecológica, a biblioteca não precisa passar por problemas de danificação dos seus livros, e ainda tem nesses aluados alados uma bela e interessante “atração turística” para mostrar aos visitantes. É unir o útil ao agradável, sem dúvida, mostrando a harmonia entre humanos e natureza.