Uma das principais características da Panthera pardus nimr ou Leopardo-árabe, é a de ser uma subespécie das terríveis Pantheras pardus (ou Leopardo-comum), que vive basicamente em países do Oriente Médio, e que, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), está atualmente em grave risco de extinção.
Estima-se que em toda a região não existam mais do que 250 exemplares, e que estão separados por comunidades (três subpopulações) distantes umas das outras. – É simplesmente um desastre, quando se lembra que mais de 150 zonas outrora habitadas por essa espécie não apresentam mais nenhum exemplar.
Para se ter uma ideia da situação dos Leopardos-árabes, calcula-se que o deserto de Negev, em Israel, possui entre 18 e 30 exemplares – também uma tragédia, quando se sabe que essa espécie costumava povoar a região como praticamente um símbolo desse trecho do planeta.
Nas montanhas do Iêmen (que também já foi um verdadeiro santuário dessas espécies), os Leopardos-árabes até parecem entes fantásticos, tal a dificuldade de encontrar sequer um exemplar.
Na Reserva Natural Jabal Samhan, a situação não é menos melancólica. O parque encontra-se nas montanhas do sul de Omã (na Península Arábica). E lá, em cerca de 4.600km de um ecossistema protegido da degradação provocada pelo homem, não foram encontrados mais do que 18 leopardos – o que não deixa de ser pelo menos um alento.
É na Arábia Saudita que as coisas parecem um pouco melhores no que diz respeito à sobrevivência dos Leopardos-árabes. Em uma área total que beira os 20.000 km², uma população que varia entre 200 e 400 indivíduos percorre a vastidão desse trecho montanhoso do Oriente Médio, especialmente em ecossistemas do lado ocidental de Hejaz e Sarawat.
Enquanto em alguns trechos de regiões como as da Península do Sinai, Jordânia, Síria, Líbano, entre outros países da região, tudo indica que a espécie esteja completamente extinta.
Principais Características do Leopardo-Árabe
Uma característica marcante do Leopardo-árabe, é o seu tamanho. Do alto dos seus modestos 1,7 ou 2,2m de comprimento, ele configura-se como uma das menores espécies do gênero Pardhus, dessa imensa família Felidae.
Os Leopardos-árabes possuem uma pelagem entre o amarelo pardacento e o amarelo-ouro. Eles possuem entre 22 e 30kg, rosetas escuras que espalham-se pelo seu corpo, entre outras características que, apesar de discretas, são suficientes para distingui-los dos seus parentes mais próximos: os curiosos Leopardos-africanos.
Outra característica dos Leopardos-árabes, é que eles dificilmente são avistados em savanas, prados, florestas e planícies abertas, litorais, etc; eles preferem (ou preferiam), isso sim, as belíssimas paisagens montanhosas, as colinas e montes verdejantes, estepes, vales, entre outras regiões especialmente localizadas em Israel, Arábia Saudita, Omã, Síria, Iêmen, entre outros territórios do Oriente Médio.
Mas, infelizmente, a sua presença em tais regiões não revela uma quantidade expressiva de exemplares, já que ele está oficialmente extinto em inúmeros territórios, como na Jordânia, nos arredores do Mar Morto, em boa parte dos Emirados Árabes Unidos, no Quatar, etc.
E as suas maiores populações encontram-se somente na região montanhosa de Dhofar, em Omã e em trechos do Iêmen.
Os Hábitos Característicos dos Leopardos-Árabes
Os leopardos-árabes possuem a característica de apreciar a noite em lugar do dia. É nesse período que eles saem para a caça das suas potenciais vítimas, entre as quais, algumas espécies de cabras, ovelhas, a curiosa gazela árabe, alguns primatas, a original lebre do cabo, os pequenos e ágeis hirax, além de aves, porcos-espinhos, pequenos mamíferos, entre outras variedades típicas do Oriente Médio.
Como dissemos, essa espécie não aprecia o convívio em bandos, tanto é assim, que mesmo durante a sua fase reprodutiva um casal de leopardos-árabes só são avistados juntos por 3 ou 4 dias, até que uma cópula ocorra e, após 3 ou 4 meses, ela dê à luz entre 2 ou 4 filhotes pesando não mais do que 1kg.
Durante os primeiros 90 dias, as mães vivem exclusivamente para os filhotes, até que, por volta dos 24 meses, eles já possam sair para a vida e começar as suas trajetórias de luta pela sobrevivência.
Parece que algo relacionado com uma sensibilidade a temperaturas altas faz com que os leopardos-árabes dificilmente sejam avistados durante o dia.
Nesse período, eles preferem o confortável esconderijo em grutas e cavernas, para só ao entardecer iniciar a atividade que eles melhor executam: a caça! Geralmente de espécies típicas da região, ou mesmo de espécies domésticas, como galinhas, porcos, ovelhas, cabras, entre outras espécies semelhantes, em períodos de escassez.
Uma Espécie Ameaçada de Extinção!
As causas e características da quase extinção dos Leopardos-árabes são as mais variadas. Eles são caçados por traficantes de animais silvestres ou para exibição em zoológicos e são abatidos também por serem responsáveis por inúmeros casos de sumiço de gado – que eles consomem por motivos de escassez das suas principais presas.
Mas o progresso também chegou até os seus habitats naturais! Lugares onde eles antes podiam refugiar-se (e caçar as suas presas favoritas) agora tornaram-se, de certa forma, territórios hostis. E por isso o destino dessa espécie tornou-se o de ser apenas uma das inúmeras lendas que ajudam a compor a história dessas vastas regiões montanhosas do Oriente Médio.
Porém, com o intuito de tentar frear, ao máximo, o processo que vem resultando numa ameaça de desaparecimento total dos Leopardos-árabes, iniciativas como a criação da Reserva Natural Jabal Samhan, na região montanhosa do sul de Omã, vem sendo colocadas em prática, e com bastante êxito.
Juntamente com a participação da população local, a reserva vem se tornando parte da própria comunidade – na verdade o principal refúgio onde essas espécies podem ser encontradas com facilidade atualmente.
Algo que não vem acontecendo em Israel, por exemplo, onde, segundo o Departamento de Zoologia da Universidade de Tel-Aviv, o número desses animais não ultrapassa os nove exemplares – diferentemente do que ocorria no passado, quando no deserto de Negev, por exemplo, eles praticamente confundiam-se com a paisagem local.
Agora os especialistas precisam recorrer à poderosíssima arma da manipulação genética, afim de identificar onde e quantos animais dessa espécie ainda habitam as montanhas da Península Arábica e da Península do Sinai.
Por meio de testes nas fezes de animais encontrados na região, os pesquisadores concluíram, por exemplo, que apenas oito exemplares podem ser encontrados no deserto da Judeia, enquanto no deserto de Negev há registros de pelo menos 18.
Uma das saídas, segundo os especialistas, para o combate a essa realidade, é a introdução de novas espécies (ou subespécies) de Leopardos-árabes em regiões que apresentam poucos ou nenhum exemplar desses animais. Além, obviamente, de tentar frear a invasão do progresso em seus habitats e também a sanha dos famigerados caçadores de animais silvestres.
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