O nome científico da lagosta sapateira é Scyllarus aequinoctialis.
Lagosta é um “fruto do mar” que embora não chegue a ser um caviar, apesar de também ser nobre, é capaz de frequentar diferentes ambientes gastronômicos: figura tanto na mesa rústica do pescador até os mais requintados restaurantes formadores de opinião, a preços elevadíssimos.
O termo “frutos do mar” é utilizado para denominar os indivíduos, a exceção dos peixes, extraídos das águas salgadas do mares (ou das águas doces dos rios) que podem servir de alimentos para os humanos. Alimentos, por sinal, super nutritivos, pobres em gordura saturada e ricos em proteínas, de alto teor de vitamina B e fontes úteis de minerais. São alimentos frágeis e, por isso, merecem uma atenção especial na hora de manipulá-los e prepará-los. São divididos em duas categorias: crustáceos e moluscos.
Características da Lagosta Sapateira
A lagosta sapateira é um crustáceo. Como característica, crustáceos tem seus tecidos internos protegidos por uma carapaça rígida, apresentando pares de apêndices a cada lado do corpo, como antenas e membros para locomoção. Ao todo nas lagostas são cinco pares de pernas, sendo o primeiro par, em forma de pinças, utilizado para subjugar e triturar suas presas, servindo de alimento.
Suas antenas compensam a deficiência dos seus olhos, que ficam no topo de suas cabeças, sensores em suas antenas servem para encontrar comida, identificar outras lagostas, lutar, defender-se e orienta-las em sua locomoção lenta sob o leito dos mares. Sob perigo nada de costas, dobra o abdômen, abre suas nadadeiras (urópodes) em leque utilizando sua cauda (telson) como forma de propulsão, mantendo suas antenas e patas nadadeiras (pleópodes) orientadas para frente, facilitando um rápido deslocamento.
Pode ser encontrada no período diurno escondida com o corpo oculto e antenas estendidas sob recifes de corais, cavidade de rochas ou emaranhado de algas e executam suas atividades de coleta de alimentos a noite entre a vegetação e áreas rochosas, desde que ricas em moluscos e anelídeos. Suas cores variam de acordo com a profundidade que vivem, do mais claro nas águas rasas, aos tons mais escuros, quanto maior a profundidade.
Lagostas comem qualquer animal ou planta que possa capturar, preferindo entretanto um cardápio a base de moluscos, pequenos crustáceos e animais mortos, incluindo algas, esponjas, briozoários, anelídeos, moluscos, peixes e conchas.
Reprodução da Lagosta Sapateiro
Uma lagosta fêmea põe milhares de ovos a cada vez, depositando-os em cima de espermatozoides que os machos ejaculam sobre o seu ventre. Os ovos das lagostas (centrolécitos) contém em seu interior reservas extras de nutrientes (vitelos), destinados a suprir as necessidades do embrião até que se fortaleçam, ficam grudados sob forma gelatinosa nos pleópodes da mãe até eclodirem, cerca de 20 dias depois, como uma larva semelhante a um inseto, até que depois de muitas mudas, se torna uma jovem lagosta, o que acontece vários meses depois. Dos cerca de 200.000 ovos que são produzidos pela lagosta, estima-se que menos de 1% atinja a maturidade.
A lagosta substitui seu exoesqueleto diversas vezes durante seu primeiro ano num processo chamado ecdise. As frequentes mudas nesta fase inicial da vida são justificáveis pois células reprodutivas e órgãos estão ainda em formação e demandam constante crescimento corpóreo. Neste processo uma rachadura se abre no dorso, e a lagosta se contorce para fora de sua antiga carapaça. A lagosta, sem a proteção dos seus tecidos, permanece escondida enquanto a nova carapaça se forma. Lagostas podem viver até 50 anos e continuam crescendo a vida toda. As adultas, porém, trocam de carapaça aproximadamente uma vez por ano, até cessar, quando a lagosta torna-se capaz de absorver energia extraída de sua alimentação para seu crescimento.
A temperatura e a disponibilidade de alimento são fatores que adiam ou antecipam o início do processo de ecdise, que promove o crescimento da lagosta. A insuficiente quantidade de alimento pode retardar o início deste processo, uma vez que a realização da muda demanda grande quantidade de energia, e as variações de temperatura alteram o ciclo metabólico das lagostas igualmente influenciando o início do processo. As mudas ainda servem para adaptar as lagostas a diferentes tipos de ambientes.
Consumo Legal da Lagosta Sapateira – Fotos
Considere as espécies de lagostas mais comuns em nosso litoral:
Lagosta vermelha (Panulirus argus),
Lagosta Cabo Verde (Panulirus laevicauda),
Lagostinha (Panulirus echinatus),
Lagosta-sapata ou sapateira (Scyllarides brasiliensis ou Scyllarides delfosi).
Agora imagine-se num restaurante com vista privilegiada para a Costa Verde e você saboreando uma Lagosta à Thermidor. Quem não gostaria de curtir um momento assim?
A maioria das pessoas apreciam saborear um bom pescado ou fruto do mar, principalmente acompanhado pelo desfrute de belas paisagens.
Observando estas paisagens à beira mar, seria de se imaginar, em virtude de sua vastidão, que os recursos do mar fossem infinitos. Numa viagem pra Europa, um avião, dependendo do modelo, permanece sobre águas marítimas por cerca de 12 horas ininterruptas, raciocinaria um defensor da infinitude de recursos provenientes do mar. Pena que não é verdade!
Estima-se que por conta da exploração ilegal de recursos marítimos, como a pesca predatória, já tenhamos excedido em quase 80% o limite além do que a natureza consegue suportar e renovar.
Pra continuarmos a desfrutar destas delícias, precisamos nos conscientizar e engajar nos esforços de preservação e conservação destas espécies ameaçadas, principalmente das duas primeiras de nossa lista acima, que são as mais comercializadas.
A Lei Nº 9605/98 – Art. 34º (Lei de Crimes Ambientais), estabelece que: “…pescar, transportar ou comercializar o pescado proveniente de pesca proibida é crime.
O Comitê de Gestão do Uso Sustentável de Lagostas foi criado para estabelecer normas no manejo e fiscalização da atividade pesqueira.
Entre outras ações desenvolvidas pela entidade esta a ampliação do período de defeso, que é um proibição temporária da pesca, visando a reprodução das lagostas, uma medida fundamental para a proteção e sobrevivência da espécie, entre dezembro e maio.
Não deixe de degustar sua Lagosta à Thermidor por causa disso, apenas verifique se a mesma foi pescada fora do período permitido, examine se sua lagosta tem mais de 13 cm. que é o tamanho mínimo permitido para pesca, se tiver menos provavelmente é produto de pesca ilegal, mas não deixe de saborear sua iguaria, apenas escolha um outro restaurante da próxima vez…