Bicho-preguiça é um termo utilizado para designar um comunidade arborícola, pertencente à ordem Pilosa, à subordem Folivora, cujas espécies podem ser encontradas com os apelidos de cabeluda, aígue, bicho-preguiça, preguiça, entre diversas outras denominações não menos curiosas.
Os animais dessa família distribuem-se em dois gêneros: Choloepus e Bradypus; e o curioso é saber que eles guardam um parentesco (apesar de distante) com os tatus e os tamanduás – ambos pertencentes à superordem Xenarthra.
Nessa lista com os principais tipos de bichos-preguiças, com os seus respectivos nomes científicos, fotos e variedades de espécies, iremos tratar de uma das famílias mais exóticas que podem ser encontradas no seio das florestas tropicais do continente americano; mais especificamente nas Américas Central e do Sul.
O animal é uma singularidade não comparada a nenhuma outra espécie na natureza!
E a lentidão dos seus movimentos, resultado de um metabolismo dos mais lentos entre os mamíferos, tornou essa espécie um caso à parte no imaginário popular; em especial para compor o cabedal de lendas, mitos e crenças que brotam do seio da nossa quase lendária Mata Atlântica, onde os Bichos-preguiças distribuem-se como uma das espécies símbolos.
Mas o objetivo desse artigo é fazer uma lista com alguns dos tipos mais comuns de bichos-preguiças que podem ser encontrados na natureza. Além das suas respectivas características, nomes científicos, fotos, imagens, entre outras peculiaridades de cada espécie.
1.Bradypus Tridactylus
Essa é uma espécie tipicamente brasileira, bastante comum no Amazonas, Roraima, Amapá e Pará; bem como nas Guianas Francesa e Inglesa, Suriname, Colômbia e Venezuela.
Nessas regiões ele também pode ser encontrado como o “preguiça-de-três-dedos”, em referência às suas características anatômicas; ou mesmo como o “preguiça-do-norte”, nesse caso, por ser encontrado em maior abundância no norte da América do Sul, e com quase nenhuma ocorrência da metade para baixo do continente.
O “preguiça-de-bentinho” (o seu outro apelido) é uma espécie tipicamente arborícola, bastante afeita a uma rotina sobre imensas árvores com copas robustas, onde passa os dias em um lento forragear de diversas espécies de flores, frutos, sementes e folhas.
Os seus hábitos são noturnos e diurnos; mas é bem mais fácil avistá-los a partir do crepúsculo, quando então “correm” à caça de alimentos, executam os seus processos reprodutivos; mas sempre atentos e alertas à presença de alguns dos seus principais predadores.
E entre esses predadores podemos destacar a Onça-pintada, a Onça-parda, os gatos-do-mato, as cobras, sucuris, cães selvagens, águias, gaviões, entre outras espécies de “superpredadores” que fazem uma verdadeira farra com essas frágeis preguiças, que se veem às voltas com inimigos difíceis de superar.
Quanto às suas características físicas, podemos notar uma pelagem toda ela entre o cinza e o marrom claro, a presença de 2 ou 3 garras em cada membro, um dimorfismo sexual em que as fêmeas são maiores do que os machos (além de estes possuírem uma marca entre o negro e o alaranjado no dorso) e ombros e gargantas em uma tonalidade mais escura.
Chama a atenção, também, nessa espécie, a sua estreita ligação com o Bradypus variegatus; a ponto de eles (apesar de geneticamente diferentes) habitarem os mesmos ecossistemas; inclusive com os mesmos hábitos e características morfológicas; com exceção da mancha amarela no rosto que logo identifica a preguiça-de-bentinho.
Ecologia e Distribuição dos Bradypus Tridactylus
A preguiça-de-três-dedos pode ser encontrada desde a Venezuela (às margens do Rio Orinoco), passando pelos ecossistemas tropicais do Amazonas, florestas úmidas do Suriname e das Guianas, até atingir a região mais setentrional do Brasil.
Na verdade podemos caracterizá-lo como uma típica espécie da região amazônica, com distribuição por uma faixa de terra de aproximadamente 470.000km2, e ainda em diversas reservas ambientais que hoje são a garantia da sobrevivência desse gênero para as próximas gerações.
Aliás, sobre essas reservas, cabe aqui um destaque especial para a Reserva Biológica Adolpho Ducke (no estado do Amazonas), o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (no Pará), o Parque Estadual do Rio Negro, o Parque Nacional do Viruá (em Roraima), entre outros santuários que possuem todas as condições para abrigar uma espécie com características tão particulares.
E nessa lista com os principais tipos de Bichos-preguiças, nesse tópico que trata especificamente da “preguiça-de-bentinho” ou “preguiça-do-norte”, ou mesmo a “preguiça-de-três-dedos”, devemos chamar a atenção para o fato de que estamos tratando de uma espécie com hábitos bastante específicos.
Basta saber, por exemplo, que a preguiça-de-bentinho é um animal especialista; isso quer dizer que ele possui uma preferência toda especial por determinadas variedades de vegetais; resumindo a sua dieta a um banquete à base de Cecropias (as embaúbas), dos ingás e das espécies do gênero Ficus (as figueiras).
Logo, a destruição dessa vegetação costuma ser uma das principais causas do risco de extinção pelo qual passa esse gênero de preguiças; o que muitas vezes faz com que as reservas ambientais sejam os únicos lugares capazes de abrigá-los de forma verdadeiramente adequada.
Comportamento
E também nessas reservas o que podemos observar é uma espécie única no seio da natureza selvagem! Uma excentricidade! Capaz de passar toda uma existência exclusivamente na copa de imensas árvores, onde inclusive acasalam e realizam todo o conjunto dos seus rituais de acasalamento.
Um ritual, aliás, que geralmente resulta em cerca de 10 meses de gestação, da qual surge um único filhote pesando entre 150 e 300 gramas e de 15 a 20 cm de comprimento.
Esses filhotes permanecem totalmente dependentes das suas mães por um período de até 6 meses; período em que percorrem a copa das árvores comodamente sobre o dorso delas; em um vai e vem “frenético” no topo das embaúbas e deliciando-se com as variedades de figos e ingás – mas sempre atentos à presença ameaçadora dos seus principais predadores.
Por volta dos 9 meses eles já não possuem nenhuma ligação com as suas mães; e quando atingem os 3 anos de idade passam a ser considerados preguiças adultos, prontos para atravessarem os seus respectivos processos reprodutivos e contribuir para a perpetuação de uma das espécies mais exótica e incomuns dos ecossistemas brasileiros.
Completam algumas das principais características do Bradypus tridactylus, o fato de ele preferir mesmo é passar praticamente todo o dia (cerca de 15 horas) dormindo, como um animal tipicamente solitário, que ainda prefere o horário noturno para as suas atividades e uma boa rotina sobre as árvores, onde passam os dias forrageando como uma boa espécie herbívora.
2.Preguiça-Comum
Esse é o Bradypus variegatus, também conhecida como a “preguiça-de-garganta-marrom”, um dos membros dessa ordem Pilosa, oriundo do seio da família Bradypodidae.
A Preguiça-comum mede entre 50 e 53 cm, possui 3 dedos em cada membro e uma pelagem cinza e com alguns frisos brancos, castanhos ou negros.
Mas não se espante se encontrá-los com uma coloração toda esverdeada; isso é o resultado da folhagem que acaba, curiosamente, aderindo à sua pelagem.
Isso na verdade configura-se como uma das suas principais estratégias de camuflagem, pois manter-se assim, imóveis, e ainda com a mesma coloração da copa das árvores onde habitam, os torna praticamente invisíveis à presença dos seus principais predadores.
Por fim, sabe-se que o B.variegatus é outra espécie endêmica da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica, e com ampla distribuição por vários países das Américas Central e do Sul, onde sobrevive como uma típica espécie herbívora e de hábitos solitários.
Principais Características Da Preguiça-Comum
À parte o seu nome científico, aspectos biológicos, singularidades genéticas, entre outras características que podemos destacar nessa espécie, chama a atenção a quantidade exorbitante de folhas, sementes e frutos que eles podem consumir durante o dia.
As suas rotinas de alimentação atravessam todo o período de vigília, e ainda beneficiadas por uma estrutura digestiva que envolve, entre outras coisa, um estômago formado por três compartimentos.
Uma estrutura que executa as funções de quebra de moléculas de celulose, fermentação do produto obtido, absorção de nutrientes, entre outras tarefas que permitem que uma quantidade impressionante de fibras ingeridas diariamente não transformem-se em um terrível transtorno.
Outra coisa que chama bastante a atenção na dieta dessa espécie é o fato de eles não necessitarem da ingestão de água; sendo a água das folhas mais tenras tudo o que eles precisam para as suas hidratações diárias; como um dos fenômenos mais curiosos a serem observados entre as espécies de mamíferos da fauna do planeta.
Mas essa espécie também chama a atenção por não possuir dentes incisivos, e sim um conjunto de molares que se prestam bem para o que se destinam: macerar e macerar adequadamente os alimentos, a fim de que os seus estômagos recebam um produto pronto para ser digerido.
O preguiça-comum também chama a atenção por ser um excelente nadador. Chega a ser curioso observá-los despencar de 8 ou 10 metros de altura e apresentar uma desenvoltura surpreendente em meio à força dos rios que cercam os seus habitats naturais.
Muitas vezes essas quedas é o que os despertam de um sono que pode estender-se por 8, 9 ou até 12 horas ininterruptas! E eles só se tornam dispostos mesmo é durante o crepúsculo; e mais ainda no período noturno; quando então saem à caça das suas iguarias favoritas com a avidez e a “agilidade” já bastante conhecidas nesse gênero.
Apesar do avanço do progresso sobre os seus habitats naturais, o Bradypus variegatus não está entre as espécies ameaçadas de extinção – o seu estado na verdade é “Pouco Preocupante” segundo a Lista Vermelha da IUCN. Mas, assim como todas as espécies da fauna do planeta, eles também precisam manter-se sempre atentos à presença do homem. Pois estes são, sem dúvida, a principal ameaça à sobrevivência desse gênero.
3.Bradypus Torquatus
Uma lista com os principais tipos de Bichos-preguiças, em variadas espécies, com os seus nomes científicos, aspectos biológicos, entre outras características como as que podemos observar nessas fotos, não poderia deixar de fora o “preguiça-de-coleira”.
Ele também pode ser o “preguiça-preta”, a “aipixuna”, a “aí-igapó”, entre outras formas de referir-se a essa outra espécie habitante da Mata Atlântica, e que pode ser mais facilmente encontrada na região Nordeste (Bahia) e no Sudeste (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
O preguiça-de-coleira costuma medir entre 50 e 52 cm, possui uma coloração toda ela castanha e com algumas mechas escuras na parte posterior do pescoço.
Porém, infelizmente, estamos falando de uma das espécies desse gênero ameaçadas de extinção, muito por conta do avanço da agricultura, pecuária, extrativismo, entre outras atividades econômicas sobre os seus habitats naturais.
Não precisa nem dizer que o apelido “preguiça-de-coleira” é uma referência à pelagem negra que quase envolve o seu pescoço.
E entre as suas demais características, podemos apontar o seu comprimento (que muitas vezes atinge os impressionantes 74 cm), uma cauda com cerca de 6 cm, um peso entre 5 e 9 kg, além do fato de que os filhotes permanecem por um bom tempo com uma coloração bem mais clara que a dos seus pais.
Ecologia e Comportamento
O Bradypus torquatus chama a atenção por quase não apresentar dimorfismo sexual, sendo muitas vezes necessários alguns testes genéticos para identificar o gênero em questão.
Mas também chamam a atenção a sua desenvoltura na copa de imensas árvores (de fazer inveja a muitos primatas), os seus hábitos tipicamente arborícolas, além de não ser nada territorialista. Longe disso!
Na verdade não é nada incomum, no seio dessas comunidades Choloepus e Bradypus, encontrarmos diversas espécies em um convívio bastante próximo, apesar das significativas diferenças genéticas.
O B. Variegatus, por exemplo, pode conviver tranquilamente em uma rotina com o B. Torquatus. E até mesmo o Bradypus tridactylus pode ser avistado num compartilhamento de ecossistemas e das copas das árvores, em uma das principais singularidades que podemos observar no seio dessa comunidade.
Assim como as demais espécies apresentadas até aqui, o B. Torquatus também prefere uma rotina exclusiva na copa dessas árvores. E eles são capazes de interagir de tal forma com elas, que costumam causar dificuldades de identificação até mesmo para os estudiosos e pesquisadores desse gênero.
Os hábitos alimentares do preguiça-de-coleira limitam-se a uma rotina de forrageamento de espécies frutíferas – mas sem dispensar as suas folhagens – , em uma “árdua” tarefa que ocupa praticamente todo o seu horário de vigília alimentando-se, enquanto o restante do tempo (cerca de 70% do dia) passam em um completo estado de “hibernação”.
E essa “hibernação” é uma consequência do seu metabolismo, extremamente lento; e que ainda é responsável por toda essa “preguiça” que eles demonstram durante o dia; e que até já tornou-se parte do imaginário popular de todas as comunidades que têm esse gênero como um dos seus mais caros membros.
A Reprodução Do Preguiça-De-Coleira
Há poucos relatos acerca dos processos reprodutivos desse gênero, mas, nessa lista com os principais tipos de bichos-preguiças, cabe chamar a atenção para o fato de que a primavera é o momento em que machos e fêmeas se procuram para os seus singulares rituais de acasalamento.
E desse encontro geralmente surge uma gravidez que pode durar entre 6 e 8 meses, para dar à luz um único filhote pesando não mais do que 200 gramas e cerca de 16 cm de comprimento.
E os próximos 5 meses deverão ser de totais cuidados por parte das mães; inclusive com a amamentação durante todo esse período; apesar de que, a partir de 60 dias de vida, eles já podem variar essa alimentação com a introdução de algumas espécies de folhas e brotos que sejam tenros e suculentos.
Caso tudo ocorra a contento, e eles consigam atravessar essa delicada fase dos seus desenvolvimentos, estarão prontos para tornarem-se independentes após 9 meses de cuidados; e aí então alcançar a maturidade sexual por volta dos 3 anos; para uma expectativa de vida que pode ser de até 9 anos em ambiente selvagem, e de até 12 ou 14 anos em cativeiro.
4.Preguiça-Anã-De-Três-Dedos
Entre as espécies mais singulares dentro desse gênero, como podemos observar nessas fotos, está a Bradypus pygmaeus (seu nome científico); uma espécie típica da América Central, mais especificamente do Panamá, e que chama a atenção pelo fato de ser uma das menores preguiças que podem ser encontradas na natureza – dificilmente ultrapassando os 48cm.
Nesse país ele também pode ser conhecido como “preguiça-anã”, “preguiça-monge”, entre outras denominações que recebe essa espécie só encontrada na exótica Isla Escudo de Veraguas, onde contribui com a sua própria exoticidade para tornar ainda mais singular a fauna da República do Panamá.
O preguiça-monge dificilmente ultrapassa um peso entre 2 e 3,5 kg; e assim como as demais espécies desse gênero, caracteriza-se por viver exclusivamente sobre a copa de imensas árvores, só descendo mesmo para realizar as suas necessidades fisiológicas.
E é durante esse período que eles também aproveitam para alcançar outras árvores que são impossíveis de serem alcançadas a partir dos ramos e galhos onde permanecem praticamente todo o tempo.
Uma curiosidade acerca dessa espécie é que ela frequenta uma seleta lista das 100 mais ameaçadas de extinção no planeta (e, obviamente, uma das mais ameaçadas dentro dessa comunidade das preguiças); talvez por conta de só poder ser encontrada no rico e extravagante ecossistema dos manguezais da ilha.
E, para piorar, em uma área que não ultrapassa os 4,4 km2, e que abriga não mais do que 80 indivíduos, que passam os dias em um delicioso forrageio sobre as árvores das florestas de mangue, em companhia de outras espécies também consideradas únicas na região, como o morcego Dermanura watsoni e a Oedipina maritima (um tipo de verme).
Todas essas espécies só encontradas na região, e da mesma forma sob um grave risco de extinção, muito por conta do avanço do progresso sobre a modesta área onde distribuem-se na natureza.
Características Da Espécie, Nome Científico E Fotos
A preguiça-anã-de-três-dedos possui, entre outras características, a presença de dois dentes incisivos por maxila, um crânio bem menor em relação às espécies até aqui apresentadas, e um forame estilomastoidemo dos mais discretos.
Ela não possui aberturas para a carótida externa, entre outras características típicas de uma espécie que evoluiu muito rápido para os padrões dessa família Pilosa.
Esse animal apresenta-se em uma densidade populacional que não ultrapassa os 5,8 indivíduos por hectare; o que é considerado pouco para as atuais pretensões de salvá-lo da completa extinção.
O Bradypus pygmaeus é outra dessas espécies de preguiças com 3 dedos, apreciador de uma rotina exclusivamente no topo das árvores (muitas vezes até 18 ou 19 horas por dia); e sempre à caça de alimentos, em um ritmo lento que não ultrapassa os 0,25 km/h.
Assim como ocorre com diversas espécies desse gênero, um tipo de alga verde é incorporada à sua pelagem a ponto de conferir-lhe uma outra coloração (verde); e que é capaz de garantir que esse animal confunda-se com a folhagem e mantenha-se relativamente protegido do assédio dos seus terríveis predadores.
No ambiente quase paradisíaco da ilha, a preguiça-anã-de-três-dedos vive uma rotina dos sonhos, em meio à folhagem de imensas árvores; vez ou outra em um delicioso mergulho em meio às águas cristalinas dos manguezais (uma curiosidade da região) que formam inúmeros labirintos de água doce e salgada.
E se o metabolismo das preguiças já chama a atenção por ser extremamente lento, imagina então como não ocorre na menor espécie desse gênero atualmente conhecida!
É o metabolismo típico dos portadores de “nanismo”, e que torna essa espécie um exemplar único dentro dessa comunidade.
Habitat E Comportamento Das Preguiças-Anãs-De-Três-Dedos
Recentemente descobriu-se que a preguiça-anã (ou “pigmeu”) também habita o interior das florestas tropicais da República do Panamá. Essa descoberta é importante, pois, até então, imaginava-se que o seu habitat restringia-se à área que abrange o manguezal vermelho da Ilha Escudo de Veraguas.
Mas terminam aí as informações acerca dos aspectos genéticos e biológicos dessa espécie; e nessa lista com os principais tipos de Bichos-preguiças, a anã-de-três-dedos entra como uma das mais envoltas em mistérios dentre todas as espécies conhecidas.
Pouca coisa se sabe sobre os seus processos reprodutivos, evolução taxonômica, comportamento, ecologia, entre outros aspectos da personalidade desse animal.
Só o que se sabe mesmo é que ele é listado como “Criticamente Ameaçado”, de acordo com a Lista Vermelha da IUCN. E sabe-se, também, que o Apêndice nºII da CITIES o descreve como “Em perigo”; e tudo isso graças à famigerada extração de madeira na região e ao assentamento de populações locais em pleno habitat natural desses animais.
Mas também contribui para essa realidade uma série de conflitos entre comunidades e exploradores de recursos naturais, incrementados pela diminuição das suas principais iguarias e pela morte de um grande contingente por doenças contraídas a partir dessa relação com humanos e animais domésticos.
Sem falar das mais recentes alterações climáticas, entre outros fatores que serão capazes de fazer com que essa espécie simplesmente desapareça em não mais do que 2 ou 3 décadas.
Taxonomia
Como dissemos, a preguiça-anã-de-três-dedos está entre as espécies mais envoltas em mistérios dentro dessa comunidade Pilosa.
Pouco ou quase nenhum relato existe acerca dos seus aspectos ecológicos, genéticos e biológicos; e quanto à sua taxonomia, o que podemos falar é que eles foram descritos bem recentemente, no ano de 2001, pelos cientistas da Universidade do Kansas, Estados Unidos, Charles O. Handley Jr. e Robert P. Anderson.
Para os especialistas, a descoberta do Bradypus pygmaeus foi uma das conquistas mais importantes para as suas carreiras de biólogos, pois até então o que se acreditava era que as espécies encontradas na comunidade de Bocas del Toro eram as mais exóticas novidades em termos de bichos-preguiças.
Mas eles estavam enganados!
Uma série de análises genéticas e moleculares, por meio da utilização de pele e crânio dos animais, determinaram que o Bradypus pygmaeus, até então considerado apenas e tão somente uma subespécie, deveria ser descrito como um animal à parte no seio dessa comunidade.
E juntamente com esse achado, os pesquisadores descobriram, também, que a Ilha Escudo de Veraguas é a mais distante e a mais antiga ilha da República do Panamá; e que teria transformado-se em um pequeno arquipélago bem recentemente, há não mais do que 10.000 anos, graças ao aumento do nível do mar com consequente formação de diversas ilhas.
O resultado foi que, de uma população isolada de Bradypus variegatus (a preguiça-de-garganta-marrom), começa uma lenta (e ao mesmo tempo mais rápida do que o normal) evolução que resultou na constituição da espécie B. pygmaeus ou a “preguiça-anã-de-três-dedos”.
Agora uma das três espécies símbolos da fauna da República do Panamá, uma das variedades mais exóticas de toda a América Central e uma das representantes mais extravagantes da ordem Pilosa – mais comumente conhecida como a dos Bichos-preguiças.
Ainda Sobre a Taxonomia Da Preguiça-Anã-De-Três-Dedos
Nessa lista com os principais tipos de preguiças, com as mais singulares características das espécies, além de fotos, nomes científicos, aspectos genéticos, biológicos, entre outras particularidades, a B. pygmaeus é listada como uma das mais (se não a mais) excêntrica e inusitada espécie dessa comunidade.
Se não bastasse as singularidades apontadas até aqui, ela ainda pode ser considerada uma daquelas portadoras de um “nanismo insular”, que ocorre quando grande espécies, por meio de um processo de evolução, tornam-se consideravelmente menores em razão de habitarem ao longo de milênios o espaço restrito de uma ilha.
Porém, apesar do nome, o nanismo insular não é um fenômeno exclusivo dos ecossistemas das ilhas e arquipélagos. Na verdade um gênero que tenha sido mantido sob uma rotina em cavernas, vales, ou mesmo em cativeiro, ao longo de séculos ou milênios, certamente apresentará essas características a partir dos seus descendentes.
Pois o que ocorre é que tal isolamento, com consequente restrição de alimentos, faz com que somente os indivíduos menos robustos e com metabolismo mais lento consigam sobreviver e procriar.
O que faz com que, ao longo de séculos ou milênios, tenhamos uma comunidade com tamanho diminuto, como as preguiças-anãs-de-três dedos, em um dos fenômenos mais surpreendentes da natureza selvagem.
5.Preguiça-de-Hoffmann
A Preguiça-de-hoffman é o Choloepus hoffmanni (seu nome científico). E como podemos observar nessas fotos, estamos falando de uma das espécies mais robustas e extravagantes dentro dessa ordem Pilosa.
E para se ter uma ideia da sua extravagância, saiba que estamos falando de um exemplar com dois dedos (diferentemente das apresentadas até aqui); e quanto às suas características físicas, sabemos que o animal pode atingir entre 54 e 71cm de comprimento e pesar até exuberantes 8 kg!
Chama a atenção também no Choloepus hoffmanni a sua densa pelagem, composta por duas camadas, inferior e superior; e a superior apresenta-se em um tom castanho claro, mas que pode adquirir uma tonalidade esverdeada a depender da incidência de luz sobre ela.
Esse tom esverdeado, como já sabemos, é o resultado do curioso fenômeno da incorporação de algas verdes à essa sua pelagem, em um típico processo de simbiose, em que dois organismos convivem em uma estreita relação – com ou sem benefícios para ambos – , mas sem prejuízo algum para as espécies.
Eles também possuem membros dianteiros bem maiores – o que os tornam escaladores habilidosíssimos. E uma curiosidade: a sua pelagem nasce a partir do ventre, em direção ao dorso; o que, entre outras coisas, a mantém sempre seca e protegida.
É curioso, também, notar o fato de eles só possuírem meia dúzia de vértebras cervicais; algo que é considerado uma raridade! Um verdeiro fenômeno! Talvez só observado em algumas espécies de peixes na natureza.
Características
A preguiça-de-hoffmann também é uma animal solitário, com hábitos noturnos, que prefere uma rotina sobre a copa das árvores, descendo delas apenas para realizar as suas necessidades fisiológicas e alcançar outras árvores.
O animal é endêmico das Américas Central e do Sul, desde as florestas tropicais de Honduras até o os ecossistemas do noroeste do Equador; assim como também pode ser encontrado a oeste da Colômbia, nas florestas arbustivas da Bolívia, bosques e florestas úmidas do Peru, além do território quase fantástico dos Andes (região oeste).
Mas as florestas de montanhas e as altitudes superiores a 3.000 metros também podem servir como habitat dessa espécie, que no Brasil só pode ser encontrada no Mato Grosso, onde convive bem com uma alimentação exclusivamente à base de folhas, frutas, raízes e sementes.
Já com relação aos processos reprodutivos dessa espécie, o que podemos dizer é que as fêmeas atingem as suas maturidades sexuais por volta dos 3 anos de idade, enquanto os machos somente aos 4.
E desse encontro geralmente resulta um período de gravidez de até 10 meses. Do qual surge um único filhote, pesando entre 340 e 400 gramas, totalmente dependente da mãe por até 9 meses, mas já completamente desmamado aos 90 dias de vida.
E a sua rotina também será a típica dessa comunidade das preguiças. Em idas e vindas sobre a copa das árvores, preso ao ventre da mãe, recebendo um banquete à base de folhas previamente mastigadas, até que consiga alimentar-se por conta própria.
E caso também consiga ultrapassar adequadamente esse delicado período, a preguiça-de-hoffmann atingirá a maturidade sexual por volta dos 3 ou 4 anos; e, a partir de então, poderá viver por até longos e quase inacreditáveis 25 anos em ambiente selvagem, e por impressionantes 37 anos em cativeiro – desde que, obviamente, tratado de acordo com as suas necessidades específicas.
6.Preguiça-Real
Mas uma lista com os tipos mais singulares de Bichos-preguiças, com os seus diversos nomes científicos, fotos, imagens e características das espécies, também deverá contemplar a Choloepus didactylus, sem dúvida, uma das mais robustas e exuberantes dessa comunidade.
O animal é capaz de atingir os impressionantes 85 cm de comprimento, com um peso que geralmente oscila entre 6 e 10 kg e uma pelagem entre o castanho e o cinza, com algumas tonalidades esverdeadas (sob a incidência de luz), além de incrivelmente densa.
Aqui temos uma outra espécie com hábitos solitários, noturnos ou crepusculares, tipicamente arborícola, e que chama a atenção, em relação às outras espécies, por ser uma nadadora incomparável, capaz de atravessar extensos rios, principalmente quando chega a hora de garantir a perpetuação da espécie ou novas fontes de alimento.
A preguiça-real é uma espécie típica da Bacia Amazônica, mais facilmente encontrada nas floretas tropicais úmidas a partir da Colômbia até a região norte do Brasil, em especial nos estados da Amazônia, Pará e Roraima – o que, naturalmente, a torna uma variedade símbolo desse vigoroso bioma da Floresta Amazônica.
Os seus hábitos alimentares, como é comum nesse gênero, limitam-se a folhas, frutos, raízes e sementes. E com relação a eles, chama a atenção o fato de o seu metabolismo não exigir quase nenhuma fonte de nutrientes; muito por conta de ser extremamente lento e pouco complexo.
Características
Como não é nenhuma novidade entre as espécies da ordem Pilosa, os dados sobre as características biológicas da Preguiça-real são bastante escassos. O que se sabe é que por volta dos 3 anos a fêmea atinge a sua maioridade, enquanto os machos somente quando quase completam os 5 anos.
A partir daí, durante praticamente os 12 meses do ano, machos e fêmeas irão procurar-se para a execução dos seus processos reprodutivos; e desses processos resultará um período de gestação entre 9 e 11 meses, para que a fêmea dê à luz um único filhote.
Esse filhote viverá sob extrema dependência da mãe ao longo de quase 9 meses, até que, a partir da idade de 3 anos, seja enfim considerado um animal adulto e apto a viver uma rotina em uma restrita variedade de ecossistemas, em especial as florestas úmidas, igapós e florestas de várzeas.
E também sempre atentos, obviamente, à presença dos seus principais predadores; assim como também ao flagelo das queimadas, desmatamentos, caça ilegal de animais silvestres e diminuição das suas principais iguarias.
Entre outros perigos que tornam esse animal uma espécie considerada “Preocupante”, segundo a Lista Vermelha da IUCN e diversos outros órgãos ambientais do planeta.
Principais Curiosidades Acerca Dos Bichos-Preguiças
Essa é, sem dúvida, uma daquelas comunidades consideradas símbolos da fauna brasileira. Na verdade eles até parecem uma espécie de “elo perdido” da comunidade dos primatas, com sua incrível habilidade para movimentarem-se com total desenvoltura sobre ramos e galhos de imensas árvores.
Mas o curioso é que toda essa desenvoltura ocorre de forma lenta e cadenciada, como o resultado de um metabolismo lento e pouco elaborado.
Algo que até faz com que esses bichos-preguiças passem entre 70 e 80% do dia em uma completa “hibernação”, para só acordarem já no crepúsculo, quando então “correm”, avidamente, à procura das suas principais iguarias.
E sobre essa hibernação, sabe-se que ela pode estender-se por até impressionantes 12 horas por dia!
O que lhes deixa apenas o crepúsculo e o período noturno para executarem os seus processos biológicos, inclusive a reprodução, que muitas vezes é realizada lá mesmo no topo das árvores, em meio a uma copa vigorosa, como uma das inúmeras singularidades que só encontramos nessa comunidade.
Uma outra curiosidades acerca dos bichos-preguiças diz respeito à singular tonalidade esverdeada que eles apresentam, principalmente quando sob incidência direta de luminosidade; e esse fenômeno é o resultado de um processo curiosíssimo; uma espécie de simbiose entre eles e um tipo de alga verde que incorpora-se à sua pelagem quase como uma extensão desta.
E é justamente essa pelagem que lhes garante uma camuflagem ideal para a ultrapassagem dessa desafiadora seleção natural; que nesse caso escolhe os mais adaptados, como o Bichos-preguiças, e a sua singular coloração que lhes torna praticamente invisíveis em meio à folhagem.
E outra coisa que chama a atenção nesses animais é, obviamente, a sua lentidão.
E para se ter uma ideia do que estamos falando, um bicho-preguiça, em sua fase mais agitada e eufórica, não ultrapassa a velocidade de 2m/por minuto; algo que não lhe permite aproximar-se de uma distância de 40 m ao longo de um dia inteiro – e caso, obviamente, passe um dia inteiro acordado.
Uma Espécie Única Na Natureza!
É verdadeiramente uma surpresa saber que esses animais são capazes de passar praticamente toda a vida numa mesma posição.
Eles simplesmente permanecem pendurados, confortavelmente, de ponta cabeça nos galhos, só saindo dessa posição por pequenos intervalos ao longo do dia – geralmente para realizar as suas necessidades fisiológicas em terra e para alcançar outras árvores impossíveis de serem alcançadas através das copas.
Muitos podem até alegar que, em comparação com algumas espécies de bactérias, fungos e protozoários, as preguiças são até bastante ágeis.
Só que não podemos esquecer que estamos falando de um mamífero. E, nessa condição, não há, verdadeiramente, nenhum outro que possa se lhes comparar quando o assunto é indisposição para grandes investidas.
Trata-se de um processo dos mais singulares da natureza. E a ciência ainda não bateu o martelo acerca das causas de tal lentidão de movimentos.
As suspeitas recaem sobre a sua alimentação, à base de folhas sem nenhum tipo de nutriente (e em não mais do que 2 ou 3 espécies); o que faz com que esses animais tenham que economizar bastante energia em suas atividades diárias.
Ao que tudo indica, terríveis períodos de escassez de alimentos pelos quais esses animais devem ter passado, fizeram com que somente os menos ágeis e não tão dispostos conseguissem sobreviver a essa baixa ingestão de nutrientes e calorias.
O que resultou na procriação de descendentes com essas mesmas características, a ponto de incorporarem no seus próprios DNAs essa impossibilidade de executar amplos movimentos.
Sem dúvida, uma das principais curiosidades que podem ser observadas no seio da natureza selvagem. A expressão da exoticidade que pode ser encontrada na fauna brasileira. E uma das principais excentricidades que podem surgir no seio dessa rica, surpreendente e cada vez mais inusitada biosfera terrestre.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Folivora
http://www.saudeanimal.com.br/2015/12/09/preguica-real/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pregui%C3%A7a-comum
http://www.ceama.mpba.mp.br/especies-ameacadas/1587-bicho-preguica-de-coleira.html
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/pesm/especie/preguica-de-tres-dedos/
http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/mestrado/zoologia/dissertacoes/camila_righetto_cassano.pdf