A história do Cocker Spaniel (e a origem dessa raça), diferentemente do que se imagina, remonta ao distante séc. XVI, na Espanha, quando eles eram cães famosos pela sua capacidade de apontar uma bela presa, com a ajuda de um faro insuperável, audição quase infalível e um senso de disciplina invejável.
O que se sabe é que, para os nobres da época, ter um Cocker Spaniel era a certeza de contar com o melhor parceiro que se poderia desejar para incursões em meio às charmosas florestas de carvalhos, abetos, pinheiros, bétulas, às originais azinheiras, além das ricas vegetações arbustivas, matagais, entre outras vegetações típicas da Península Ibérica.
Não havia espécies de texugo, castor, cervídeo, ou o que quer que se movesse, com capacidade para esconder-se deles por muito tempo. Não importa se estavam a dezenas de metros de distância, escondido entre os arbustos, comodamente protegidos em um denso matagal. Não importa! Lá estavam eles! Rápidos, corajosos e valentes, embrenhando-se em meio a um brejo, pântano ou charco de forma implacável!
E quanto à infeliz vítima? Essa, quando era descoberta, só o que lhe restava mesmo era sujeitar-se a eles, e simplesmente permanecer ali, entre os seus dentes, que se fechavam como uma espécie de mecanismo, que por nada nesse mundo poderia ser aberto, enquanto os caçadores não viessem, orgulhosos, recolher o seu prêmio.
O tempo passou e esses cães passaram por diversos cruzamentos, e um dos resultados disso foi uma diferenciação que ocorreu entre o Cocker Spaniel Inglês e o Cocker Spaniel Americano, com o primeiro caindo nas graças do povo Latino-americano, enquanto o segundo, obviamente, tornou-se bastante popular na América do Norte e em outras regiões do planeta.
Outras Curiosidades Sobre a História do Cocker Spaniel e a Origem Dessa Raça
A história dessa raça, sem dúvida, é uma das mais originais entre os cães de raças nobres atualmente reconhecidas pelos mais importantes clubes de cinofilia do mundo, entre eles, obviamente, o American Kennel Club, a referência entre as associações para o reconhecimento da pureza desses animais em todo o planeta.
Consta que, já no séc. XVII, eles eram apreciadíssimos como animais de caça, tanto é assim que chegaram a ser categorizados em dois tipos diferentes: os Cockers e os Springers. E o que se sabe é que os primeiros eram menores, e por isso mesmo mais ágeis e espertos, prestando-se bem para a caça das singulares galinholas, ou dos curiosos castores, pássaros e demais roedores.
Já os maiores, os “Springers”, eram espécies de celebridades à época! Eles eram os honrosos participantes da “caça esportiva”, que exigia, não só agilidade e perspicácia como também mandíbulas poderosas; suficientemente poderosas para conter espécies de cervídeos, javalis, porcos-do-mato, entre outras espécies de maior porte, que só mesmo os Springers poderiam dar conta.
A raça seguiu transformando-se ou aperfeiçoando-se. Houve uma primeira diferenciação ou descrição no final do séc. XIX, em que algumas passaram a ser consideradas raças impuras – não passavam de variações ou mesclas com outras raças à parte. O que se queria eram os autênticos cães Cockers Spaniels!
E, para isso, precisou ser criado o famoso Cocker Spaniel Club, cujo objetivo era o de garantir a pureza da raça, e, além disso, diferenciá-la da raça que já estava sendo criada nos Estados Unidos depois da chegada por lá dos Cockers Spaniels Ingleses (o Cocker Spaniel Americano), que era apenas e tão somente uma mescla com outras raças nativas da Terra do Tio Sam.
As Singularidades das Origens e da História do Cocker Spaniel
Sobre esse surgimento da raça Americana, cabe aqui chamar a atenção para o curioso trabalho de cruzamento que resultou em um animal com caracteres bastante distintos; poderíamos mesmo dizer que eram agora raças completamente diferentes, tanto na aparência física quanto na personalidade.
Fisicamente, o Americano é inconfundível! Um crânio um pouco mais quadrado, orelhas mais discretas, além da sua marca registrada: uma pelagem tosada na forma de uma saia, não deixam dúvidas tratar-se de uma raça à parte oriunda dos tradicionais cães Cockers Spaniels Ingleses.
Porém ambos mantiveram as suas características de excelentes farejadores, dispostos, cheios de energia, prontos para fazerem a festa a um só sinal.
Tudo bem que os Americanos podem apresentar-se um pouco mais sisudos, desconfiados; daqueles que gostam de avaliar primeiro o visitante, a fim de certificar-se de que não há ali perigo algum.
Mas, de um modo geral, o resultado desses diversos processos de cruzamento dos cães Cockers Spaniels é que as singularidades concernentes às origens e história dessa raça mantiveram-se intactas. Apesar das modificações, segue uma raça nobre de cães atentos e espertos como poucos dentro dessa família Canídae.
E que só requerem mesmo atenção às características da sua pelagem; exuberantes e abundantes; além de algumas especificidades relativas à sua saúde, como os conhecidos problemas auditivos aos quais eles estão bastante sujeitos, além de transtornos de visão, problemas de coluna, deslocamento de patela (a rótula do joelho), entre outros distúrbios geralmente ligados ao avançar da idade.
Principais Características Dessa Raça
Uma diferença marcante entre o Cocker Spaniel Inglês e o Americano pode ser identificada nas suas pelagens. O primeiro a possui mais discreta, sem deixar de ser volumosa. Já os Americanos, quanto a isso, são inconfundíveis! Basta apreciar a sua singular “saia”, produzida por meio de uma tosa artística da sua pelagem.
Já quanto à saúde, algumas especificidades os caracterizam. Os Ingleses, por exemplo, são mais propensos à obesidade que os Americanos; por isso mesmo são mais exigentes quanto à alimentação, que costuma ser um dos fatores mais importantes para a manutenção dessa raça com todas as suas principais características.
Os Ingleses também podem apresentar, com o avançar da idade, a famigerada Displasia Coxofemoral, que consiste numa desproporcionalidade entre o desenvolvimento da massa óssea e da muscular na região do quadril, que geralmente manifesta-se na dificuldade do animal para se locomover.
Os Americanos, por seu turno, são menos propensos à doenças, mas, assim como os ingleses, não estão livres de transtornos auditivos, e, no seu caso, do deslocamento de patela (a rótula do joelho), além de transtornos de visão e desvio de coluna, que também costumam alcançá-los a partir de certa idade.
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