A hematofagia é o hábito alimentar de beber sangue. É muito raro em borboletas e só foi descoberto em um gênero de mariposas da família erebidae e subfamília calpinae. O gênero Calyptra sp e Calyptra eustrigata, ou mariposa vampira é a primeira espécie de borboleta reconhecida como hematófaga.
Essas mariposas têm uma probóscide modificada que lhes permite atravessar a pele de animais como elefantes, rinocerontes e até humanos. Experimentos foram realizados para determinar hábitos hematófagos nas 17 espécies do gênero Calyptrae, sendo que apenas 10 demonstraram ser hematófagas, mas apenas machos.
Os machos são hematófagos facultativos, ou seja, normalmente comem néctar, mas ocasionalmente podem beber sangue. Eles obtêm o líquido através da perfuração contínua de vários vasos sanguíneos, sabendo-se ser doloroso.
Eles não parecem ser atraídos pelas emissões de dióxido de carbono, como nos mosquitos, nem foram encontrados transmitindo parasitas.
Para que você entenda mais à respeito desses animais, não deixe de ler o artigo até o fim. Certamente você ficará boquiaberto com a espécie tão peculiar.
Por Que a Mariposa Vampira Bebe Sangue?
Estranhamente, este é o único gênero de borboletas em que esse comportamento extraordinário foi observado. São apenas cerca de 10 espécies dentre as mais de 170.000 mariposas descobertas.
Embora não seja conhecido com certeza, várias hipóteses tentam explicá-lo. Foi proposto que os machos podem precisar de um suprimento extra de aminoácidos, sais e açúcares, além de aumentar seu sucesso ecológico.
Alguns ensaios refutam algumas dessas hipóteses, visto que as proteínas do sangue não são digeridas nas borboletas. Isso mesmo embora se saiba que os sais são essenciais, mas outros tipos de insetos consomem de maneiras diferentes.
Foi observado que a mariposa vampira é capaz de assimilar 95% do teor de sal do sangue que bebem. É tal ação que apoia a explicação dos sais.
Sabe-se que outras espécies da subfamília calpinae possuem altos requisitos de sal e que são utilizadas na produção de ovos. Estes mostram que os machos podem transferir sais para as fêmeas durante o acasalamento.
Alguns exemplares fazem a retenção em suas lágrimas, tal como os pássaros. Sem contar que mais outros tantos animais usam as probóscides especiais para passar pelas frutas e saborear seu suco. Pensa-se que a mariposa vampira tenha evoluído a partir dessas espécies.
Como Ocorre o Processo
Como citado, essa mariposa perfura a pele dos animais usando sua probóscide. Isso é feito “balançando” a cabeça para empurrar o mais fundo possível, uma vez que o sangue do animal está jorrando. Assim, esse inseto abre os dois ganchos do lado e passa a se alimentar do líquido.
Em seguida, acaba repetindo esse comportamento de ancoragem e perfuração usando um movimento “antiparalelo”. Não se sabe se a alimentação de um Calyptra tem efeitos prejudiciais, menos ainda mortais, para as “vítimas”.
Toda essa família de mariposas se alimenta normalmente de frutas perfurando a casca para digerir os sucos. Ao que parece, beber sangue de animais é facultativo e não obrigatório. Portanto, se estiver preocupado com o ataque de mariposa vampira, leve consigo alguns morangos e esteja preparado para sair de perto.
O peso corporal dos machos não se altera com esta alimentação e as pessoas podem ficar despreocupadas com maiores problemas. O inseto não transmite nenhuma doença com a sua picada. Esta, por sua vez, causa extrema irritação em quem a contrai.
Características do Animal
Sua atividade se mostra como sendo noturna. Também conhecida por borboleta vampiro ou traça vampiro, esta mariposa é pertencente à família Noctuídeos (Noctuidae).
A sua asa anterior é acastanhada e recortada desde sua base interior. Ela possui uma linha do tipo obliqua no formato da nervura acentuada. Essa linha atravessa o centro das asas até ao seu ápice. É o que lhe dá o aspecto parecido com folha seca.
A asa posterior é bege. Não existem características relacionadas à dismorfia sexual. Machos e fêmeas são idênticos, mas o macho possui a antena pectinada. Sua envergadura pode variar em comprimento entre o 4 cm e 4,7 cm.
As mariposas se mostram com duas cores variantes, sendo:
- Verdes com a fila de pontos pequenos pretos dentro da zona lateral dos dorsos, com mais duas pintinhas negras em sua cabeça;
- Brancas com a faixa negra em torno do dorso, bem como várias pintinhas negras dentro da zona lateral de seu corpo.
A cabeça tem duas pintinhas negras e a cor dominante é amarela. Na fase em que está dentro da metamorfose, acaba se transformando em crisálida na terra.
Habitat da Mariposa Vampira
É possível encontrar exemplares nas orlas e nas clareiras das florestas, pastagens e encostas rochosas, etc. No Sul e Centro da Europa, boa parte do continente asiático temperado até o Japão também podemos ver essa espécie de mariposa.
Acasalamento do Inseto
Machos e fêmeas dependem de feromônios usando adaptações de antenas que lhes permitem encontrar um parceiro. Os machos da mariposa vampira têm uma capacidade receptora tão forte que podem sentir os feromônios de uma fêmea a mais de 92 metros.
Os feromônios são específicos de cada um, de modo que as mariposas evitam acasalar-se com as espécies erradas. As fêmeas liberam feromônios de uma glândula especializada no abdômen para atrair machos.
Os membros do sexo masculino seguem o perfume de um feromônio atraente. Contudo, enquanto voam, perdem especificidade e se importam menos com o perfume que seguem.
A atratividade do hormônio de uma fêmea importa menos do que sua capacidade de fazer um macho cheirar seu perfume. A questão é que isso deve acontecer antes que ele sinta o de outra exemplar. Quem consegue se fazer cheirar primeiro, ganha.
Os feromônios masculinos transmitem informações mais detalhadas sobre idade, aptidão reprodutiva e ancestralidade. Os machos têm um gene especial em sua antena que sofre mutação em resposta a alterações nos feromônios femininos.
Essa adaptação às mudanças específicas da espécie ajuda a garantir que a reprodução ocorra. Pequenas pontas de pelos ao longo da antena captam o menor indício de hormônio liberado pelos indivíduos do sexo feminino para guiar os seus companheiros. Os genes que permitem pontas de antena mais refinadas levam os machos da mariposa vampira mais adequados à reprodução.