O grupo de macacos da pavordem dos Platirrinos (Platyrrhi), ou melhor dizendo, os macacos do Novo Mundo (que ocorrem na América) sempre tiveram sua origem taxonômica misteriosa. Recentemente, foi descoberto que macacos americanos podem ter origem africana (macacos do Velho Mundo), já que elementos fósseis encontrados na região da Bolívia, teriam muitas similaridades com os irmãos africanos.
Um exemplo de platirrino do novo Mundo é o Macaco Caiarara. Mas quais são as características principais desse primata americano?
Taxonomia dos Macacos Caiarara
Os macacos Caiarara fazem parte da família dos Cebídeos (Cebidae), que está contida na ordem dos Primatas (Primates). Mas, além disso, “macaco caiarara” nada mais é, do que um dos nomes populares aplicados a algumas espécies da subfamília dos Cebíneos (Cebinae).
É normal termos a tendência de confundir os macacos de gênero dos Caiararas com os primatas do gênero dos Macacos-Prego. Porém, por mais que algumas espécies apresentem o nome em comum, são animais de aparência distintas (dentre outras características, Caiararas não apresentam topetes). Algumas espécies e gêneros que estão na família dos Cebídeos são:
Macaco-de-Cheiro ou Macaco-Esquilo (Gênero Saimiri)
Macaco-de-Cheiro-Boliviano (Saimiri boliviensis)
Macaco-de-Cheiro-Brasileiro (Saimiri ustus)
Macaco-Prego com Topete (Gênero Sapajus)
Macaco-Prego-Preto (Sapajus nigritus)
Macaco-Prego-do-Peito-Amarelo (Sapajus xanthosternos)
Macaco-Caiarara ou Macaco-Prego sem Topete (Gênero Cebus)
Cairara (Cebus olivaceus)
Caiarara-Branco (Cebus albifrons)
Macaco-Prego-de-Cara-Branca (Cebus capucinus)
Características dos Macacos Caiarara
Este primata do gênero Cebus, tem seus nomes provindos do tupi-guarani kai’rara e do grego Cêbus, que quer dizer “macaco da cauda longa”. Além de Caiarara, podem ser chamados de cairara, piticó ou macaco-prego.
São animais medianos, chegam a atingir entre 30 a 60 cm de altura, sem incluir a cauda que pode medir o dobro de seu próprio tamanho. Apresentam um peso que pode variar entre 3 a 5 kg, sendo que os machos têm uma estrutura corporal maior que as fêmeas.
Possuem braços e pernas longas e junto a outros primatas da família dos Cebídeos, têm a capacidade de opor o dedão dos pés e das mãos, o que é de grande utilidade para alimentação e locomoção. A cauda, juntamente com seus outros membro locomotores, é do tipo preênsil, assim lhe ajuda no equilíbrio e, também, na locomoção. São quadrúpedes, mas raramente, podem se locomover somente com os dois pés.
Sua cabeça é pequena, porém contém um cérebro bastante desenvolvido para uma espécie de pequeno primata, fazendo dos Caiarara (e outros Cebídeos), uma das espécies mais inteligentes entre os primatas. Apresentam uma arcada dentária resistente, que lhes permite mastigar e ingerir alimentos duros. Por terem órgão vomeronasal, conseguem identificar o estado dos alimentos pelo cheiro. Sua audição é bastante desenvolvida e muito utilizada, já que se comunicam entre si, através de sons.
Sua pelagem muda de acordo a espécie, mas varia entre castanho-claro (em um tom amarelado) e marrom escuro; sem a presença da região da face. Como dito anteriormente, não apresentam topetes como seus parentes macaco-pregos, porém, as colorações tendem a escurecer nas extremidades de seu corpo (e a medida que ficam mais velhos).
Habitat e Comportamento do Macaco Caiarara
Geralmente, os Macacos Caiarara ocorrem na floresta Amazônica, entre os estados do Pará e do Maranhão. Por ser considerada uma das regiões mais desmatadas da Amazônia, esta espécie teve um impacto gigante em seu modo de vida e reprodução.
Em situação natural, os caiararas são animais diurnos e arborícolas, frequentando o topo das árvores e se locomovendo de galhos em galhos. Costumam estar em grupos de 25 a 30 indivíduos, sendo bastante variável dependendo do local. Dificilmente se associam com primatas de outras espécies, pois são animais bastante territoriais.
O grupo dorme próximos uns aos outros, sendo que as fêmeas dormem junto a outras fêmeas e agarradas a suas crias e machos dormem sozinhos em galhos próximos. Dão prioridade aos topos das árvores, principalmente as com os ganhos em formato de forquilhas (bifurcado).
Reprodução do Macaco Caiarara
A reprodução destes animais é vivípara e sexuada, como em todas as espécies de primatas. Porém, os Macacos Caiararas têm relações polígamas, ou seja, um macho para várias fêmeas. Geralmente o macho alfa do grupo é o reprodutor.
A fêmea tem períodos de cio que duram uma semana e acontecem uma vez ao mês. O macho, por ter o olfato apurado pelo órgão vomeronasal, consegue identificar com quais fêmeas estará apto a copular. A gestação da fêmea dura em torno de 4 a 7 meses.
Após a gestação, geralmente a fêmea dá à luz somente a um filhote de caiarara, sendo que o nascimento de mais animais é bastante raro. Normalmente, as fêmeas copulam novamente após dois ou três anos do nascimento de sua última cria.
Alimentação do Macaco Caiarara
A dieta dos macacos Caiararas se resume, em sua maioria, de frutos maduros. Porém, como animais de alimentação onívora, também tem o costume de comer uma extensa gama de sementes, raízes, casca de árvores e flores.
Diferente dos parentes primatas do Velho Mundo, são macacos que têm o costume de inserir alimentos de origem animal em sua dieta, com isso, costumam se alimentar de pequenos artrópodes (como formigas, gafanhotos e vespas), ovos e vertebrados de baixa estatura (como ratos, pássaros e lagartos).Há casos de Caiararas que se alimentaram de outros primatas, como filhotes de Macacos Guigós.
Como os primatas inteligentes que são, tem o costume de utilizarem ferramentas para conseguir alimentos como: acessar buracos ou fendas com o auxílio de uma vara de árvore, para a procura de insetos comestíveis; utilizar uma pedra para cavar a terra em busca de frutos ou insetos; ou até mesmo, para quebrar o casco de algum alimento mais duro (ainda que sua arcada dentária o auxilia neste processo).
Preservação do Macaco Caiarara
Este pequeno primata se encontra em situação delicada. Está integrando a lista das 25 espécies mundiais de primatas em perigo de extinção. Este animal tem como pior inimigo o ser humano, que fomenta a degradação das florestas em que vivem, promove sua caça para a venda deste como animal de estimação e de sua carne, para alimento.
Segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), seu habitat é uma das regiões com o maior nível de desmatamento da floresta amazônica. Somente uma pequena parte – Reserva Biológica de Gurupi, no Maranhão,- é protegida. Seu estado é tão crítico, que nenhuma das ONGs ou instituições de preservação do meio ambiente sabem estimar a quantidade de indivíduos que ainda sobrevivem em seu habitat (quando há mais vegetação, mais o grupo de animais).