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Minhocuçu Mineiro

Diferentemente da minhoca comum (Lumbricina), o minhocuçu (Rhinodrilus alatus) é um anelídeo com extensão e diâmetro corporal maiores. Também desempenha um papel imprescindível para a agricultura, em decorrência da produção de húmus, e igualmente é muito utilizado como isca para pesca.

Na pesca, as minhocas comuns são utilizadas para captura de peixes pequenos; enquanto que os minhocuçus são destinados à captura de peixes maiores e economicamente mais atrativos, a exemplo do Surubim, Bagre e Peixe Jaú.

O minhocuçu mineiro, particularmente, é grande alvo de comercialização ilegal, principalmente destinada à pesca. Esforços vêm sendo realizados para que a extração do animal não executada seja de forma predatória, e sim sustentável.

Neste artigo, você conhecerá um pouco mais sobre o minhocuçu mineiro, suas características, hábitos e sobre a movimentação e interesse econômico gerado em torno do mesmo.

Então, venha conosco e boa leitura.

Minhocuçu Mineiro: Características Físicas

Geralmente, a extensão do minhocuçu ultrapassa 60 centímetros, podendo alcançar até mesmo 1 metro. O diâmetro é de quase 2 centímetros.

No solo, este animal tem preferência por estar próximas às raízes das árvores ou gramíneas.

Apesar das dimensões maiores, a estrutura corporal é semelhante às minhocas comuns.

Minhocuçu Mineiro: Hibernação e Acasalamento

A sazonalidade tem influência direta sobre aspectos comportamentais como o acasalamento e hibernação.

Em Minas Gerais, o período de acasalamento ocorre durante a estação chuvosa, que compreende o espaço de tempo entre os meses de Outubro a Fevereiro. Após o acasalamento, é chegada a hora de realizar a postura dos casulos no solo. Em cada casulo ficam abrigados de 2 a 3 filhotes.

O período de hibernação ocorre nos meses de Março a Setembro. Durante este período, o minhocuçu fica em uma câmara subterrânea abaixo do solo, aproximadamente de 20 a 40 centímetros. Neste período de hibernação, a extração predatória do animal se intensifica. É comum que famílias e comunidades, que infelizmente vivem desta atividade, procedam à utilização intensa de enxadas e instrumental agrícola.

Minhocuçu Acasalamento
Minhocuçu Acasalamento

Minhocuçu Mineiro: Conhecendo o Local de Prevalência

É comum encontrar o minhocuçu nos biomas de cerrado brasileiro (com vegetação caracterizada basicamente por gramíneas, árvores espaçadas e alguns arbustos). Áreas de plantação e pastagens também são locais de alta prevalência.

Em Minas Gerais, particularmente, pesquisadores confirmam que a existência do animal se limita à área compreendida por um triângulo formado pelo Rio São Francisco e pelo seu afluente, Rio das Velhas.

O Rio das Velhas tem a sua base localizada ao sul, região que compreende os municípios de Prudente de Morais, Sete lagoas, Inhaúma, Maravilhas, Papagaio e Pompéu, estendendo-se até o município de Lassance, o que equivale às proximidades do vértice do triângulo. Apesar de estes municípios terem uma alta prevalência, os grandes campeões são os municípios de Sete Lagoas e Paraopeba.

A maior parte dos extratores e comerciantes está concentrada em Paraopeba.

Minhocuçu Mineiro: Utilização Para a Pesca

Apesar do minhocuçu ser a isca favorita dos peixes do tipo Bagre, Jaú e Surubim, ele também serve como isca para todos os peixes de água doce do país.

Quem utiliza o animal como isca refere que o diâmetro do animal é bastante eficaz para encobrir o anzol, disfarçando a sua área metálica; além de ser uma isca de textura firme e longa durabilidade. Essas características se diferenciam em relação àquelas apresentadas pelas minhocas comuns, as quais frequentemente têm uma textura amolecida e pouca mobilidade.

Minhocuçu Mineiro: Utilização Para a Pesca
Minhocuçu Mineiro: Utilização Para a Pesca

Muitos pescadores já relaram que o uso do minhocuçu os permitiu capturar peixes dourado, tambaqui, matrinxã,pacu, traíra, jaú, pintado, armau,  serrudo cachara, pirarara, piau, piapara, piauçu, jurupoca, corvina, pirapitinga, ,  mandi, palmito, bico de pato, , tabarana, barbado, cuiu-cuiu entre outras espécies.

Minhocuçu Mineiro: Cenário de Exploração Predatória

Desde o ano de 1930, o minhocuçu é comercializado por vendedores ambulantes para pescadores amadores, que conhecem a grande fama e importância deste animal.

Apesar de grande parte da comercialização estar concentrada no município de Paraopeba, é comum ver o minhocuçu sendo comercializado ao longo de toda a estrada que liga Belo Horizonte ao circuito de Três Marias. Este circuito abrange alguns municípios localizados na região central do estado.

Saco Cheio de Minhocuçu
Saco Cheio de Minhocuçu

A legislação federal, assim como a legislação estadual de Minas Gerais, considera como crime ambiental a extração, comércio e transporte de animais silvestres e, no caso, o minhocuçu é considerado um animal silvestre.

Muito mais que um animal silvestre, ele foi sinalizado como m animal em risco de extinção, fato que aumenta a vigilância e às políticas em relação a ele um pouco mais.

Infelizmente, mesmo sendo ilegal, a extração e comercialização ilegal do minhocuçu, é a única fonte de renda para famílias, e até mesmo comunidades inteiras.

Somado ao caráter de ilegalidade, a extração desencadeia invasão de propriedades e conflitos com pequenos e médios agricultores. Muitos extratores, inclusive, utilizam fogo para limpar o local de extração, prejudicando o solo e as atividades de plantio.

Minhocuçu Mineiro: Projeto Minhocuçu

Projeto Minhocuçu
Projeto Minhocuçu

O Projeto Minhocuçu tem como finalidade utilizar este animal de modo sustentável, através da adoção de um processo chamado de manejo adaptativo.

Este projeto foi concebido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no ano de 2004. A coordenação do projeto fica a cargo da professora Maria Auxiliadora Drumond.

Com o Projeto Minhocuçu, visa-se alcançar uma estratégia que reduza a extração deste anelídeo, uma vez que proibi-la radicalmente apenas intensificaria os conflitos entre a população local.

A proposta de manejo adaptativo prevê autorização do IBAMA para construção de minhoqueiros  (espaços de acondicionamento e criação de minhocas ou minhocuçus), proibição da extração de filhotes, proibição da extração durante o período reprodutivo, e rodízio entre as áreas de retirada.

Em parceira com a comunidade local, muitas das medidas propostas pelo projeto já foram implementadas. O projeto também passou a receber o suporte financeiro da FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais), desde o ano de 2014. Dessa forma, além de aumentar a consciência sobre a extração sustentável do minhocuçu, os cientistas também monitoram os impactos que as mudanças climáticas geram sobre este animal.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre o minhocuçu mineiro, continue conosco e conheça também outros artigos do site.

Até as próximas leituras.

REFERÊNCIAS

CRUZ, L. Projeto Minhocuçu: esforços para conservação e uso sustentável. Disponível em: <https://minasfazciencia.com.br/infantil/2018/04/18/projeto-minhocucu-esforcos-para-conservacao-e-uso-sustentavel/>;

DRUMOND, M. A. et. al. Ciclo de vida do minhocuçu Rhinodrilus alatus, Righ, 1971;

PAULA, V. Minhocuçu, a isca milagrosa. Disponível em: <https://blogs.uai.com.br/guiasdepesca/minhocucu_a_isca_milagrosa/>.

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