A extensão da fauna brasileira é algo que no momento, é impossível mensurar. Dentre os tantos animais existentes em nosso país, muitos deles estão em perigo de extinção, o que acarreta a destruição de nosso ecossistema. Um dos animais que estão em um estado crítico de existência é o Macaco Guigó. Mas, o que se sabe sobre este pequeno animal?
O Macaco Guigó, mais conhecido como Guigó-De-Coimbra-Filho (C. coimbrai), é um primata descoberto em 1999, da família Pitheciidae, do qual o gênero Callicebus faz parte. São ao todo trinta e uma espécies deste mesmo gênero, nomeadas como:
Callicebus donacophilus
Callicebus modestus
Callicebus oenanthe
Callicebus olallae
Callicebus pallescens
Callicebus baptista
Callicebus bernhardi
Callicebus brunneus
Callicebus cinerascens
Callicebus hoffmannsi
Callicebus moloch
Callicebus vieirai
Callicebus barbarabrownae
Callicebus melanochir
Callicebus nigrifrons
Callicebus personatus
Callicebus aureipalatii
Callicebus caligatus
Callicebus caquetensis
Callicebus cupreus
Callicebus discolor
Callicebus dubius
Callicebus ornatus
Callicebus stephennashi
Callicebus lucifer
Callicebus lugens
Callicebus medemi
Callicebus purinus
Callicebus regulus
Callicebus torquatus
Morfologia
É um animal pequeno, se comparado a outros macacos da mesma família: pesa no em torno de 1 a 2 kg e pode chegar a 39 cm de comprimento, sendo que sua cauda é extremamente longa (alcança o equivalente a um terço do seu tamanho).
A pelagem de seu corpo é marrom clara, porém, na região da cabeça – especificamente testa e orelhas – é totalmente preta. Diferente do resto de seu corpo, em sua cauda, predomina uma coloração alaranjada. Por ter essa coloração, conseguem se camuflar por meio das árvores e folhas, o que é um importante artifício de defesa contra predadores e demais ameaças que venham a ocorrer.
Tem a cabeça pequena, se comparado a outros macacos da mesma família. Sua arcada dentária é formada por três pré-molares, dois incisivos e um canino; todos em formato de U.
Se locomovem por quadrupedalismo arborícola, ou seja, utilizam braços e pernas. Além disso, usam sua cauda para sustentação e balanço, ao se movimentarem entre as árvores.
Habitat e Comportamento do Macaco Guigó
O gênero desse primata ocorre principalmente na América do Sul, entre Paragua, Guianas, Bolívia, Venezuela, Peru, Equador, Colômbia e Brasil. Especificamente o Macaco Guigó-de-Coimbra-Filho ocorre unicamente no Brasil, nas regiões da Mata Atlântica (em São Paulo e Sergipe), no leste do rio São Francisco, rio Paraná e rio Parnaíba; e nas regiões do Cerrado e Caatinga. Vivem na parte média e baixa de florestas com floração densa.
São animais de comportamento pouco conhecido. Sabe-se que são bastante ágeis. Conseguem se locomover entre uma árvore e outra com tanta rapidez, que até mesmo os mais experts biólogos têm dificuldade de enxergá-los em meio a flora de seu habitat.
Vivem em família, sendo esta formada por pequenos grupos com um macho, uma fêmea e seus possíveis filhotes, geralmente de dois a três. Uma característica curiosa desta espécie, é a forma de demarcar seu território: o casal de Guigós soltam espécies de gritos para avisar outros animais que não invadam o seu território.
De dia, costumam procurar alimento, e se movimentar em busca de um local para descansar; e a noite, dormem todos juntos, evitando locais com a presença de outros animais.
Alimentação do Macaco Guigó
Sua alimentação é formada, principalmente pela ingestão de sementes: sua arcada dentária, em conjunto a uma mandíbula comprida, dão a estes animais proteção e imunidade a possíveis plantas tóxicas.
Além das sementes, o Guigó pode comer frutos, folhas e insetos. Devido a sua dieta, são excelentes dispersores de sementes, fomentando o ecossistema de seu habitat.
Reprodução do Macaco Guigó
Os macacos da espécie Guigó-de-Coimbra-Filho, atingem a maturidade sexual entre dois e quatro anos. Normalmente geram apenas um filhote por ano. Após o coito, a gestação da fêmea dura quatro meses.
Como todo primata, os filhotes são totalmente dependentes de seus pais, seja para locomoção e alimentação. No início da vida, se alimentam somente do leite materno.
Quando os filhotes atingem a maturidade sexual, deixam seu grupo familiar a procura de novos parceiros.
São considerados monogâmicos. Por viverem em família, o macho adulto do grupo tem o costume de participar ativamente do cuidado com a prole, os carregando nas costas, em conjunto com a mãe.
Vale lembrar, que os Guigós são animais dimórficos, ou seja, macho e fêmea são iguais em relação às características morfológicas externas.
Estado de Conservação do Macaco Guigó
Mesmo com a recente descoberta de sua existência, infelizmente, essa espécie está entre os animais considerados em perigo de extinção, pela Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Sua situação é tão grave, que está entre os dez animais que mais correm perigo na América do Sul, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e um dos vinte e seis primatas do mundo ameaçados de extinção, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Alguns dos principais motivos da extinção de sua existência se dá pela devastação das matas, causada pelo crescimento da zona urbana e da produção agropecuária; e pela caça ilegal, na tentativa de vendê-los como animais domésticos. Além da morte de muitos Guigós, a falta do habitat natural faz com que os sobreviventes tenham dificuldades de procriar, pois, são animais bastante territoriais.
Conservação do Macaco-Guigó
Para a preservação do animal, é de extrema importância que o estudo acerca de seu comportamento e habitat seja contínuo. Conhecendo o Guigó mais a fundo, todas as informações adquiridas podem ser ferramentas eficazes para a criação de estratégias de conservação do primata.
Para isso, foram criadas entidades como o Projeto Guigó, – que trabalha em conjunto a UFS (Universidade Federal de Sergipe) e a Semarh (Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de Sergipe) – e o Refúgio da Vida Silvestre Mata do Junco (RVS), localizado na cidade de Capela. Entre os anos de 2004 e 2006, estas entidades providenciaram várias expedições para a contagem de guigós e o mapeamento de seus habitats no Brasil.
A principal prioridade de ambas as entidades, é manter o habitat do Guigó o mais natural possível, para assim, estimular o aumento de sua população. Mesmo com os esforços de ambientalistas, biólogos e pesquisadores, restam ao todo, 2 mil guigós em todo o mundo. Já no Brasil, foram identificadas somente 65 espécies.