É muito comum ter lagartixas nas residências dos centros urbanos. Muitos não gostam da presença delas, mas são animais bastante úteis para o equilíbrio da natureza já que se alimentam de inúmeros insetos que podem se tornar verdadeiras pragas.
O que talvez poucos saibam, é que existem muitas espécies e subespécies de lagartixas além daquelas residenciais mais comuns. Dentre elas, temos as que fazem parte do gênero Rhacodactylus, e que são pertencente à família diplodactylidae (uma das mais numerosas quando se trata desses répteis).
E é sobre esse gênero tão interessante de lagartixas que falaremos a seguir.
Principais Características
As lagartixas que são classificadas dentro da categoria Rhacodactylus possuem algumas peculiaridades bem típicas, como, por exemplo, membros e dedos mais longos, com lamelas (finas estruturas que se assemelham a placas) bem desenvolvidas. Nos membros superiores, e nos dedos do pé alguns espécimes podem ter pequenas correias.
Outra característica inerente a esse gênero é a sua cauda preênsil, ou seja, adaptada para segurar objetos, possuindo também algumas lamelas para ajuda o animal em escaladas mais íngremes. Lembrando, inclusive, que essas lagartixas, em sua maioria, são arbóreas. Ressaltando ainda que são animais notadamente noturnos.
Em termos de reprodução, essas lagartixas são ovíparas, o que significa que colocam ovos com pouco desenvolvimento embrionário. Nesse caso, existem apenas duas exceções à regra, que são as espécies Rhacodactylus trachyrhynchus e Rhacodactylus trachycephalus, cuja característica é darem à luz a filhotes já formados (uma peculiaridade, inclusive, somente encontrada em lagartixas que vivem na Nova Zelândia).
Com relação à alimentação, podem comer de pequenos insetos até lagartos de pequeno porte, visto que muitas espécies são relativamente grandes em comparação à lagartixas comuns, dessas domésticas, por exemplo.
Diferenciação Entre os Sexos
Entre as lagartixas que fazem parte desse gênero, uma das coisas que mais chama a atenção a diferença entre machos e fêmeas, ou como cientificamente é chamado: são sexualmente dimórficas. Por exemplo: os machos Rhacodactylus possuem poros pré-matais bem maiores do que as fêmeas, além de terem também um bolso hemipênico bem proeminente, que é responsável por abrigar um par de órgãos externos, cuja função é comportar o esperma desses animais.
Além disso, de um modo geral, os machos desse gênero tendem a ser um pouco mais volumosos, com uma única exceção: os da espécie Rhacodactylus auriculatus, no qual eles, via de regra, são mais magros do que as fêmeas.
Algumas Espécies Interessantes
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Rhacodactylus leachianus
Vulgarmente chamada de lagartixa gigante, essa espécie aqui faz por merecer o nome popular, pois seu tamanho pode ultrapassar os 35 cm de comprimento, incluindo aí a cauda. Pelo menos, até o momento, é considerada a maior espécie de lagartixa do mundo, como uma coloração de pele que pode variar entre o verde, o cinza e o marrom.
Assim como outras lagartixas desse gênero, esta aqui também é arbórea, possuindo hábitos crepusculares, porém, aprecia sair para pegar sol durante o dia. Sua dieta é à base de insetos, aranhas, pequenos vertebrados, além de frutas, néctar e seiva das plantas.
Em termos de reprodução, as fêmeas colocam em torno de 2 ovos por vez, tendo cerca de 10 ninhadas anuais. Trata-se de uma espécie ameaçada de extinção devido ao desmatamento de seus habitats naturais.
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Rhacodactylus auriculatus
Popularmente conhecida como lagartixa-gárgula, essa espécie é encontrada apenas no extremo sul da ilha de Nova Caledônia (território francês composto por dezenas de ilhas ao sul do Pacífico). Seu nome popular se deve a protuberâncias cranianas que se parecem com chifres, o que dá a essa lagartixa uma aparência de gárgula mesmo.
Possuem cauda fina, que, como várias espécies desse tipo de réptil, regenera-se ao cair. Possuem também a capacidade de se agarrarem em trepadeiras, galhos, e mais outros tipos de obstáculos. Contudo, não são capazes de escalar superfícies simples, como vidro, por exemplo.
Mede de 18 a 22 cm de comprimento, e chega a pesar 70 gramas. Em se tratando de cores, esse animal pode ter tons de cinza, marrom, branco, amarelo, laranja e vermelho, tendo ainda padrões variados de listras e manchas.
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Rhacodactylus trachyrhynchus
O nome popular dessa aqui é lagartixa-de-bico-duro, mas também pode ser chamada de lagartixa-gigante, devido à escamas relativamente aumentadas que cobrem todo o seu focinho. Possui dedos largos, e padrões de cores manchadas, que variam entre verde acinzentado a marrom misturado com branco.
Em se tratando do tamanho, podem chegar a 19 cm de comprimento (sem a cauda, diga-se). Trata-se de uma espécie totalmente noturna, e que caça durante a noite para descansar durante o dia. Seu habitat consiste em florestas tropicas e subtropicais.
Em termos reprodutivos, essa espécie é ovovivípara, ou seja, os embriões se desenvolvem dentro dos ovos, e permanecem dentro do corpo da fêmea, até que tenham condições de eclodirem. Já com relação à alimentação, esse animal é onívoro, tendo em sua dieta insetos e frutas, mas, podendo se alimentar, eventualmente, de pequenos lagartos.
Importância das Lagartixas para o Meio Ambiente
Seja animais que pertençam ao gênero Rhacodactylus, ou mesmo as domésticas, as lagartixas desempenham um papel fundamental para o equilíbrio natural. Uma de suas maiores contribuições, por exemplo, é o controle de pragas, em especial, nas residências. São répteis que se alimentam de mosquitos, moscas, percevejos, e (claro) as tão nojentas baratas.
Não são animais que mordem ou que transmitem doenças altamente contagiosas, mas é interessante lavar as mãos caso precise tocar nelas, já que elas andam em todas as partes da casa (algumas que podem estar repletas de sujeira).
Mas, voltando à questão do controle natural de pragas que a lagartixa oferece, é bom salientar que um único animalzinho desses por comer centenas de insetos em uma única noite. Adoram ficar próximas de fontes de luz, que é onde se encontram a maior parte dos insetos dos quais se alimenta.
O ataque das lagartixas às suas presas também é bem eficiente, podendo, muitas vezes, pegar moscas e mosquitos em pleno voo. Portanto, ter lagartixas em casa pode ser uma excelente alternativa a ações de dedetização, por exemplo, além de, como já explicado anteriormente, não serem animais que façam mal ao homem (de jeito nenhum).