Comunidades Biológicas: Conjuntos de Espécies
Em estudos de ecologia, é sabido que o agrupamento de indivíduos de uma mesma espécie é chamado de população, e respectivo conjunto de diferentes populações configura aquilo que chamamos de comunidade biológica.
O conceito de espécie, basicamente, se resume a indivíduos que compartilham similaridade entre suas características morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e genéticas, esta última sendo um dos conceitos mais sensível utilizado para caracterizar membros de uma mesma espécie.
Um exemplo de classificação genética, não necessariamente algum teste molecular feito em laboratório: caso dois indivíduos – seja animal ou vegetal, considerando apenas que exista dimorfismo sexual e reprodução sexuada – que fecundem descentes férteis, estes que também conseguirão gerar descendentes férteis, já é uma informação sólida para concluir que todos estes compõem uma mesma espécie.
O termo comunidade normalmente é utilizado em inquéritos ecológicos e estudos de espécies em áreas naturais, para isso sendo importantes ferramentas que produzem dados quantitativos e taxas de biodiversidade, estes sendo atualmente significativos indicadores usados para estudos de preservação, conservação e sustentabilidade.
A Paisagem Natural sob o Domínio Humano
Ao pensarmos um pouco – até de maneira intuitiva, sem necessariamente utilizarmos termos técnicos ou didáticos da biologia – se espera encontrar uma maior biodiversidade de espécies em áreas naturais do que as paisagens artificiais, estas pesadamente modificadas pelo ser humano.
A afirmação é válida, pois ao diminuir gradativamente os habitats naturais (substituindo-os por avenidas e arranha-céus), automaticamente também se modifica a composição dos animais e dos vegetais autóctones da região, por assim diminuindo também demais representantes de outros grupos de seres vivos (sejam os micro-organismos, estes podendo ser de vida livre e parasitas obrigatórios ou facultativos como bactérias e protozoários; sejam ainda os macros organismos, como os fungos, sem contar os acelulares, como os vírus, os quais podem até originar perigosos patógenos para os humanos, como o HIV e o Zika vírus).
Tal fenômeno de diminuição da biodiversidade por ação antrópica faz com que a comunidade de espécie atingidas tornam-se mais pobre, menos diversa, o que consequentemente gera os desiquilíbrios ambientais e ecológicos: o exemplo aqui são as pragas urbanas, pois se uma floresta ou savana é substituída por uma grande cidade, enquanto toda uma gama de animais e vegetais serão extintos, o novo ambiente favorecerá o aparecimento de ratos, baratas, mosquitos e tantos outros vetores de doenças, que nos causam prejuízo econômico e na saúde pública.
Por isso que preservar e entender a biodiversidade não se resume a apenas contemplar a maravilhosa criação, de um ponto de vista estético ou lúdico: a necessidade é muito mais profunda, e entender como se configuram e como se comportam as dinâmicas das populações e comunidades é antes de tudo preservar a nós mesmos.
Os Aspectos Climáticos e Ambientais e a Biodiversidade
Se os aspectos ambientais definem a diversidade da comunidade biológica, espera-se assim que os diferentes tipos de ambientes resultem em diferentes composições de espécies.
O exemplo para ilustrar – que podemos pegar no nosso próprio país, já que este apresenta dimensões continentais – é entre a nossa maior floresta tropical localizada ao norte, e os nossos campos gerais no sul.
Há uma evidente diferença paisagística entre ambos os biomas: a Amazônia é considerada o maior bioma dentre os trópicos, agregando a maior quantidade de animais reportados por cientistas e pesquisadores, com um valor estimado de possuir 20% da biodiversidade do planeta Terra (considere ainda que mais da metade das espécies endêmica na região amazônica não foram identificadas); já os pampas, nome dado ao bioma presente ao sul do país, abrangendo o Rio Grade do Sul (e também quase todo Uruguai e o nordeste da Argentina), apresenta um número bem menor de espécies identificadas, assim como a ausência de largas e densas florestas, tendo uma vegetação mais rasteira, sendo tão “limpa” que os seus campos são bem adaptáveis à criação de gado bovino, algo bem enraizado na cultura local (entretanto este mesmo tipos de criação de gado está sendo responsável pelo desmatamento da Amazônia).
O que define as características do bioma são justamente os aspectos climáticos e, respectivamente, ambientais: a Amazônia está localizada sob a linha do Equador, em meio a zona tropical, fazendo assim que elevada umidade e temperatura sejam mais frequentes – isso aliado à uma complexa rede hidrográfica – dando condições ao desenvolvimento de uma vegetação mais densa (com árvores centenárias), e propiciando a adaptação de uma cadeia ecológica associada, desde mosquitos que se alimentam de néctar de flores e sangue de primatas, até felinos carnívoros de grande porte.
Os campos do sul, por serem afastados da linha do Equador, assim estando fora da zona tropical, possuem maior oscilações quanto a sua temperatura, apresentando climas mais frios e secos, isto refletindo em uma vegetação menor, composta por gramíneas e árvores de menor porte, apresentando consequentemente um bioma com menor quantidade de animais (em especial de invertebrados, já que baixas temperaturas são um importante fator limitante deste tipo de animais).
Vale ressaltar que não necessariamente um clima frio e seco gerará arvores de pequeno porte, vide as florestas de taigas.
Catalogar Espécies e Comunidades é Um Trabalho Necessário
Considerando que diferentes biomas apresentam diferentes composições quanto suas comunidades biológicas, e ainda que a expansão da fronteira humana faz com estas comunidades se alterem significativamente (para pior, já que a biodiversidade diminui), é fundamental os estudos de ecologistas que visam identificar quais as espécies presentes nas comunidades naturais.
Seja para plantas ou animais (estes invertebrados ou vertebrados), e não se limitando apenas nelas (já que muitos fungos têm propriedades médicas, assim como as vigilâncias de doenças infecciosas investigam animais reservatórios de vírus e outros microrganismos), o trabalho de catalogação de espécies selvagens exige paciência e pode ser bastante desgastante, porém extremamente nobre.
Claro que, para tal, o pesquisador deve ter conhecimentos metodológicos de como irá identificar a espécie em questão: se for um botânico, ele deverá possuir uma metodologia específica de busca e analise de suas plantas, o que irá diferenciar de um entomologista que procura espécies de mosquitos, o qual também difere de um zoólogo que irá estudar o comportamento de uma matilha de lobos, e assim sucessivamente.
O Habitat do Lobo Ibérico
A Europa difere consideravelmente do Brasil e da América do Sul, considerando que a porção oriental é apenas uma península do grande continente eurasiano.
Entretanto, por mesmo ser o berço da civilização ocidental e apresentar as primeiras revoluções culturais, científicas e industriais, ao mesmo tempo que ocorreu alguma degradação do ambiente, muitas metodologias de preservação e conservação ambiental surgiram naquele continente, por assim os cientistas e pesquisadores da região puderam catalogar exaustivamente as espécies endêmicas europeias.
Há ainda de se considerar que o continente é montanhoso (os Alpes), afastado da linha do Equador, apresentando assim clima temperado, com baixíssimas temperaturas nos períodos de inverno.
Um dos animais mais imponentes catalogados foi o lobo ibérico, presente nas regiões norte de Portugal e Espanha, caracterizado por florestas temperadas, com significativa umidade quando comparado com países mais ao norte.
O lobo ibérico foi amplamente caçado desde os tempos remotos, devido seu comportamento agressivo, comumente atacando criações de animais para abate, assim também como até alguns seres humanos.
Assim como tantos outros biomas do mundo, devido à expansão da fronteira humana houve alguma redução das populações de lobos ibéricos, isto associado a atividades ligados à sua caça, entretanto movimentos conservacionistas e a própria legislação da Espanha e de Portugal trazerem meios legais para a proteção deste lupino.