Dentro da família Gekkonidae, no gênero Hemidactylus, originária do continente africano, existe uma comunidade de animais conhecida como a das “lagartixas”.
São espécies de “lagartos subdesenvolvidos”, que supostamente foram introduzidos no Brasil durante as viagens de exploração ao continente americano por volta dos sécs. XVI e XVII.
Esses animais costumam reproduzir-se o ano todo, põem não mais do que 2 ou 3 ovos por ninhada e vivem em ambientes tipicamente antrópicos (modificados pelo homem); por isso mesmo são conhecidos por serem animais bastante comuns em residências e no campo.
Nessa lista com os principais tipos de lagartixas, em variadas espécies, com os seus respectivos nomes científicos, fotos, imagens, entre outras peculiaridades, iremos descrever as características de um animal cheio de singularidades.
Basta saber, por exemplo, que as lagartixas são espécies generalistas. Isso quer dizer que elas são afeitas a uma alimentação bastante variada, que pode ser à base de aranhas, baratas, grilos, gafanhotos, borboletas, mariposas, louva-a-deus, formigas, moscas, pernilongos, além de uma infinidade de outros artrópodes, insetos e anelídeos.
E quanto às suas táticas de caça na hora de matar a fome, sabemos que elas são também bastante simples: Como um bom animal oportunista, o normal é que essas lagartixas permaneçam à espreita, e à espera, de algum infeliz que tenha o azar de cruzar o seu caminho.
Imóveis, elas irão esperar, pacientemente, na mesma posição, até que algumas das inúmeras variedades de insetos que elas tanto apreciam tornem-se presas fáceis; e aí então uma abocanhada rápida e certeira não dará nenhuma chance de reação à vítima, que será engolida também lenta e pacientemente, como um dos eventos mais curiosos dentro dessa ordem dos Escamados.
Mas o objetivo desse artigo é fazer uma lista com alguns dos principais tipos de lagartixas existentes na natureza. Espécies curiosíssimas, com cores, formas e hábitos surpreendentes, e que ajudam a compor essa comunidade de animais exóticos e incomuns dentro do ambiente selvagem.
1.Lagartixa-Doméstica-Tropical
Essa aqui é a principal referência desse tipo de animal na natureza. É a mais popular e conhecida. O seu nome científico é Hemidactylus mabouia, uma representante clássica do continente africano, com comprimento que varia entre 2 e 10 cm, e que, curiosamente, tem nas residências o seu principal habitat.
E nelas não há variedade de baratas, aranhas, moscas, mosquitos, formigas, além de uma infinidade de outras espécies, que essas lagartixas não sejam capazes de devorar com um apetite insaciável.
Por isso mesmo elas são responsáveis por um verdadeiro extermínio desses animais em um ambiente doméstico; o que as torna uma das principais parceiras das donas de casas na luta contra os tipos mais comuns de pragas urbanas.
No Brasil elas podem ser conhecidas como “taruíras”, “crocodilinho-de-parede”, víbora”, “briba”, “labigó”, “lapixa”, “lambioia”, entre diversas outras denominações para uma mesma espécie – uma variedade que, dos animais que não se prestam como companhia de estimação, tornaram-se as mais bem vindas em praticamente todas as residências
Mas como se não bastasse tamanhos predicados, as lagartixas ainda são famosas por apresentarem algumas características que logo as diferenciam das demais espécies, como a de liberarem a cauda em situações de ameaça, por exemplo.
Nesses casos, elas não terão qualquer dificuldade em amputá-la por meio de contrações dos seus músculos, o que será suficiente para que a cauda seja desprendida e passe a distrair um predador enquanto conseguem fugir da ameaça.
Mas curiosidade mesmo é a sua capacidade de regenerar essa cauda perdida, que se desenvolverá sem vértebras, e como um conjunto de peças de cartilagem, que só permitirão novas regenerações em pontos mais próximos do corpo – onde elas ainda existam.
2. Lagartixa Mediterrânea Doméstica
A Lagartixa-mediterrânea, como o seu nome logo nos leva a supor, é uma variedade típica da “região Mediterrânea”, mais especificamente dos territórios de Portugal, Espanha, Turquia, Grécia, Chipre, Itália, Albania, entre outros países.
O animal é uma singularidade com não mas do que 11 cm, pupilas curiosamente verticais, sem pálpebras, com uma curiosa proteção nos dedos e, como qualquer variedade dentro desse gênero, apreciadora de uma dieta à base de insetos e artrópodes.
A sua coloração geralmente varia entre um tom de cinza e creme, com algumas manchas (e rugosidades) brancas e negras que ajudam a compor um todo bastante peculiar.
Os seus hábitos são tipicamente noturnos; e o que ela gosta mesmo é de permanecer escondida em ambientes escuros e úmidos, onde espera que alguma presa desavisada tenha o azar de cruzar o seu caminho quando chega a hora de obter a refeição do dia.
Aliás, uma hora que nunca termina, pois essas lagartixas são capazes de passar todo o dia à caça de alimentos; às vezes arriscando-se até mesmo nas proximidades de uma fonte de luminosidade, onde algumas espécies de mariposas costumam ser as presas mais abundantes, e suficientes para fazerem a festa dessas lagartixas mediterrâneas, apreciadoras que são de um banquete bastante variado.
A “lagartixa-turca”, como ela também costuma ser conhecida, apesar de ser típica do Mediterrâneo, possui origens mais abrangentes. Na verdade ela é uma típica espécie do Velho Mundo, que espalhou-se pelo Mediterrâneo a partir do norte da África, sul da Europa e de outras regiões desse tão abrangente trecho do planeta.
3. Lagartixa-De-Dedos-Denteados
Nessa lista com tipos tão extravagantes de lagartixas, em que apresentamos espécies com nomes científicos dos mais variados e com características tão diferentes (como podemos perceber nessas fotos), também deve haver espaço para algumas variedades de outros gêneros.
Como o Acanthodactylus, por exemplo, que nos presenteou com espécies como a Acanthodactylus erythrurus, uma variedade que chama a atenção pela sua velocidade, que em muito supera a das nossas conhecidas lagartixas-domésticas-tropicais.
Pelo seu aspecto dá pra perceber que estamos tratando de um animal à parte, com diferenças marcantes das lagartixas mais populares; e até mesmo pelo ambiente que apreciam: as regiões quentes e exóticas da Península Ibérica e do norte da África, bem como as mediterrâneas do sul da Europa; como uma das singularidades dessa original espécie da comunidade Squamata.
O aspecto físico das lagartixas-de-dedos-denteados também é uma singularidade! Uma combinação de branco, preto e às vezes amarelo, que distribui-se como um “manto” frisado, com linhas verticais e manchas arredondadas, que lhes conferem um aspecto rústico e exótico.
Por possuírem uma incrível variação de cores, traços e formas, essas lagartixas costumam ser divididas em diversas outras subespécies, mas sempre com a característica de animais nada agressivos; sendo capazes apenas de algumas mordidas em algum desavisado que tente apanhá-las e tirá-las do sossego dos seus habitats naturais.
As lagartixas-de-dedos-denteados costumam medir entre 15 e 20 cm, põem entre 3 e 7 ovos a cada postura, são bastante territorialistas (defendem o território demarcado como um bom animal selvagem), entre diversas outras características pouco relatadas acerca dos seus aspectos físicos, genéticos e biológicos.
4. Lagartixa Indo-Pacífica
Aqui está outra singularidade, a Hemidactylus garnotii (ou Dactylocnemis pacificus), também conhecida como Lagartixa-marrom-acinzentada-de-Assam, Lagartixa-da-casa-de-Garnot, Lagartixa-raposa, entre outras denominações de uma espécie típica da Índia, mas também das Filipinas, Sudeste Asiático e Oceania.
A Birmânia, Península Malaia, algumas ilha do Pacífico Sul e a Polinésia também costumam ser os habitats naturais dessa variedade, que é capaz de atingir um comprimento entre 10 e 13 cm, com uma coloração que mescla o cinza com rajadas meio acastanhadas, e que conferem a essa espécie um aspecto pálido e translúcido.
O ventre da lagartixa-indo-pacífica é amarelado, o seu focinho é estreito e comprido (daí o seu apelido, “lagartixa-raposa”), a cauda é delgada com laterais repletas de saliências que lembram as de um pente, entre outras características não menos peculiares.
Uma curiosidade acerca desse animal é a sua capacidade de reproduzir-se por autofecundação (partenogênese), em que não é necessária a participação de um macho, o que até faz com que todas as espécies desse gênero sejam, de alguma forma, “fêmeas”.
Acredita-se que a lagartixa-indo-pacífica tenha sido uma espécie doméstica em tempos remotos, e que, curiosamente, teve que ceder o seu território para as atuais lagartixas-domésticas e abrigar-se no ambiente selvagem, para configurar-se como uma das espécies de lagartixas não-urbanas conhecidas atualmente.
5. Lagartixa Voadora
Recentemente, na região sul do Brasil, foi descoberta uma espécie de “lagartixa voadora”, como habitante da zona rural do Paraná, e que supostamente seria uma descendente dos antigos dragões voadores – espécies pré-históricas e fontes de inspiração para os dragões do universo cinematográfico.
Mas essa lagartixa-voadora é bem mais modesta; ela não ultrapassa os 15 cm de comprimento; e como principal características apresenta um par de membranas laterais que lhe permitem planar por um determinado tempo, como uma das principais peculiaridades que podemos encontrar nessa comunidade Squamata.
Suspeitava-se que esse animal já estivesse extinto há pelo menos 2 milhões de anos; e qual não foi a surpresa dos cientistas quando depararam-se com esse achado, um verdadeiro “elo perdido” de comunidades pré-históricas!
Mas não confundi-las com esses singulares dragões dos desenhos animados, pois nada indica que elas sejam capazes de soltar fogo pela boca, planar em bandos sobre uma comunidade e arrasá-la em minutos – e muito menos crescer até atingir os inacreditáveis 10 ou 12 metros de altura!
Atualmente a espécie é mantida bem protegida em um laboratório no Paraná, à espera de novos testes e estudos que possam definir melhor as suas características genéticas e biológicas, que deverão ser mais facilmente identificadas nos Estados Unidos – o provável destino desse curioso e singular membro da comunidade dos répteis.
6.Lacerta Dugesi
Essa é a Lagartixa-da-madeira, uma variedade que entra aqui nessa lista com as principais lagartixas existentes pelo fato de ser essa a maneira como ela tornou-se conhecida – apesar de pertencer à família Lacertidae.
A Lacerta dugesi é originária do arquipélago da Madeira, um grupo de ilhas portuguesas localizadas no Oceano Atlântico.
Mas também pode ser encontrada nos Açores (em menor quantidade) e na região dos portos em Lisboa, após um desembarque acidental nas regiões, juntamente com carregamentos de alimentos em transações comerciais do séc. XIX.
Esse animal costuma atingir entre 10 e 15 cm de comprimento, com uma coloração que varia entre o castanho claro e o cinza – mas com alguns indivíduos apresentando uma que mescla o púrpura, verde e azul.
O seu aspecto é inconfundível! É uma espécie de lagarto ou salamandra com dimensões menores, e com as características que são típicas desses animais, como a de regenerar uma parte dos seus membros, em especial a cauda, sempre que está em perigo e precisa distrair alguns dos seus principais predadores.
Mas uma curiosidade acerca dessas lagartixas-da-madeira diz respeito à sua docilidade e facilidade de aproximar-se dos humanos.
Diferentemente das nossas conhecidas Lagartixas-domésticas-tropicais, as da madeira podem ser surpreendidas em um contato bem próximo com os humanos, sendo acariciadas e até mesmo recebendo comida na boca.
Sua dieta consiste, basicamente, de besouros, gafanhotos, moscas, mosquitos, mariposas, borboletas, entre outros insetos e artrópodes que elas tanto apreciam. Mas não se surpreenda se encontrá-las em um belíssimo banquete à base de frutas, sementes, raízes e brotos, principalmente quando há escassez das suas principais refeições.
O curioso também é que, devido ao intenso contato que passaram a ter com os humanos (após o evento da descoberta do arquipélago), as Lagartixas-da-madeira passaram a introduzir às suas dietas restos de alimentos humanos (muitos deles encontrados em lixos), além de produtos da lavoura.
Nesse último caso, um evento que acabou por tornar esses animais uma espécie de praga natural na opinião dos agricultores – mesmo apesar do fato de termos sido nós a invadir o seu habitat natural.
Lagartixa-Da-Madeira: Características
Com a ocupação maciça do arquipélago, as Lagartixas-da-madeira acabaram, curiosamente, proliferando-se ainda mais. Mas elas ainda são os únicos répteis endêmicos da região e os únicos que parecem adaptar-se com maior facilidade – a despeito das tentativas, frustradas, de introduzir outras espécies na região.
Camaleões, lagartos, cobras, outras variedades de lagartixas…todas essas tentativas de introdução de novas variedades no arquipélago têm esbarrado na dificuldade de adaptá-las às condições climáticas, à escassez das sua presas favoritas, entre outras condições que, por questões de adaptação, as Lagartixas-da-madeira conseguiram vencer com louvor.
E tal foi essa capacidade de adaptação, que esse animal conseguiu (e consegue) sobreviver em praticamente todos os ecossistemas do arquipélago, desde as regiões litorâneas, passando por áreas montanhosas de grandes altitudes, lavouras, pastagens, alguns trechos de florestas mais fechadas, o entorno das casas, e onde quer que elas possam encontrar alguma fonte de alimentação abundante.
7. Lagartixa Com “Pés de Folha”
Ao que tudo indica, originalidade é o que não falta dentro dessa ordem dos Escamados, mais especificamente dessa família das lagartixas, pois essa espécie aqui, por exemplo, além das características físicas, tem a singularidade de ter sido encontrada dentro de vulcões adormecidos.
O seu habitat natural são os enigmáticos e insondáveis ecossistemas das Ilhas de Gálapagos; um território vulcânico localizado em pleno Oceano Pacífico, e que chama a atenção justamente por abrigar algumas das espécies mais exóticas, incomuns e originais do planeta.
E foi justamente numa dessas viagens de exploração, no ambiente fantástico dos arredores do vulcão Wolf, que um grupo de biólogos norte-americanos descoboriu essa variedade com os pés curiosamente dispostos na forma de folhas.
O objetivo dos pesquisadores com essa viagem de exploração foi o de produzir uma espécie de “Guia de Galápagos”, como o resultado de 3 anos de pesquisas que conseguiram fazer uma verdadeira varredura dos répteis das ilhas, a fim de simplesmente dar como definida a fauna dos répteis da região.
De acordo com o herpetólogo equatoriano, Alejandro Artega, diretor do Departamento de Ciência do Tropical Herping (uma comunidade de pesquisadores e ecoturistas que têm a missão de desvendar os mistérios da fauna do planeta), as lagartixas-com-pés-de-folhas possuem o original apreço por habitar regiões de encostas.
São regiões ladeadas por densas escarpas, que margeiam vulcões adormecidos (ou não), e que fizeram da caça a essa espécie um desafio jamais imaginado pela equipe.
O nome científico da lagartixa-com-pés-de-folhas é Phyllodactylus andysabini; uma homenagem a Andrew Sabin, filantropo dos Estados Unidos, um dos patrocinadores da equipe, e que ajudou a descobrir uma das espécies mais originais dessa família.
Juntamente com a descoberta, a equipe vem conseguindo contribuir para a não extinção dessas lagartixas, pois, juntamente com as outras 47 espécies de animais existentes nas ilhas, já encontram-se sob algum nível de risco, muito por conta da introdução desordenada no arquipélago de alguns predadores; assim como também das alterações climáticas que, entre outras coisas, têm diminuído a quantidade das suas presas favoritas.
8.Lagartixa-Satânica-Cauda-De-Folha
A Lagartixa-satânica-cauda-de-folha é a Uroplatus phantasticus, uma espécie que entra aqui nessa lista com os tipos de lagartixas conhecidas atualmente como uma das espécies típicas da Ilha de Madagascar.
O seu tamanho geralmente oscila entre 7,5 e 10 cm; e é uma daquelas espécies capazes de utilizar a oportuna técnica da mimetização, na qual modifica a sua coloração de acordo com o ambiente, passando de um marrom-claro ou castanho amarelado para a cor ou o aspecto de onde estiver inserida.
A sua marca registrada, obviamente, é uma cauda com o aspecto semelhante a uma folha, além de patas com forte poder de aderência, olhos curiosamente desprovidos de pálpebras (apenas uma fina membrana) e um conjunto de pequenos chifres que lhe conferem o apelido.
Esse é um animal com hábitos noturnos, que prefere manter-se em um completo descanso durante o dia, e reservar energias para a caça das suas principais iguarias.
E dentre essas principais iguarias destacam-se uma diversidade de mariposas, grilos, gafanhotos, borboletas, moscas, formigas, entre outras inúmeras espécies que não conseguem opor a menor resistência à língua da Lagartixa-satânica-cauda-de-folha, que, esticada, funciona como um instrumento de combate dos mais vigorosos.
Essas lagartixas são ovíparas. Elas põem 2 ovos que permanecem sob folhagens e materiais orgânicos por cerca de 60 dias; e ao final dão à luz a filhotes com não mais do que alguns milímetros, e que serão responsáveis por perpetuar uma das espécies mais peculiares dessa comunidade dos répteis.
9. Novas Espécies
Recentemente, um grupo de pesquisadores australianos descobriu duas novas variedades de lagartixas habitantes de florestas do nordeste da Austrália, mais especificamente da Península de Cabo York, próxima ao Parque Nacional do Cabo Melville.
O animal tem como habitat natural áreas rochosas, próximas a florestas arbustivas, onde vive alimentando-se de pequenos insetos, anelídeos e artrópodes.
O curioso é que essas lagartixas já foram encontradas com denominações escolhidas por estudiosos da região – Glaphyromorphus othelarrni e Carlia wundalthini –; e são espécies com características únicas, oriundas de um ecossistema também considerado único, e que por isso mesmo conseguiu mantê-las totalmente desconhecidas por milhões de anos.
10.Espécies Exóticas
Mas essa lista com as espécies de lagartixas mais facilmente encontradas na natureza também deverá conter algumas das mais exóticas e singulares variedades dos mais diversos tipos de gêneros; e como podemos observar nessas fotos, elas chamam a atenção pelos seus aspectos bastante incomuns.
Como é o caso da Lagartixa-madagascarense, por exemplo. Uma habitante da distante e insondável Ilha de Madagascar, no Sudeste da África, vizinha bastante próxima de Moçambique, e que chama a atenção pelo seu tamanho (cerca de 23 cm).
Esse é um animal diurno, apreciador do ambiente rústico das superfícies das árvores, onde alimenta-se de seiva, néctar, frutas, insetos, sementes, entre outras iguarias apreciadíssimas.
E o que dizer da Lagartixa-anã-de-cabeça-amarela? Essa é outra extravagância dentro dessa família; um outro membro exótico da fauna do continente africano; mais especificamente de países como o Quênia, Tanzânia, Burundi e Ruanda.
São animais não urbanos, que dificilmente atingem mais de 5 cm de comprimento, e que gostam mesmo é das florestas arbustivas e de bambu, onde passam os dias alimentando-se de mariposas, formigas, libélulas, grilos, borboletas, entre outras espécies tão ou mais saborosas quanto estas.
Elas são espécies ariscas por natureza; bastante arredias à aproximação dos humanos; e que preferem mesmo é esconder-se rapidamente em meio aos arbustos, de onde ficam a emitir um som característico, semelhante ao coaxar dos sapos, em um dos eventos mais curiosos desse universo composto pelos mais diversos gêneros de lagartixas.
As Lagartixas-de-pestana são outras dessas singularidades que podem ser encontradas no seio da comunidade Gekkonidae.
Elas são habitantes das florestas da Nova Caledônia (um arquipélago no sul do Oceano Pacífico) e caracterizam-se pelos seus crânios curiosamente triangulares, olhos imensos e um corpo rugoso entre o marro-claro, amarelo e acastanhado.
E como marca registrada: um par de cristas calcárias que projetam-se das laterais do seu dorso e do topo da cabeça.
Sobre a Curiosa Aderência Das Lagartixas Nas Paredes
Sem dúvida, uma das características biológicas mais marcantes das lagartixas é a sua capacidade de aderir, pelo que se sabe, a todo e qualquer material existente.
Não há superfície de vidro, madeira, plástico, borracha, metal, lisa, rugosa, no teto ou nas laterais de uma residência que elas não possam escalar.
Só que agora já se sabe que essa habilidade é o resultado da densidade da sua massa corporal, aliada à presença de pequenas células microscópicas nas suas patas, que nada têm a ver com qualquer substância ou tensão das superfícies – elas simplesmente atendem a uma força que em física é conhecida como “Força de Van der Wall”.
Segundo ela, alguns materiais podem atrair-se mutuamente, especialmente quando adquirem um enrijecimento que lhes confere a estrutura de uma mola capaz de sustentar melhor o peso das suas próprias massas.
E para se ter uma ideia da importância dessa descoberta, sabe-se que um sem número de adesivos produzidos com essa tecnologia das lagartixas possuem as suas eficiências relacionadas com o enrijecimento da sua estrutura, o que acaba tornando esses produtos ainda mais aderentes.
No caso das lagartixas, pele, tendões, tecidos e as cerdas microscópicas das suas patas possuem a capacidade de enrijecer-se à medida que esses animais vão crescendo; o que resulta num maior poder de atração das moléculas que compõem as superfícies por onde elas caminham.
Diferentemente do que se imaginava até então, não são dedos curiosamente grandes os únicos fatores capazes de provoca essa atração das moléculas. Eles realmente ajudam. Mas é esse enrijecimento que permite que as Forças de Van der Wall entrem em ação.
Mas essas forças ainda são envoltas em uma série de controvérsias acerca do seu real funcionamento; porém o que se sabe é que, quanto mais rígido um corpo maior a interação entre as suas moléculas e as das superfícies com a qual tiverem contato; como uma espécie de troca ou armazenamento de energia que provoca de imediato a sua aderência.
Fotos, Imagens E as Características Da Regeneração Das Espécies De Lagartixas
Mas a capacidade de aderência desses animais não é, nem de longe, a sua característica mais marcante. Na verdade, nessa lista com os principais tipos de lagartixas e espécies das mais exóticas, esse item entra apenas como uma das inúmeras singularidades que podem ser apreciadas dentro dessa comunidade.
Uma outra é a capacidade que elas possuem de regenerar um membro perdido, especialmente as suas caudas, por exemplo.
E aqui o que acontece é um fenômeno dos mais simples e originais da natureza: Por ser composto por vértebras com articulações mais frouxas entre elas, fica fácil, após uma série de contrações, desprender-se dessa parte, e com isso manter os predadores distraídos enquanto elas fogem sãs e salvas.
Esse trecho mais frouxo possui tecidos, músculos, vasos e nervos com constituição menos rígida, o que permite que sejam desconstituídos, e a cauda regenerada a partir do ponto anterior – que ainda possui vértebras mais complexas.
A nova cauda será recomposta naturalmente; só que agora com bastões cartilaginosos, que simulam o conjunto de vértebras perdidas, o que constitui-se como uma das inúmeras ferramentas responsáveis pela sobrevivência dessa comunidade nesse rigoroso e implacável processo de “seleção natural” ao qual essas lagartixas foram submetidas ao longo de milhões de anos.
Por Que as Lagartixas Podem Ser Nossas Grandes Parcerias?
As lagartixas, como dissemos, não possuem como únicas curiosidades a sua singular capacidade de regeneração de um membro perdido, e nem por conseguirem aderir-se às mais improváveis superfícies, ou mesmo por estar entre nós supostamente há milhões de anos.
Elas chamam a atenção também por serem as únicas espécies dessa imensa comunidade Squamata com livre trânsito dentro das residências; em muitas delas sendo até bem vindas por comportarem-se como verdadeiras exterminadoras naturais de pragas.
Isso porque não há espécie de formigas, moscas, mosquitos, baratas, aranhas, grilos, gafanhotos, entre inúmeras outras espécies das quais só queremos mesmo é manter distância, que as lagartixas não apreciem como uma refeição saborosíssima.
E uma única lagartixa doméstica, por exemplo, é capaz de comer dezenas de insetos durante o dia! O que é uma razão suficiente para que elas sejam tao apreciadas (e até preservadas) – algo que não é nem um pouco comum quando se trata de uma espécie não considerada como animal de estimação.
As lagartixas não atacam, não são atraídas por alimentos, não possuem um aspecto assim tão repugnante, são discretas, preferem mais é esconder-se da presença dos humanos.
Ou seja, são animais de “estimação” por natureza; algumas delas totalmente adaptadas ao convívio em residências; e na verdade dependentes destas; e sem as quais veriam-se em apuros nessa dura luta pela sobrevivência – que só mesmo algumas espécies mais exóticas conseguem vencer.
Mas Será Que Elas Transmitem Doenças?
Nessa lista com os tipos mais simples, exóticos e também incomuns de lagartixas devemos abrir um parêntese para chamar a atenção para alguns riscos relacionados com a convivência com esses singelos animais no ambiente doméstico.
É preciso saber, por exemplo, que, como qualquer animal que não seja criado como espécie de estimação, o normal é que elas andem por aí, perambulando sobre restos orgânicos, fezes, detritos, entre outros materiais que certamente irão torná-las transmissoras involuntárias de alguns tipos de doenças.
Por isso mesmo a recomendação é bastante simples: frutas, verduras, pratos, talheres, e o que quer que deva ser utilizado, mesmo quando devidamente armazenados, devem ser limpos com água e sabão.
Mesmo sabendo que elas não apreciam a alimentação humana, sabemos que elas certamente irão circular por sobre todo e qualquer material que esteja de alguma forma exposto.
E outra coisa importante a saber acerca dos riscos envolvidos na convivência com essas lagartixas, é que elas são as principais hospedeiras de parasitas do gênero Platynosomum sp.
E o problema é que os gatos são bastante apreciadores dessas lagartixas como fonte de alimentação.
E o resultado é que esses gatos costumam ser infectados pela chamada “Platinosomose”; uma doença silenciosa e que os torna os últimos hospedeiros de uma moléstia que pode levar à morte se não tratada logo em seus estágios iniciais.
Não muito recentemente descobriu-se que esse parasita, o Platynosomum, inicia o seu ciclo de vida nos insetos (besouros, gafanhotos, caracóis, entre outras espécies). E essa evolução segue com a ingestão dessas espécies pelas lagartixas, e destas pelos gatos, em um dos eventos mais curiosos nesse universo dos felinos.
O que se sabe é que, dessa ingestão de lagartixas – que podem estar infestadas com os parasitas – , resulta o desenvolvimento de pequenos invólucros em alguns órgãos desses gatos contendo os micro-organismos em uma fase ainda intermediária. E estes, ao final, irão alojar-se no figado dos felinos, causando danos que podem tornar-se irreversíveis.
E dentre esses principais danos, podemos destacar lesões no fígado, intestino, vesícula, pulmões, fígado, rins, entre outros órgãos do corpo. E como principais sintomas desse evento, os animais poderão apresentar vômitos, náuseas, perda de apetite, diarreia, apatia, fraqueza, entre outras ocorrências.
O diagnóstico é feito por meio de exames de fezes, ultrassonografia, hemograma, urina, radiografia abdominal; tudo isso após um exame clínico, obviamente; o que deverá auxiliar o médico veterinário a eliminar outras doenças e proceder ao tratamento de acordo com o que se recomenda para manifestações com esse tipo de parasita.
Em caso de demora no tratamento, as consequências mais dramáticas podem ser a obstrução total da vesícula biliar e a inflamação crônica do fígado, o que geralmente leva à morte do felino em questão de dias, ou até mesmo horas.
Curiosidades
As lagartixas sempre foram vistas como parentes mais modestas dos antigos animais pré-históricos que dominavam o planeta há mais de 65 milhões de anos.
E elas chegaram até os nossos dias, a princípio, como uma espécie repugnante, causadora de uma curiosa aversão e de um estranho mal estar.
Foram necessários séculos de convivência, até que descobríssemos o formidável papel que esses animais desempenham como algumas das mais eficientes exterminadoras de pragas naturais do planeta.
Mais tarde, bem mais tarde, por volta dos anos 60, o mecanismo por trás da sua singular capacidade de aderir às mais diversas e improváveis superfícies tornou-se conhecido (ao menos até que seja derrubado).
E o que se descobriu, para a surpresa geral, é que uma interação entre as moléculas do seu corpo e das superfícies com as quais elas têm contato gera uma espécie de energia que as atraem – como um dos fenômenos mais curiosos entre os que podem ser observados no ambiente selvagem.
E o resultado dessa descoberta foi a sua utilização para a produção de diversos tipos de materiais aderentes, que são capazes de utilizar-se desse fenômeno natural para oferecer um poder de aderência incomparável em relação às antigas técnicas.
Mas nessa lista com alguns dos tipos e espécies mais conhecidos de lagartixas, com os seus respectivos nomes científicos, fotos, imagens, entre outras particularidades, devemos chamar a atenção também para outra curiosidade acerca da biologia desses animais.
E ela diz respeito ao seu singular potencial de regenerar um membro perdido, em especial a sua cauda, que é deixada para trás como forma de distrair um predador enquanto elas fogem desabaladamente do perigo.
Mas a novidade é que tal poder de regeneração tudo indica que será a mais nova arma da ciência para a cura de lesões e traumas na coluna vertebral até então irreversíveis; traumas que, em muitos casos, acabam levando milhares de indivíduos à tetraplegia em todo o mundo.
De acordo com Matthew Vickaryous, professor do Departamento de Ciências Biomédicas da University of Guelph, em Ontário, Canadá, por meio do estudo das células da Eublepharis macularius (Lagartixa-leopardo) é possível descobrir como se dá esse fenômeno.
E as suspeitas recaem sobre as células da glia radial, encontradas em outros animais que também são capazes de reproduzir tal fenômeno; e que são responsáveis, entre outras coisas, pela multiplicação das células durante a formação de um embrião no útero, além de atuarem na construção do sistema nervoso e das estruturas dos neurônios.
Logo, a partir do conhecimento de como se dá esse processo, pode ser possível, de acordo com o cientista, reproduzir tal fenômeno em diversos órgãos do corpo humano, inclusive na coluna vertebral, para a felicidade de indivíduos de todo o mundo que sofrem com algum tipo de transtorno relacionado a traumas e lesões nessa parte do corpo.
O Mimetismo Das Lagartixas
Por fim, e não menos curioso, é esse singular fenômeno do mimetismo que pode ser observado em diversas espécies de lagartos, e até mesmo nas estrelas desse artigo, as lagartixas, que também contam com esse fabuloso fenômeno para a garantia das suas sobrevivências em meio ao ambiente hostil e implacável da natureza selvagem.
E aqui o fenômeno por trás disso é a capacidade que possuem alguns animais, como as lagartixas, de manipular a distribuição de determinados pigmentos contidos no interior das suas células epiteliais.
Tal fenômeno é possível, em boa parte, graças ao formato dessas células, com alguns prolongamentos capazes de receber pigmentos com as mais diversas colorações a partir do núcleo celular.
O resultado é um dos fenômenos mais incríveis e fascinantes dentre todos os que podem ser observados em ambiente natural!
Se essas lagartixas precisarem confundir-se com uma pedra ou uma rocha em tons pastéis, não tem problema, essa ferramenta irá funcionar adequadamente!
Mas se uma lagartixa acinzentada precisar adquirir a aparência de uma exótica e delicada orquídea, com os seus tons de púrpura, vermelho, rosa, entre outros, também não tem problema, o mecanismo logo será despertado assim que o animal abrigar-se em meio à planta!
E as razões para o desencadeamento de tal processo podem ser várias: despistar-se de um predador; manter-se à espreita de uma presa; para fins de acasalamento; ou mesmo de forma natural, bastando apenas que o animal passe de uma coloração simples para uma multicolorida.
Como um dos fenômenos mais originais da natureza! Um evento fantástico e fonte para os mais diversos mitos e lendas acerca dessas espécies.
E que só mesmo no ambiente selvagem podemos observar com tamanha perfeição e espontaneidade – perfeição e espontaneidade que os homens (ao menos ainda) sequer sonham reproduzir com igual maravilha no ambiente artificial de um laboratório.
Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v21n1/1516-7313-ciedu-21-01-0133.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lagartixa-dom%C3%A9stica-tropical
https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/lagartixa-o-reptil-protetor-do-seu-lar/
https://www.proteste.org.br/animais-de-estimacao/gatos/noticia/platinosomose-a-doenca-da-lagartixa
https://www.mundoecologia.com.br/animais/lagartixa-mediterranea-domestica-caracteristicas-e-fotos/
https://hypescience.com/as-12-lagartixas-mais-bonitas-do-mundo/
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150905_vert_earth_segredo_lagartixas_ml