Pelicanos são um gênero de grandes aves aquáticas que compõem a família Pelecanidae, a qual é monotípica para autores que desprezam os gêneros Protopelicanus, Miopelecanus e Liptornis, que englobam somente espécies extintas. São caracterizados por um longo bico e uma grande bolsa na garganta, utilizada para capturar presas e drenar a água do conteúdo recolhido antes de engolir.
A maioria tem plumagem pálida, porém ocorrem também penas negras, cinzentas, castanhas e róseas. O bico, a bolsa e a pele facial nua adquirem cores vivas na época reprodutiva. As oito espécies de pelicanos vivos têm uma distribuição global irregular, variando latitudinalmente dos trópicos para a zona temperada, embora estejam ausentes do interior da América do Sul e das regiões polares e do oceano aberto. Assim como a maioria das aves aquáticas, possui os dedos unidos por membranas. Os pelicanos são encontrados em todos os continentes, excepto na Antártida.
Pertence à ordem dos Pelecaniformes que, por sua vez, é composta por colhereiros, Íbis, curicacas, caraúnas, guarás, garças, cabeças-de-martelo e cegonhas-bico-de-sapato. Alquns dos sulídeos, corvos-marinhos, fragatas, anhinguídeos e rabos-de-palha foram reclassificados, de modo a não mais integrar a ordem Pelecaniformes.
Os pelicanos frequentam as águas interiores e costeiras, onde se alimentam principalmente de peixes, capturando-os na superfície da água ou perto dela. Viajam em bandos e caçam cooperativamente. Quatro espécies de plumagem branca tendem a se aninhar no chão, e quatro espécies de plumagem marrom ou cinza nidificam principalmente em árvores. A relação entre pelicanos e pessoas tem sido frequentemente controversa.
As aves foram perseguidas devido à sua concorrência com a pesca comercial e recreativa. Suas populações caíram devido à destruição de habitats, perturbação e poluição ambiental, e três espécies são de interesse de conservação. Eles também têm uma longa história de significado cultural na mitologia e na iconografia cristã e heráldica.
Pelicanos são grandes aves marinhas com longos bicos, caracterizados por uma curvatura em foma de gancho no fim da maxila, além de uma enorme bolsa abaixo da mandíbula. Os ramos delgados da região inferior do bico e os músculos flexíveis da íngua formam uma bolsa em forma de cesta, a qual é útil na captura de peixes e eventualmente de água da chuva.
A língua em si é minúscula, porém tal peculiaridade anatômica não atrapalha a deglutição de peixes. Os pelicanos têm um longo pescoço e curtas pernas robustas, com pés grandes, os quais apresentam membranas interdigitais entre os dedos. Apesar de estarem entre os pássaros com maior massa, são relativamente leves, haja vista sua aparência, graças aos ossos pneumáticos e aos sacos de ar, que auxiliam-nos a flutuar na água e a voar. A cauda é curta e quadrada.
As asas são longas e largas, apropriadamente moldadas para voar alto e planar, e possuem um número anormalmente grande de penas de voo secundárias – de 30 a 35. Os machos são maiores que as fêmeas e possuem longos bicos. Ao tratar-se da menor espécie, o pelicano-pardo, pequenos indivíduos não passam de 2,75 kg nem dos 106 cm de comprimento, com uma envergadura média de 183 cm. A suposta maior das espécies, o pelicano-crespo, ultrapassa os 15 kg e os 183 de comprimento, com uma envergadura máxima de 3 m. O bico do pelicano-australiano pode
superar os 5 m de comprimento, em machos, de modo a ser o organismo atual com o maior bico.
Pelicanos têm comumente plumagem clara. São exceções o pelicano-pardo e o pelicano-peruano. O bico, a bolsa e a região nua da face adquirem corres mais vivas no início da estação reprodutiva. A bolsa das subespécies californianas do pelicano-pardo adquire coloração vermelha-brilhante e descolore até tornar-se amarela, depois da postura dos ovos, enquanto a bolsa do pelicano-peruano adquire cor azul na temporada de reprodução. No caso do pelicano-branco-americano, desenvolve-se uma protuberância no bico, no período de postura.
Os filhotes possuem penas mais escuras que as dos adultos. Recém-nascidos são desprovidos de penas e tem pele cor-de-rosa, adquirindo pele cinzenta entre 4 e 14 dias após a eclosão dos ovos. Posteriormente, adquirem penugem cinza ou branca.
Sacos de Ar
Dissecações feitas em pelicanos-pardos, em 1939, mostraram que eles apresentam uma rede de sacos de ar subcutâneos, situados ao longo do ventre, em regiões como garganta, peito e sob as asas. Há também sacos de ar em seus ossos. Tais estruturas conectam-se ao sistema respiratório, de modo que o pelicano pode inflá-las por meio do fechamento de sua glote. Porém, o modo pelo qual os sacos inflam ainda não é claro.
Os sacos de ar servem para manter o pelicano notavelmente flutuante na água e também pode amortecer o impacto do corpo do pelicano na superfície da água quando eles mergulham do voo na água para pegar peixes. Sacos aéreos superficiais também podem ajudar a arredondar os contornos do corpo (especialmente sobre o abdômen, onde as protuberâncias de superfície podem ser causadas pelas vísceras mudando de tamanho e posição) para permitir que as penas sobrejacentes formem isolamento térmico mais eficaz e também para permitir que as penas sejam mantidas em posição aerodinâmica.
Distribuição e Habitat
Os pelicanos atuais são encontrados em todos os continentes, exceto na Austrália. Habitam principalmente regiões temperadas, embora as faixas de reprodução se estendam até as latitudes de 45 ° Sul (pelicanos-australianos na Tasmânia) e 60 ° Norte (pelicanos-brancos-americanos no oeste do Canadá).
Aves de águas interiores e costeiras, estão ausentes das regiões polares, do oceano profundo, das ilhas oceânicas (exceto as Galápagos) e do interior da América do Sul, bem como da costa leste da América do Sul, da foz do rio Amazonas para o sul. Os ossos subfósseis foram recuperados além do sul da Nova Zelândia, embora sua escassez e ocorrência isolada sugiram que esses restos possam ser oriundos da Austrália, de modo que o mar os teria conduzido ao local da descoberta.
As oito expécies não extintas são tradicionalmente divididas em dois grupos, um que contém aves as quais constroem ninhos no solo e plumagem comumente branca nos adultos (pelicano-banco-americano, pelicano-comum, pelicano-australiano e pelicano-crespo), e outro que engloba os que possuem penas cinzas ou castanhas e nidificam em árvores (pelicano-pardo, pelicano-cinzento e pelicano-de-bico-pintado) ou em rochas de praias (pelicano-peruano).
O pelicano-pardo e o pelicano-peruano, outrora considerados coespecíficos, são inclusos, por alguns autores, em um subgênero próprio, o Leptopelicanus, de modo a serem classificados como Pelecanus (Leptopelicanus) occidentalis e Pelecanus (Leptopelicanus) thagus, respectivamente.