Imortalizado numa música de Luiz Gonzaga, o jumento-nordestino é um tipo de asno que não é bem uma espécie, e sim, um conjuntos de animais com características parecidas. Vamos aber mais a respeito dele?
Características Do Jumento-Nordestino
O jumento-nordestino, como já dissemos antes, não é uma espécies específica, e sim, um conjunto de animais que habitam a região Nordeste do Brasil (pelo menos, em sua maioria). Desde que os portugueses chagaram em nossas terras, trouxeram consigo asnos que se adaptaram perfeitamente ao ambiente daqui, desenvolvendo certas peculiaridades até se tornarem os jumentos que conhecemos hoje em dia.
Esse animal, por sinal, surgiu como uma necessidade para ser usado em trabalhos um pouco mais pesados. Foi assim que esses jumentos começaram a ficar bastante fortes e resistentes. Porém, não se sabe ao certo a origem exata do autêntico jumento-nordestino. Muitos acham, por exemplo, que ele é resultado do cruzamento de jumentos europeus e africano, mas nada confirmado.
Não há um padrão para as suas características físicas, com eles podendo ser mais altos ou baixos, ou mesmo mais parrudos ou esguios. Tanto é que a sua altura pode variar entre 90 cm e 1,10 m. A sua utilização é, basicamente para montaria, tração e animal de arado.
Em tempos passados, era um tipo de animal bastante abundante na região Nordeste, porém, a mecanização do campo tonou o uso do jumento obsoleto. Com isso, muitos animais foram soltos nos campos, passando a viverem por conta própria.
Algumas Funções Dos Jumentos-Nordestinos Para as Pessoas
Devido ao fato desse tipo de asno não ser uma raça específica, nem de ter características homogêneas entre si, as pessoas especializaram esse animal para diversos tipos de trabalho, aproveitando, em grande parte, a sua variedade genética.
Por exemplo, muitos desses animais são aptos para trabalho no arado de terras, especialmente onde as famílias não têm condições de comprar maquinário específico para esse tipo de serviço. Eles também podem servir para puxar carroças como forma de trasporte de carga. Por serem animais rústicos, mas dóceis, os jumentos-nordestinos são resistentes a esforço físico, doenças e parasitas.
Porém, fora essa questão de trabalho, esse jumento também tem uma variedade que é leiteira, pois a partir do leite extraído da fêmea dá pra se fazer um tipo de queijo bastante valorizado (em alguns casos, o quilo pode chegar a custar 3 mil reais). Existem, inclusive, criadores na região cuidando desses animais justamente com essa finalidade.
Há também outra variedade na qual a carne do animal pode ser consumida, mesmo que no Brasil não haja a cultura desse tipo de consumo, da mesma forma que não existe por aqui a cultura de comer carne de cavalo. Porém, há países onde o seu consumo é uma prática comum, a criação de exemplares com carcaça mais musculosa pode ser uma alternativa de exportação.
Há também a variedade única e exclusivamente de montaria, com animais bastante aptos a serem usados como meios de locomoção, especialmente a grandes distâncias. Além da resistências, a própria montaria neles é bem confortável.
Perigo de Extinção?
Até um tempo atrás, o jumento-nordestino não estava necessariamente ameaçado de extinção, mas a sua população vem caindo vertiginosamente ao longo desses últimos anos. Pra se ter uma ideia, somente entre 2011 e 2012, a queda populacional de equídeos (entre eles, esse tipo de jumento) sofreu uma queda de 2,7% em todo o país, sendo a queda mais acentuada no Nordeste, mais especificamente em Pernambuco (22,7%).
Nesse ritmo, é muito provável que nos próximos anos, esse jumento seja extinto (pelo menos, na região Nordeste, onde a queda populacional foi bem maior). E, isso é atribuído, em grande parte, ao avanço tecnológico no campo, onde esse equídeo era essencial no passado, mas, hoje em dia, pode ser facilmente substituído por maquinário pesado.
Porém, essa diminuição do jumento é um problema mais complexo do que se pensa. Segundo a ONG The Donkey Sanctuary, abates desses animais no Nordeste brasileiro têm se intensificado por conta da procura da China por esses animais pelo mundo. Essa mesma ONG informa que nos último 20 anos aconteceu uma grande redução desses animais na China, forçando o país a buscá-los em outros lugares, como Tanzânia, Colômbia e México.
Isso tudo sem contar o fato de que existem locais de abate cadastrados em estados como a Bahia, o que possibilita uma diminuição ainda mais drástica desse animal na região. As estimativas é que, nesse ritmo, o jumento-nordestino seja completamente extinto em mais ou menos 5 ou 6 anos.
Perigo Nas Estradas?
Além da questão o abate, outro problema enfrentado por esse tipo de jumento é o abandono. O motivo é um tanto óbvio: como o campo está cada vez mais mecanizado, o jumento, em si, não tem mais serventia para o trabalho desempenhado por muito agricultores, o que faz com que esse animais sejam soltos nas estradas.
E, soltos nas rodovias, o jumento-nordestino fica à mercê de atropelamentos, por exemplo, e este tem sido um dos motivos de maior mortandade desse animal. O problema é que há poucas opções para esse animal, na prática, pois ou ele fica confinado, ou vai para o abate. Ao mesmo tempo, soltos, sem dono, são alvos fáceis.
Isso tudo sem contar o fato de que muitos desses animais são capturados para o tráfico internacional de peles. Existem até mesmo cidades onde a entrada desses animais e proibida, restando a eles, de fato, o confinamento ou o abate. O problema é que se trata de um animal andarilho, e geralmente quando fica preso, ele fica deprimido e morre em pouco tempo.
Só que é interessante notar que, ao mesmo tempo, vêm surgindo ONG’s e outros grupos específicos com o intuito de preservarem a vida desses animais, como e o caso da ONG britânica The Donkey Sanctuary, citada no tópico anterior. Esses grupos começaram a surgir cada vez mais depois que a China mostrou interesse na exportação desses animais para servirem de alimento.
Ainda assim, mesmo com todos os esforços, o tráfico de peles e carnes de jumento persiste, e, também como já destacamos anteriormente, pode estar bem próximo o momento de uma quase extinção dele.