Existem muitos relatos de tartarugas enormes que você já deve ter visto na mídia televisiva, na internet ou mesmo pessoalmente em zoológicos pelo mundo.
E é verdade! No mundo dos quelônios existem espécies muito grandes mesmo. Sabia que aqui no Brasil tem um desses?
O Jabuti Tinga Gigante
Isso mesmo! O jabuti tinga é considerado a maior espécie de quelônio existente no território brasileiro. É considerado também o segundo maior espécie das Américas. No mundo todo, entre todas as espécies de quelônios existentes, o jabuti tinga ocupa o sexto lugar entre os maiores da espécie no planeta. O jabuti tinga costuma medir em média meio metro, mas existem registros de jabuti tinga que quase superaram um metro de comprimento. Seu nome científico é chelonoidis denticulatus, mas é conhecido por vários nomes populares diferentes pela América do Sul.
O jabuti tinga tem uma carapaça, ou topo da concha, oval alongada e marrom amarelada; ás vezes é um marrom mais escuro quase preto. O meio das escamas nessa carcaça já é de um amarelo mais claro, mas pode puxar pra o laranjo ou o castanho e mistura-se na carapaça escura.
A cabeça é relativamente pequena e mais longa que larga, com grandes olhos negros e algo como um tímpano atrás de cada olho. Os membros anteriores têm cinco garras, são longos e ligeiramente achatados. Os membros posteriores são semelhantes a elefantes com quatro garras e são cobertos em pequenas escamas coloridas como os membros anteriores. As fêmeas costumam ser maiores do que os machos. Além de uma sutil diferença na formação da carapaça entre machos e fêmeas, outra característica que ajuda a diferenciá-los está na cauda. A fêmea tem uma cauda curta e cônica, enquanto o macho tem uma cauda mais longa e mais musculosa.
Onde Vive o Jabuti Tinga
Não há muita certeza sobre qual é o local preferido do jabuti tinga se estabelecer, o seu habitat natural. Tem quem pense que o jabuti tinga gosta das pastagens e floresta seca, ficando mais nas margens de florestas tropicais. Outros pesquisadores, porém, preferem afirmar que o jabuti tinga tem preferência por florestas úmidas, adentrando mais para a densa região arbórea da mata. A verdade é que o jabuti tinga pode ser encontrado mesmo em ambos os ambientes, embora se veja mais da espécie em áreas de florestas mais secas, nos campos e nas savanas, ou nas bordas mesmo de florestas tropicais.
O som do jabuti tinga é meio engraçado. Parece um bebê rouco gemendo. Os machos também usam mais a linguagem corporal que as fêmeas. Há registros de machos se comunicando com outros machos movimentando a cabeça, inclinando-a na direção do outro. No período do acasalamento, machos também costumam balançar a cabeça continuamente pra frente e pra trás querendo chamar a atenção da parceira.
O jabuti tinga come basicamente folhas. Com essa velocidade seria difícil também ser carnívoros e capturar presas né? Sendo assim, sua dieta se resume também a gramíneas, frutas caídas no chão, plantas, cogumelos, etc. Também podem ser vistos na natureza se deliciando de carniça, ossos, excrementos, vermes, lesmas e algum outro bichinho que der mole perto da boca dele.
Em cativeiro, eles são alimentados com laranjas, maçãs, melões, endívia, couve , dentes de leão, banana, trevo, cenoura desfiada, insetos, vermes, choco, vitaminas de tartaruga, flores comestíveis e pelotas de alfafa.
Como se Reproduzem
O jabuti tinga estará na idade de acasalar, com sua maturidade sexual plenamente desenvolvida, depois dos oito ou dez anos. As fêmeas precisam desenvolver bem seu corpo para produzir ovos. Quanto maiores elas forem, mais ovos porão. A média de postura de ovos da fêmea do jabuti tinga fica em torno de 10 a 15 ovos, umas mais outras menos. Essa média é anual, embora tenha fêmeas que não costumam por ovos todo ano. Os ovos são redondos levemente ovais e bem frágeis. O tamanho desses ovos é relativo porque tem haver com o tamanho da fêmea também. Quanto maior a fêmea, maior o ovo, podendo medir três centímetros de diâmetro ou até o dobro disso. Não tem essa de ser uma mãezona super protetora não. Os filhotes já terão de se virar tão logo saiam de seus ovos, começando por comer matéria vegetal rica em cálcio.
O acasalamento geralmente ocorre no início da estação chuvosa. O macho começa com aquele lance de movimentar a cabeça pra dentro e pra fora, pra frente e pra trás, e busca identificar o cheirinho característico do ponto cloacal da fêmea. Achando a fêmea certa, ele parte pra investida, ás vezes dando umas mordiscadas na perninha dela, talvez esperando a permissão pra copular. Quando a cópula começa, a excitação do macho o faz produzir um som muito parecidos com o cacarejo de uma galinha.
Uma coisa interessante e que pode explicar porque há mais fêmeas maiores em tamanho que machos da espécie jabuti tinga, está justo aí no período do acasalamento. O jabuti tinga é do tipo nômade, sem apego a uma região a ponto de ficar só nela. E nisso os machos menores prevalecem sobre os maiores porque são mais leves e consequentemente mais móveis. Quando chega o período de acasalamento o macho menor ganha com a possibilidade de copular com um número maior de fêmeas que os machos maiores e mais pesados, de movimentos bem mais lentos. Quando porém, ocorrerem disputas pela cópula, um macho maior prevalece sobre o menor obviamente, derrubando os menores de cima das fêmeas e assumindo seu lugar e, só assim, conseguindo transmitir seus genes e passando seu tamanho maior para a prole.
Perigo de Extinção Iminente
Ameaçado pela caça em toda a sua extensão, o jabuti tinga é agora considerado vulnerável à extinção. Embora geralmente não seja o principal alvo dos caçadores, os índios da Amazônia sempre capturam essa espécie de baixa movimentação quando caçam outros animais. O jabuti é então mantido vivo até ser comido ou vendido. Enquanto a carne do jabuti tinga é a principal razão para a captura, a espécie também é valorizada como animal de estimação. A baixa taxa de crescimento, a maturidade sexual tardia e a baixa taxa reprodutiva do jabuti tinga tornam essa espécie altamente suscetível aos impactos da colheita, e agora se suspeita que o número populacional está diminuindo assustadoramente.
O jabuti tinga está listado no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES), o que significa que qualquer comércio internacional desta espécie deve ser cuidadosamente monitorado. A reprodução em cativeiro desta espécie ocorre, como tem sido relatado que muitos para venda no comércio de animais de estimação são criados em cativeiro, e há quem acredite que isso pode contribuir para reduzir a pressão sobre as populações selvagens. Apesar de sua vasta área, a América do Sul possui relativamente poucos jabutis tinga, tornando a sobrevivência desta espécie ainda mais pungente.