A Grande Diversidade dos Seres Vivos
Quando estudamos as diferentes espécies que compõem os seres vivos presentes no planeta, podemos ficar um pouco assustados com o tamanho que toda esta biodiversidade assume em dados quantitativos: aproximadamente nove milhões de espécies foi o número estimado em 2011 pelo Census of Marine Life, estas distribuídas por 5 reinos conhecidos (os das bactérias; os dos protistas; os dos fungos; os das plantas; os dos animais).
Claro que tal estimativa se limita às espécies identificadas pelos seres humanos, já que há um outro valor estimado para o número total de espécies no planeta, juntando assim as identificadas com aquelas não catalogadas: 100 milhões!
Tem-se de ter em conta que tais estimativas, além de apresentarem inerentes limitações metodológicas (como qualquer análise ou estudo que tem por objetivo fazer uma estimativa), a distribuição destas espécies não é homogênea para cada clado taxonômico dos agrupamentos dos seres vivos.
Ou, o parágrafo acima, em outras palavras: destes 100 milhões estimados, grandes porcentagens das espécies devem pertencer aos seres microscópicos, que apresentam rápido tempo de vida e, consequentemente, um elevado número de gerações, promovendo uma maior diversidade (como as bactérias e os protozoários, ambos podendo ser de vida livre ou os parasitas obrigatórios ou facultativos); também considera-se nestes termos os insetos, já que devido as suas características morfológicas e evolutivas, é atualmente a classe que mais possui representantes identificados dentro de todos os seres vivos macroscópicos catalogados (aproximadamente 50% das espécies identificadas no mundo são os insetos).
Claro que o inverso também é lógico: muitos grupos de seres vivos, conforme as suas características biológicas, apresentam uma menor diversidade de espécies, o que faz com que suas variedades sejam menores, nisto envolvendo desde o custo-benefício energético que a fisiologia do organismo faz uso para sobreviver, assim como o tempo de vida proporcional (enquanto os insetos podem ter alguns meses de vida, os mamíferos podem apresentar anos, diminuindo a taxa de variação genômica, e respectiva especiação).
Toda essa elevada quantidade de informações pode nos assustar, mas é a partir dela que podemos compreender importantes aspectos da nossa própria existência, a respeito da nossa capacidade de mudar as paisagens naturais, e como isto pode impactar o nosso ambiente, trazendo feedbacks negativos às necessidades mais básicas (como segurança alimentar e regimes de chuvas).
Os Vertebrados e Suas Estratégias Para o Ambiente
A elevada quantidade de espécies de seres vivos pode ser estimada e compreendida conforme os aspectos biológicos destas.
Por assim, faz se necessário entender quais são estas características, e como elas possibilitam os seres vivos se perpetuarem e alcançarem os domínios de diversas áreas geográficas, estas apresentando diferentes aspectos ambientais e climáticos.
Por exemplo, como os já citados, insetos são o grande exemplo de uma eficiente conquista do ambiente e respectiva proliferação: anteriormente a eles – considerando a escala evolutiva – os principais animais presentes eram vermes, proto-planárias e anelídeos primitivos, estes sem capacidade de locomoção eficiente (considerando os futuros seres vivos articulados, é claro), ainda dependentes da presença de uma grande quantidade de água para suas fisiologias, assim também como um clima mais úmido.
Tal necessidade de ambiente foi um fator limitante bem menor para os “novos” habitantes trazidos pela mão invisível da seleção natural, seres estes que apresentavam apêndices articulados, asas, órgãos sensoriais mais complexos, e uma importante proteção de queratina contra desidratação, o exoesqueleto (todas estas características presentes nos representantes da Classe Insecta).
Tais modernidades morfológicas permitiram os insetos não apenas dominarem todos o ambiente úmido, como também outros mais secos.
Os representantes dos vertebrados seguem este mesmo raciocínio evolutivo: antes – na escala evolutiva – havia os animais que não apresentavam notocorda durante o respectivo desenvolvimento embrionário, não tendo coluna vertebral no organismo formado, tendo uma menor eficiência quanto a locomoção e resistência corporal, logicamente: quando comparados aos futuros seres vivos que dominariam o ambiente, com coluna vertebral.
Atualmente os vertebrados são divididos em cinco grupos: peixes, anfíbios, repteis, ave e mamíferos, tendo ainda os vertebrados primitivos (seres aquáticos desprovidos de coluna vertebral desenvolvida, ausência mandíbula e outros aspectos presentes naqueles animais).
Os Mamíferos: Tratamento Especial Para as Suas Proles
Sempre que pensamos em mamíferos, pensamos (ou deveríamos pensar) em glândulas mamárias, isto sendo uma vantagem adaptativa selecionada, tão importante para o grupo que os define por esta característica.
Pensemos nos cinco grupos de vertebrados: todos, como exceção dos mamíferos, colocam ovo e realizam (com raras exceções) o desenvolvimento embriológico externo ao corpo da progenitora.
Assim um peixe, um anfíbio, um réptil ou uma ave colocam um ou mais ovos (estes podendo não ter nenhuma proteção como os dos peixes e anfíbios, ou uma casca de calcário rígida como os repteis e as aves), deixando sua prole se desenvolver no ambiente, todavia muitos destes vertebrados apresentando algum instinto de proteção, mantendo-se perto para proteger a ninhada de ovos (ou ainda os chocando, dando a temperatura correta para o desenvolvimento dos embriões).
Já os mamíferos possuem todo um aparato para fazerem o desenvolvimento interno ao organismo da progenitora: os anexos embrionários dos mamíferos apresentam maior complexidade do que os dos outros grupos de vertebrados, permitindo uma maior eficiência, assegurando uma maior sobrevivência de suas proles contra condições mais adversas do ambiente.
O Lobo-Guará: Patrimônio Biológico da América do Sul
Tirando algumas subclasses e ordens já extintas, a classe Mammalia é simplificadamente dividia em 27 ordens, que compõem aproximadamente mais de 5.500 espécies identificadas.
Abrangendo desde os pequenos marsupiais (como os gambás) até os grandes cetáceos (como as baleias), os mamíferos também são famosos por apresentarem a nossa ordem primata, onde está inserido os descendentes do nosso ancestral comum, como os chimpanzés, os bonobos e nós mesmos.
Também há a ordem dos carnívoros, classificados principalmente devido a sua arcaria dentária específica para corte e dilaceração de músculos, com proeminente desenvolvimento do dente canino, tal característica morfológica associada evolutivamente à dieta que estes representantes assumiram, além de apresentar outras morfologias associadas a caça como garras bem desenvolvidas.
Mais lembrado por nossos amigos domesticados cães, a família dos Canídeos é bem estudada dentro dos carnívoros também por outras importantes espécies selvagens distribuídas nos biomas do planeta, como a joia da América do Sul, o maior canídeo identificado no continente: o lobo-guará.
Podendo atingir até 30 kg de peso e 90 cm de altura, essa preciosidade é caracterizada pela sua pelagem ruiva, principalmente distribuída no Cerrado, mas encontrado em zonas de transição ao Pantanal, à Amazônia e às florestas de Araucária no Sul, inclusive tendo registros de sua presença em campos cultivados de florestas de eucaliptos.
Apesar de ser classificados dentro dos carnívoros, o lobo-guará pode assumir comportamento onívoro, não apenas se alimentando de roedores e marsupiais presentes nas florestas, mas também de frutos, assim como alguma matéria orgânica em decomposição, fazendo dele um importante agente reciclador presente nos ambientes naturais.
O lobo-guará já foi mais vulnerável a caça predatória e até tentativas de tornar a sua carne e outras partes do corpo como objetos de rituais mágicos, em alguns rincões da América do Sul, o que pode incidir em sua condição de extinção.
Além disto, também o caso de ter seu bioma cada vez ameaçado devido a expansão da fronteira agrária, fazendo assim que os ecologistas e as agências protetoras tomem significativa atenção à sua biologia e ecologia.