O saola é um bovino bastante peculiar, e que fica muito restrito em pouquíssimos lugares. Na realidade, ele só é encontrado em algumas poucas localidades no mundo.
No próximo texto, vamos dizer onde eles vivem, e mais algumas curiosidades a respeito desse animal.
Habitats do saola
De nome científico Pseudoryx nghetinhensis, e também chamado de boi-de-Vu-Quang, este bovino possui uma distribuição bastante restrita, somente sendo encontrado em duas localidades: no Vietnã e no Laos (país do sudoeste asiático). Sua presença na natureza é tão ínfima que até mesmo existe uma Reserva Natural de Vu Quang, uma zona semi-protegida para que esses animais possam viver livres.
Não é à toa que se trata de um dos mamíferos mais raros do mundo, e que mesmo nessa reserva, é um pouco difícil de encontrá-lo. O seu nome popular (saola), por sinal, significa simplesmente “chifres no Vietnã”. Já o segundo nome científico desse animal (nghetinhensis) faz referência a duas províncias do Vietnã (Nghe An e Ha Tinh), enquanto que o primeiro nome (Pseudoryx) quer dizer simplesmente “falso ónix”.
Em termos de habitat, esse bovino pode ser encontrado em florestas que ficam no Monte Annamite que estejam em altitudes elevadas, ou mesmo no leste da Indochina seca. Também pode ser localizado em habitats como florestas de monções. São vistos com certa frequência em vales bem íngremes, que possuem cerca de 300 a 1.800 metros de altitude.
Importante frisar que todos esses lugares ficam bem longe de assentamentos humanos, sendo locais com plantas arbustivas ou mistas, e florestas decíduas. De um modo geral, a espécie parece preferir zonas de borda das florestas dos habitats onde vivem.
Características gerais do animal
Em termos de tamanho, o saola possui cerca de 85 cm de altura, e pesa .não mais do que 90 kg. Já a sua pelagem tem uma coloração castanho-escura, tendo uma faixa preta que se prolonga no decorrer de suas costas. Suas perna, por sinal, são bem escuras, possuindo algumas manchas brancas nos pés. Além disso, possuem listras brancas na parte vertical da face. Todos os espécimes de saolas possuem um tipo de chifre que fica curvado para trás.
Não se sabe ao certo se são animais solitários ou se vivem em grupos. Alguns, por exemplo, relataram que avistaram saolas em duplas ou até em trios vagando nas regiões onde habitam, mas nunca em grupos maiores do que isso. São animais que, inclusive, demarcam seu território por meio de uma abertura de retalho que fica em seu focinho, e que secreta um líquido com odor característico.
Já no que se refere à alimentação, trata-se de um herbívoro que come pequenos vegetais folhosos (especialmente, figueiras), que ficam localizados no decorrer de rios. Por ter uma arcada dentária relativamente pequena em relação a outros bovinos, o saola sempre procurar alimentos fáceis de mastigar, e que não demandem muito esforço.
Com relação à criação em cativeiro, até hoje, pelo menos, todos os animais criados em zoológicos morreram muito cedo, sem nenhuma explicação lógica que pudesse comprovar o que, de fato, aconteceu. O que muitos acreditam é que pelo fato dessas animais viverem em áreas muito pequenas e restritas, eles sejam muito mais vulneráveis a mudanças de climas e habitas do que outros seres criados em cativeiro.
Como se dá a reprodução dos saolas?
A gestação desse animal é de aproximadamente 9 meses (sendo muito parecida com a dos seres humanos, nesse sentido), o que também contribui para problemas na preservação do saola, já que poucos animais nascem no decorrer dos anos. Também existe a questão da falta de habitats adequados para abrigar esse bicho, visto que ele está perfeitamente adaptado a poucos tipos de ambientes, apenas.
Inclusive, a maioria das informações que os cientistas têm a respeito da reprodução desse animal são oriundas de uma fêmea que conseguiu ficar grávida em cativeiro, e que vivia no norte do Laos. Dados coletados a partir disso sugerem que esse bovino é um “reprodutor de temporada”, digamos assim, com o acasalamento acontecendo entre os meses de agosto e de novembro.
Nesse caso, os nascimentos provavelmente acontecem para coincidir com o início das monções, o que se dá a partir do final de abril, maio ou até mesmo junho, especificamente no Laos.
E, quanto ao comércio ilegal de materiais oriundos desse animal?
De acordo com entrevistas informais realizadas com caçadores não-identificados na Reserva Natural de Pu Huong, estima-se que cerca de 30 saolas foram mortas entre os nos de 1995 e 2003, o que acaba sendo muito em decorrência da baixíssima natalidade desse animal. Em certas aldeias localizadas no Vietnã, por exemplo, caçadores costumavam matar três animais desses por ano.
Pelo menos no Vietnã, a grande maioria dos animais mortos foram caçados na temporada de inverno, já que é nessa estação que os saolas estão mais acessíveis e fáceis de serem localizados. Ou seja, a principal ameaça à sobrevivência desse bovino na natureza é a caça ilegal, que mesmo tendo diminuído nos últimos anos, continua fazendo com que a população desses animais decaia com o passar desse tempo.
Bom ressaltar ainda que esse animal faz parte de uma lucrativa demanda medicinal da indústria chinesa, o que agrava ainda mais a questão da possibilidade de extinção do saola. Isso sem contar a expansão territorial das pessoas ao longo das regiões onde esse animal habita, bem como o comércio de países vizinhos, têm na carne desse animal um certo atrativo, e que faz com que não somente o saola, como outros animais, fiquem ameaçados.
Lembrando que o saola só foi descoberto pela ciência em meados de 1992, e os poucos estudos relacionados a esse animal já comprovam que a sua população diminuiu muito desse ano de sua descoberta pra cá. E, também como bem dissemos, é difícil manter esse bovino em cativeiro, visto a sua vulnerabilidade orgânica em relação a ambientes muitos diferentes dos seus.
Por isso, esse bovino é listado como Criticamente Ameaçado na Lista Vermelha da IUCN, ou seja, é considerado extremamente ameaçado de extinção no decorrer dos próximos anos, caso não se faça algo a respeito para dimunir, entre outras coisas, a demanda de países vizinhos, como a China, desse animal.